Estudou
nos EUA e atuou boa parte da carreira em Fortaleza, Ceará.
Joaquim
Antonio Alves Ribeiro era natural da cidade de Icó - CE e foi o primeiro
brasileiro a se formar em medicina na Universidade Harvard, nos EUA.
Após
concluir o curso de medicina em 1853 nos Estados Unidos, Dr. Alves Ribeiro
voltou ao Brasil para exercer a profissão em seu país. Aqui, passou por volta
de quatro anos trabalhando na cidade do Recife, posteriormente, permaneceu
provavelmente um ano no interior do Rio Grande do Norte, para, só então, no
final de 1858, retornar definitivamente à cidade de Fortaleza. Ao regressar ao
Ceará, ele foi nomeado “médico da pobreza”, ou seja, o médico pago pelo governo
provincial para cuidar dos doentes desprovidos de recursos, pois não havia nem
na cidade e nem na província, naquele momento, um hospital público para cuidar
e tratar dos doentes. Somente em 1861 houve a inauguração da Santa Casa de Misericórdia
de Fortaleza, o primeiro hospital do Ceará. Dr. Joaquim Antonio Alves Ribeiro
foi o primeiro médico dessa instituição.
Ao
mesmo tempo em que desenvolveu sua atividade profissional como médico da Santa
Casa de Fortaleza, o cearense formando nos Estados Unidos deu sequência aos
seus estudos com foco em história natural, criando nesse influxo, um museu
particular de história natural. Inicialmente, o museu era uma coleção privada,
vindo a ser doada à Província do Ceará, que a recebeu com certa relutância. Foi
ainda, o museu particular do Dr. Alves Ribeiro que originou o primeiro museu
oficial da Província do Ceará. De forma bastante resumida, essa foi a
trajetória profissional do sujeito que montou o primeiro museu do Ceará, o
Museu de História Natural no Ceará, iniciado nos últimos anos da década de
1850. Diversos aspectos dessa intrigante história chamam a nossa atenção,
dentre elas, a ausência de pesquisas e registros históricos mais precisos tanto
acerca do criador quanto da própria instalação. O fato ganha maior relevo
sobretudo se levarmos em consideração que os museus de história natural, no
século XIX.
O Dr.
Alves Ribeiro publicou um livro para auxiliar o trabalho das parteiras e criou
uma das primeiras publicações médicas-científicas do país, com o título A Lancêta,
numa provável alusão ao tradicional periódico científico inglês The Lancet.
O
médico fundou o primeiro museu do Ceará, a partir de uma coleção de objetos de
história natural, fósseis, penas, pedras… que acumulou durante a sua vida.
Apesar desses feitos, a trajetória de Alves Ribeiro passou, praticamente, sem chamar a atenção de quase ninguém por mais de um século e meio por fatos e contextos que, em diferentes níveis, afetaram e ainda afetam o Ceará, o Brasil e o mundo.
UM POUCO SOBRE ALVES RIBEIRO
Joaquim
Antonio Alves Ribeiro, nascido em 1830, na cidade de Icó, no interior sul do
Ceará e falecido em 1875 na cidade de Fortaleza, capital do estado. Formou-se
em medicina pela Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, em 1853;
voltou ao Ceará após a conclusão do curso e foi contratado pelo governo
provincial para ser o médico da Santa Casa de Misericórdia.
Simultaneamente
às suas atividades médicos-profissionais, constituiu uma coleção pessoal de
objetos de história natural, inicialmente para estudos próprios. Doadas,
posteriormente, à Província do Ceará, as peças por ele coletadas serviram de
base para a criação do Gabinete de História Natural ou Museu Cearense de História Natural, no
início dos anos de 1870, o primeiro museu do Ceará. Ainda em Fortaleza, editou
o periódico médico-científico A Lancêta, o primeiro do gênero na Província.
Além disso, entre outras, participou como representante oficial da comissão
brasileira que representou o país na Exposição Universal de 1873, na Áustria;
realizou estudos sobre a qualidade das águas do açude Pajeú; coletou plantas,
animais e minerais para suas pesquisas; trocou correspondência com instituições
científicas, jornais e intelectuais dentro e fora do Brasil; importou
equipamentos e técnicas em moda no Estados Unidos e na Europa para aplicá-las
no Ceará.
Mesmo
com a extensa lista de realizações o Dr. Alves Ribeiro e suas atividades
científicas continuam sendo praticamente desconhecidas dentro e fora do Ceará.
FONTE: Antes do Sol Matar a
Flor: Joaquim Antonio Alves Ribeiro, o Gabinete de História Natural e a Ciência
no Ceará, segunda metade do século XIX. Tese de Eduardo Henrique Barbosa de
Vasconcelos apresentada ao Programa de Pós-graduação em História do Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História.
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