Uma seleção de trabalhos de grandes
nomes nacionais será colocada em diálogo com as obras dos dois artistas
Abertura: 20 de junho de 2024, às 19h
(convidados)
Em cartaz até 15 de setembro de 2024
Ministério da Cultura, Bradesco e Instituto Tomie Ohtake apresentam a exposição Calder + Miró, que evidencia a ligação entre os trabalhos do escultor norte-americano Alexander Calder, 1898-1976 e do espanhol Joan Miró, 1893-1983, assim como os desdobramentos dessa amizade na cena artística brasileira. A presente exposição, que já esteve em cartaz no Instituto Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, em 2022, chega a São Paulo com novidades. Com curadoria de Max Perlingeiro, acompanhado pelas pesquisas de Paulo Venâncio Filho, Roberta Saraiva e Valéria Lamego, a mostra traz cerca de 150 peças – entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, móbiles, stabiles, maquetes, edições, fotografias e jóias. Ao conjunto originalmente exibido na exposição carioca, soma-se uma obra monumental de Calder, além de trabalhos de Tomie Ohtake entre a seleção de artistas nacionais. A exposição conta com o patrocínio do Bradesco na Cota Apresenta, Aché Laboratórios e Dasa com Patrocínio Institucional, Embaixada e Consulados da Espanha no Brasil e Iguatemi na Cota Apoio, através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura e Governo Federal União e Reconstrução.
Ocupando quase todos os espaços expositivos do Instituto Tomie Ohtake, a mostra contempla a amizade entre um dos principais escultores modernos e um dos mais famosos pintores surrealistas. De origens distintas – Calder era norte-americano e Miró espanhol – os dois desenvolveram uma notável amizade iniciada em 1928, quando ambos viviam em Paris. A relação permaneceu profunda até a morte do escultor, em 1976. “Historicamente, a ligação entre os dois artistas foi objeto de estudo de pesquisadores, com resultados surpreendentes, embora romanceada na maioria das vezes, e, ao longo de décadas, realizaram-se inúmeras mostras e publicações. É o que chamo de 'a estética de uma amizade' ", observa Perlingeiro.
De maneira livre e espontânea, Miró combinava formas orgânicas, cores vibrantes e símbolos enigmáticos, criando uma atmosfera única e intrigante. Esses elementos muito presentes em suas obras, também aparecem no trabalho de Calder, estabelecendo uma relação íntima entre ambas as produções e, por consequência, uma das grandes contribuições para a abstração do século 20. Articulados em pontos de equilíbrio estável, os móbiles de Calder são objetos que fazem um movimento sutil provocado pela passagem de ar. Já os stabiles são esculturas sempre apoiadas no chão. Feitas com o intuito de serem grandiosas e dinâmicas, grande parte das obras públicas do artista são stabiles espalhadas por diversos países.
No Brasil, as obras destes artistas apresentam importantes desdobramentos nos debates estéticos e produções artísticas que, a partir da década de 1940, passaram a pautar a abstração de maneira mais enfática. A relevância das contribuições de Calder e Miró no contexto nacional se mostra, ainda, na larga presença de seus trabalhos em coleções brasileiras para esta exposição, todas as obras apresentadas são provenientes de coleções públicas e privadas do Brasil.
À frente do núcleo de artistas brasileiros apresentado na mostra, Paulo Venancio Filho selecionou trabalhos de nomes consagrados e influenciados direta ou indiretamente pelas produções de Calder e Miró, como Abraham Palatnik; Aluísio Carvão; Antonio Bandeira; Arthur Luiz Piza; Franz Weissmann; Hélio Oiticica; Ione Saldanha; Ivan Serpa; Mary Vieira; Milton Dacosta; Mira Schendel; Oscar Niemeyer; Sérvulo Esmeraldo; Tomie Ohtake e Waldemar Cordeiro. Como afirma Venâncio Filho: “ Em ambos, Calder e Miró, a abstração não obedecia a um programa pré-determinado. Estava, antes, fundada na intuição e na imaginação e, portanto, aberta ao instável, ao acaso, ao indeterminado algumas das características que, não por acaso, vamos encontrar no construtivismo brasileiro a partir dos anos 1950 e que vão estabelecer nossa contribuição original à arte abstrata, particularmente na relação entre forma e cor.”, comenta o curador.
