quarta-feira, 18 de maio de 2022

NO DIA 16 DE MAIO DE 2022 AS ACADÊMICAS: CONCITA CORDEIRO, LEDA MENDES JORGE E MARIA OTÍLIA CAMILLO TOMARAM POSSE COMO TITULARES NA ANBA – ACADEMIA NITEROIENSE DE BELAS ARTES, LETRAS E CIÊNCIAS.

 





A solenidade aconteceu na Câmara Municipal de Niterói. Estiveram presentes diversos segmentos da cultura niteroiense. O Acadêmico e escritor Jordão Pablo de Pão foi convidado pela Concita para ser o seu padrinho. E convite aceito e com muito cavalheirismo, algo que lhe é peculiar, por intermédio de seu discurso representou as outras acadêmicas também empossadas.

 

VEJA AS PALAVRAS DE JORDÃO PABLO DE PÃO

 

Prezado Presidente Nacional e Internacional da Academia Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências, Edson Carvalho de Luna Freire,

Prezados integrantes da mesa diretora,

Prezados membros da Academia Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências,

 

Prezada amiga artista Concita Cordeiro, Agradeço, em primeiro, a possibilidade de atribuir voz a essa investidura de imortalidade. Honrosamente, com a permissão do estimado presidente da ANBA, torno-me, nesta tarde, padrinho acadêmico da queridíssima Concita Cordeiro. Como membro titular da Academia Niteroiense de Letras, saúdo a fraternidade entre as instituições acadêmicas.

 

Concita Cordeiro é, em verdade, Conceição. Mulher de fibra, que deixou em sua Teresina, lá no Piauí, afeto e boas histórias, mas que se fez, no Rio de Janeiro, à guisa de arte e de profunda empatia pelo ser humano.

 

Concita nasceu em 5 de agosto de 1949, filha de Vidal da Penha Ferreira e de Zuleide Soares Cordeiro Ferreira. O pai, poeta do viver, traz em seus passos o caminho e o carinho com a linguagem. Hoje é celebrado nesta Cadeira 14, ocupada pela filha na Academia Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências. A mãe, terna senhora de encontros e desencontros, trouxe para a filha a beleza de ser, ainda que sobrevivente. - Eu tenho certeza, estimada poeta, de que seus netos Gustavo, Lucas e Nicolas ganhariam muito ao conhecê-los.

 

Estamos celebrando nessa data a urgência da arte que transforma, que cria possibilidade de mundos novos e que, de certa forma, apazigua. Contadora, jornalista, poeta, artista plástica, cantora, cozinheira de pudim único, fotógrafa botânica, miss Teresina em 1970 são alguns dos títulos que podemos atribuir à, agora, imortal Concita Cordeiro. Nessa terra de Arariboia, nas Águas Escondidas, reside há quarenta anos. Niterói ganha com uma vivência dessas. No miúdo de viver, a lupa de Chronos se chama arte, tão universal quanto local - e (por que não?) individual.

 

Tive a honra de fazer nascer, tal qual uma parteira amiga e amada, sua primeira obra individual literária: o livreto “Olhar Esmeralda”, em 2021. Não satisfeita de me escolher como editor e curador, atribuiu a mim e a Vini Borges o prestigioso ofício de escrever o prefácio. Lá está:

 

“Mulher de olhar faiscante como a verdade nua, segue frondosa essa roseira de ser, que a vida se abre em tom esmeralda. Singelo gesto de quem sorri com os olhos e se faz o enigma. Essa publicação poderia ter uma capa azul imperador, como portal de um livro que conta uma história tão rica em acontecimentos, mas sorri com a facilidade de uma criança a esculpir sua infância cravada em cada olhar. As linhas pedem sua escrita tão materna e tão filha do seu próprio existir.”

 

(PÃO, Jordão Pablo de; BORGES, Vini.”Olhares”. In: CORDEIRO, Concita. “Olhar Esmeralda”. Niterói: Edições Delicadeza, 2021)

 

Os versos de Concita Cordeiro nos colocam em um trabalho de humanização do olhar. É uma tessitura densamente delicada, com o paradoxo que essa expressão guarda, para entoar uma das frentes em que se serviram tantos nomes de nossa literatura. É o mesmo lócus em que trabalham Clarice, Cecília, Lygia, Manoel de Barros, Carpinejar, João Cabral de Melo Neto, Bessa e, mais perto de nós, Beatriz Chacon, Leda Mendes Jorge Aidar e Maria Otília Marques Camillo - as duas últimas também tomam posse nessa sessão e recebem minha saudação.

 

A neoacadêmica participou de diversas obras literárias coletivas como “Sou Ser Poeta” (2004), algumas antologias comemorativas do movimento Um Brinde à Poesia, “Florescer”, “Ser Mulher”, “Universo Poético” (2021) e “Para um novo tempo” (2021). Recebeu o Troféu SuperStar, da ANBA, em 2021. Participa, como multiartista, do Coral Pró-Canto da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, do Coral Amantes da Música, do Coral Vozes do Bem e do Coral Santa Luzia. Também do sarau Um Brinde à Poesia, Sintonia Cultural, Dom Sarau, do Evento Cultural Encontro Sarau & Dança e da exposição que ocupa atualmente o Salão Nobre da Câmara Municipal de Vereadores de nossa Niterói.

 

Nos saraus e eventos literários da cidade, sempre se pode contar com Concita. No cafezinho dos colaboradores da limpeza urbana de nosso governo municipal, o afeto em companhia. Na generosidade de quem faz o que pode - haja fotografias tremidas pelo hoje! haja divulgações nas redes sociais! haja presença e leitura nas atividades! - , temos nessa nobre artista porto seguro, auxílio e generosidade de - peço licença aos seus Maristela, Marcelo e Anna Rafaela - mãe, que sabe que a vida tem de acontecer.

 

Saúdo, ainda, Concita Cordeiro com um de seus mais estimados compositores. Escreveu assim Roberto Carlos:

 

“Minha mão você tomou nas mãos e conheceu

Minha vida inteira e o seu encanto me envolveu

Toda minha história leu nas linhas que mostrei

O que estava escrito e o meu amor eu lhe entreguei”

 

Como uma cigana, que lê as oportunidades de um ser transcedental, com os olhos dissimulados da Capitu de Machado de Assis, eu saúdo a Esmeralda que existe na boa literatura. Eu saúdo Concita Cordeiro pela trajetória de vida e pela arte apresentada. Eu saúdo a Academia Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências por ter em seus quadros, com a bênção de Vidal, Concita Cordeiro.

 

Jordão Pablo de Pão

Niterói, 16 de maio de 2022


A seguir são 3 pequeninos vídeos (clicar em cada um)




Jordão Pablo de Pão e Concita Cordeiro



Nenhum comentário:

Postar um comentário