A VOZ DE DEUS
Ó rosas que baixais as castas frontes
Quando, à tarde, vos beija o sol poente,
Dizei-me que murmúrios vos segreda
O sol que vos beija docemente?...
Ó Luar cristalino e abençoado
Porque entristeces tu em noites belas
Quando chora baixinho o rouxinol
Um choro só ouvido pelas estrelas?...
Mistério das coisas! Em tudo existe
Um coração que sente e que palpita
Desde o sol rubro até à urze triste!
Ó mistério das coisas! Voz de Deus
Em tudo eternamente sê bendita
Na terra imensa assim como nos céus!
Florbela Espanca in livro: Trocando Olhares.
A poetisa Florbela Espanca com caráter sentimental,
confessional, sempre marcado pela sua paixão e sua voz feminina, fato este que
a tornou a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura
portuguesa do século XX.
Caracterizada por um forte teor confessional. Sua poesia é
densa, forte. Seus temas prediletos foram amor, saudade, sofrimento, solidão e
morte, sempre em busca da felicidade. Escreveu inúmeros poemas, contos e
cartas, mas foi no soneto que encontrou o melhor caminho para sua expressão
poética.
Não se sentia atraída por causas sociais, preferindo
exprimir em seus poemas os acontecimentos que diziam respeito à sua condição
sentimental. Aliás, não fez parte de nenhum movimento literário, embora seu
estilo lembrasse muito os poetas românticos. Imortalizada por seus paradigmas.
Da editoria do Focus
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