Emprestada pelo Instituto de Arquitetos
do Brasil – São Paulo, IAB-SP especialmente para a exposição paulistana, a obra
Viúva Negra, Black Widow, com 3,5 metros de altura e 2 metros de largura, terá
uma sala exclusiva. A escultura foi restaurada em 2015 pela Calder Foundation,
New York, por ocasião de uma retrospectiva do artista na Tate Modern, em
Londres. Criada em 1948, a obra foi exposta no Brasil duas vezes neste mesmo
ano. Já em 1954, foi doada pelo artista ao IAB/SP, em agradecimento ao apoio na
realização das exposições.
A RELAÇÃO COM O BRASIL
Calder visitou o Brasil pela primeira vez em 1948, quando foram realizadas exposições individuais no Rio de Janeiro, no atual Edifício Gustavo Capanema e em São Paulo (MASP). Intermediada pelos arquitetos Henrique Mindlin, 1911–1971 e Rino Levi, 1901–1965, a correspondência entre Calder e Pietro Maria Bardi, 1900–1999, então diretor do MASP, registrou o interesse deste museu em receber os trabalhos do artista, que naquela época já era uma referência central para a escultura moderna. Para Bardi, a mostra seria o encontro das “equações de cor, forma e equilíbrio” de Calder no país em que “o balão de São João, de cores e formas as mais curiosas, constitui um anseio abstracionista”.
No contexto de suas primeiras mostras no Brasil, a crítica nacional já considerava Calder o “arquiteto das formas móveis”, e as noções de movimento, forma e ritmo presentes em sua obra permearam o pensamento de toda uma geração de arquitetos brasileiros. O artista voltaria ao país mais duas vezes, estabelecendo amizade com artistas, críticos e arquitetos brasileiros. Mário Pedrosa 1900-1981, com quem manteve uma relação mais duradoura, foi um dos críticos que mais escreveu sobre o escultor.
Já Miró, mesmo sem nunca ter visitado
o Brasil, estabeleceu vínculo com o país desde que conheceu e tornou-se amigo
do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, 1920-1999, que chegou a
Barcelona em 1947 para servir como vice-cônsul. A relação do artista espanhol
com este e outros poetas ganha destaque na exposição. Uma das salas conta com
vitrines e monitores com versão animada de seis obras gráficas de Miró, quatro
das quais em colaboração com poetas, como o romeno Tristan Tzara, 1896-1963, os
franceses René Crevel, 1900-1935 e Robert Desnos, 1900-1945, além do autor
pernambucano.
PROGRAMAÇÃO PÚBLICA
Acompanhando todo o período expositivo de Calder+Miró, o Instituto Tomie Ohtake oferece uma programação pública inteiramente gratuita e destinada a públicos diversos. Instigadas pelas obras e pelos processos criativos dos artistas, as diferentes atividades incluirão ativações, oficinas práticas – como de desenho de observação em movimento –, uma programação voltada à exploração sonora das obras, bem como cursos e rodas de conversa que exploram temas como a relação entre vanguarda brasileira e a abstração - incluindo um curso de dois dias sobre arte abstrata no Brasil, o encontro entre arquitetura e artes visuais no Brasil, e a produção de artistas contemporâneos.
Ainda, o Instituto promoverá uma série
de ações voltadas especialmente à educação, oferecendo uma programação de
abertura para professores da rede pública, um ciclo de conversas que discutirá
a intersecção entre arte e educação, além das visitas mediadas e visitas
ateliês oferecidas à escolas e outras instituições. As datas da programação
pública serão divulgadas nas semanas pré-abertura da exposição através do site
e das redes sociais do Instituto.
Exposição:
Calder + Miró
Curadoria: Max Perlingeiro
Abertura: 20 de junho, às 19h
(convidados)
Em cartaz até 15 de setembro de 2024
De terça a domingo, das 11h às 19h –
entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua
Coropé, 88) - Pinheiros SP
Metrô mais próximo - Estação Faria
Lima/Linha 4 – amarela
Fone: 11 2245 1900
Site: www.institutotomieohtake.org.br
Facebook:
facebook.com/inst.tomie.ohtake
Instagram: @institutotomieohtake
Youtube: www.youtube.com/@tomieohtake
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