Obra
de Cartola, ganha roupagem camerística, com enfoque no lirismo e poesia de suas
letras. Evento acontece dia 13 de maio de 2022.
O
samba invade o Theatro Municipal do Rio (Anexo Sala Mario Tavares), no dia 13
de maio de 2022, sexta-feira, com o espetáculo “Pérola na Cartola, as mais
lindas canções”. Em formato nada usual, a obra de Agenor de Oliveira, o grande
Cartola, ganha roupagem camerística, com enfoque no lirismo e poesia de suas
letras. A proeza de aproximar a genialidade do compositor popular com a
estética erudita é realizada por músicos de excelência: a cantora Georgia
Szpilman, idealizadora do projeto, é acompanhada pelo violonista, arranjador e
diretor musical do espetáculo Fábio Nin, além do clarinetista Moisés Santos e o
contrabaixista Tony Botelho. No repertório, a apresentação dos maiores sucessos
do consagrado sambista, entremeada pela história da vida e obra desse que é
considerado, por muitos, um dos maiores nomes da MPB.
“Há
anos venho sonhando em fazer Cartola. As poesias e suas músicas, sempre me
fascinaram. Porém tudo já havia sido cantado e ¨recantado¨. Por este motivo,
pela beleza das composições e pelo meu ouvido apurado vindo do trabalho com a
música erudita, me levaram a fazer um Cartola com uma formação quase
camerística, criando assim uma abordagem bastante diferenciada”, afirma Georgia
Szpilman. O encontro do samba com o formato violão, clarinete, baixo acústico e
voz acabou dando samba. Propositadamente sem a inclusão de uma percussão, a
ousada releitura “fez com que ressaltassem ainda mais a poesia, deixando
aparente o preciosismo das composições de Cartola”, complementa a idealizadora.
O
programa abre com a fantasia sobre o tema “Alvorada”, composta e tocada pelo
violonista concertista Fábio Nin, já dando o tom do espetáculo e preparando a
entrada do canto. A sofisticação segue envolvendo a plateia com “As rosas não
falam”, apenas voz e clarinete, com uma introdução surpreendente e um canto
quase falado, realçando ao máximo a poesia de Cartola. Já “A vida é um moinho”
traz o solo de clarinete de Moises, apoiado pelo violão e contrabaixo acústico,
uma sonoridade totalmente nova desta composição. Em “Divina Dama”, com o uso do
clarone – instrumento de sonoridade bastante grave e aveludada – Moises faz um
contraponto com o violão e a voz. A falta da percussão, tão característica
neste estilo musical, porém passa desapercebida em “Verde que te quero verde”,
quando o samba fala mais alto, canção na qual Cartola enaltece a sua escola de
samba Mangueira, assim como as belezas da natureza e do corpo das mulatas,
encerrando com louvor a homenagem.
FONTE
https://diariodorio.com/theatro-municipal-do-rio-faz-releitura-erudita-de-cartola/
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