VEJA AS PALAVRAS DE JORDÃO PABLO DE
PÃO
Prezado Presidente Nacional e
Internacional da Academia Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências, Edson
Carvalho de Luna Freire,
Prezados integrantes da mesa diretora,
Prezados membros da Academia
Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências,
Prezada amiga artista Concita
Cordeiro, Agradeço, em primeiro, a possibilidade de atribuir voz a essa
investidura de imortalidade. Honrosamente, com a permissão do estimado
presidente da ANBA, torno-me, nesta tarde, padrinho acadêmico da queridíssima
Concita Cordeiro. Como membro titular da Academia Niteroiense de Letras, saúdo
a fraternidade entre as instituições acadêmicas.
Concita Cordeiro é, em verdade,
Conceição. Mulher de fibra, que deixou em sua Teresina, lá no Piauí, afeto e
boas histórias, mas que se fez, no Rio de Janeiro, à guisa de arte e de
profunda empatia pelo ser humano.
Concita nasceu em 5 de agosto de 1949,
filha de Vidal da Penha Ferreira e de Zuleide Soares Cordeiro Ferreira. O pai,
poeta do viver, traz em seus passos o caminho e o carinho com a linguagem. Hoje
é celebrado nesta Cadeira 14, ocupada pela filha na Academia Niteroiense de
Belas Artes, Letras e Ciências. A mãe, terna senhora de encontros e
desencontros, trouxe para a filha a beleza de ser, ainda que sobrevivente. - Eu
tenho certeza, estimada poeta, de que seus netos Gustavo, Lucas e Nicolas
ganhariam muito ao conhecê-los.
Estamos celebrando nessa data a
urgência da arte que transforma, que cria possibilidade de mundos novos e que,
de certa forma, apazigua. Contadora, jornalista, poeta, artista plástica,
cantora, cozinheira de pudim único, fotógrafa botânica, miss Teresina em 1970
são alguns dos títulos que podemos atribuir à, agora, imortal Concita Cordeiro.
Nessa terra de Arariboia, nas Águas Escondidas, reside há quarenta anos.
Niterói ganha com uma vivência dessas. No miúdo de viver, a lupa de Chronos se
chama arte, tão universal quanto local - e (por que não?) individual.
Tive a honra de fazer nascer, tal qual
uma parteira amiga e amada, sua primeira obra individual literária: o livreto
“Olhar Esmeralda”, em 2021. Não satisfeita de me escolher como editor e
curador, atribuiu a mim e a Vini Borges o prestigioso ofício de escrever o
prefácio. Lá está:
“Mulher de olhar faiscante como a
verdade nua, segue frondosa essa roseira de ser, que a vida se abre em tom
esmeralda. Singelo gesto de quem sorri com os olhos e se faz o enigma. Essa
publicação poderia ter uma capa azul imperador, como portal de um livro que
conta uma história tão rica em acontecimentos, mas sorri com a facilidade de
uma criança a esculpir sua infância cravada em cada olhar. As linhas pedem sua
escrita tão materna e tão filha do seu próprio existir.”
(PÃO, Jordão Pablo de; BORGES,
Vini.”Olhares”. In: CORDEIRO, Concita. “Olhar Esmeralda”. Niterói: Edições
Delicadeza, 2021)
Os versos de Concita Cordeiro nos
colocam em um trabalho de humanização do olhar. É uma tessitura densamente
delicada, com o paradoxo que essa expressão guarda, para entoar uma das frentes
em que se serviram tantos nomes de nossa literatura. É o mesmo lócus em que
trabalham Clarice, Cecília, Lygia, Manoel de Barros, Carpinejar, João Cabral de
Melo Neto, Bessa e, mais perto de nós, Beatriz Chacon, Leda Mendes Jorge Aidar
e Maria Otília Marques Camillo - as duas últimas também tomam posse nessa
sessão e recebem minha saudação.
A neoacadêmica participou de diversas
obras literárias coletivas como “Sou Ser Poeta” (2004), algumas antologias
comemorativas do movimento Um Brinde à Poesia, “Florescer”, “Ser Mulher”,
“Universo Poético” (2021) e “Para um novo tempo” (2021). Recebeu o Troféu
SuperStar, da ANBA, em 2021. Participa, como multiartista, do Coral Pró-Canto
da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, do Coral Amantes da
Música, do Coral Vozes do Bem e do Coral Santa Luzia. Também do sarau Um Brinde
à Poesia, Sintonia Cultural, Dom Sarau, do Evento Cultural Encontro Sarau &
Dança e da exposição que ocupa atualmente o Salão Nobre da Câmara Municipal de
Vereadores de nossa Niterói.
Nos saraus e eventos literários da
cidade, sempre se pode contar com Concita. No cafezinho dos colaboradores da
limpeza urbana de nosso governo municipal, o afeto em companhia. Na generosidade
de quem faz o que pode - haja fotografias tremidas pelo hoje! haja divulgações
nas redes sociais! haja presença e leitura nas atividades! - , temos nessa
nobre artista porto seguro, auxílio e generosidade de - peço licença aos seus
Maristela, Marcelo e Anna Rafaela - mãe, que sabe que a vida tem de acontecer.
Saúdo, ainda, Concita Cordeiro com um
de seus mais estimados compositores. Escreveu assim Roberto Carlos:
“Minha mão você tomou nas mãos e
conheceu
Minha vida inteira e o seu encanto me
envolveu
Toda minha história leu nas linhas que
mostrei
O que estava escrito e o meu amor eu
lhe entreguei”
Como uma cigana, que lê as
oportunidades de um ser transcedental, com os olhos dissimulados da Capitu de
Machado de Assis, eu saúdo a Esmeralda que existe na boa literatura. Eu saúdo
Concita Cordeiro pela trajetória de vida e pela arte apresentada. Eu saúdo a
Academia Niteroiense de Belas Artes, Letras e Ciências por ter em seus quadros,
com a bênção de Vidal, Concita Cordeiro.
Jordão Pablo de Pão
Niterói, 16 de maio de 2022
A seguir são 3 pequeninos vídeos (clicar em cada um)
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