No dia 17 de dezembro de 2022 a literatura brasileira perdeu a escritora Nélida Piñon que faleceu aos 85 anos. Nélida foi a primeira mulher eleita presidente da ABL – Academia Brasileira de Letras, da qual era membro desde 1990. A autora teve uma partida tranquila, segundo a sua amiga e secretária que a acompanhava há anos.
Uma das mais importantes vozes da literatura brasileira contemporânea. As suas obras, são ilustradas de afetos, a imaginação e as memórias se entrecruzam num mosaico narrativo singular, de capacidade mítica, épica. Sua obra já foi traduzida em inúmeros países, tendo recebido vários prêmios ao longo de quase seus 40 anos de atividades literárias.
Reverenciada dentro e fora do Brasil, tendo recebido diversos prêmios importantes, como o Juan Rulfo, em 1995, e o prestigioso Príncipe de Astúrias, em 2005.
O romance de estreia da autora foi o Guia-mapa de Gabriel Arcanjo (1961). Sendo assim, o tema religioso da obra acompanharia a escritora em muitos outros livros, incluindo O fundador, de 1969, que rendeu a ela o prêmio literário Walmap. Assim, em 1990, veio o maior reconhecimento em terras brasileiras, a autora foi eleita em 1989 e em 1990 tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) para ocupar a Cadeira de número 30, deixada por Aurélio Buarque de Holanda.
Sua última obra foi lançada ano passado, um romance em que ela queria fazer os leitores entenderem a gênese narrativa das Américas. Assim, foi passar uma temporada em Portugal para ver de perto a história. O romance “UM DIA CHEGAREI A SAGRES”. Além disso, sobre sua temporada em Portugal, a autora contou: “Visitei as aldeias e tudo que enriquecia minha imaginação. O imaginário é uma composição de todos os saberes. Isso foi extraordinário, eu tinha a impressão que estava convivendo com o infante, que ele me ditava regras dos seus poderes, da expansão do império”.
Por fim, Nélida deixa um legado único para a literatura brasileira, sua voz será imortal e está eternizada em seus livros.
UM POUCO SOBRE NÉLIDA PIÑON
Nélida Cuíñas Piñón nasceu no Rio de Janeiro, no dia 03 de maio de 1937 e faleceu em Lisboa, no dia 17 de dezembro de 2022. Filha de Lino Piñón Muíños e Olivia Carmen Cuíñas Morgado, de origem galega, do conselho de Cotobade. Seu nome é um anagrama do prenome de seu avô materno Daniel Cuiñas Cuiñas.
Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tendo sido editora e membro do conselho editorial de várias revistas no Brasil e exterior. Também ocupou cargos no conselho consultivo de diversas entidades culturais em sua cidade natal.
Estreou na literatura com o romance Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, publicado em 1961, que tem como temas o pecado, o perdão e a relação dos mortais com Deus.
No romance A República dos Sonhos, baseado em uma família de imigrantes galegos no Brasil, ela faz reflexões sobre a Galícia, a Espanha e o Brasil.
Nélida Piñon foi também ligada a outras instituições culturais. Era acadêmica correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e, em outubro de 2014, entrou na Real Academia Galega. Foi a primeira ocupante da Cadeira de número 51 da Academia Brasileira de Filosofia.
Nélida morreu em Lisboa em 17 de dezembro de 2022, aos 85 anos. Estava internada em um hospital na capital portuguesa para tratamento na vesícula. Havia sido submetida a uma cirurgia, da qual se recuperava, mas sofreu complicações e não resistiu.
Eleita em 27 de julho de 1989 para a Cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras, que tem por Patrono Pardal Mallet na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda e recebida em 3 de maio de 1990 pelo Acadêmico Lêdo Ivo.
Em 1996-1997 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia Brasileira de Letras em seu centenário.
ALGUMAS OBRAS
Guia-mapa de Gabriel Arcanjo (1961)
Madeira feita de cruz (1963)
Fundador (1969)
A casa da paixão (1972)
Tebas do meu coração (1974)
A força do destino (1977)
A República dos Sonhos (1984)
A doce canção de Caetana (1987)
Vozes do deserto (2004)
Coração Andarilho (2009)
O Livro das Horas (2012)
Uma Furtiva Lágrima (2019)
Tempo das frutas (1966)
Sala de armas (1973)
O calor das coisas (1980)
O pão de cada dia: fragmentos (1994)
Cortejo do Divino e outros contos
escolhidos (2001)
A Camisa do Marido (2014)
Até amanhã, outra vez (1999)
A roda do vento (1996)
O presumível coração da América (2002)
Aprendiz de Homero (2008)
O ritual da arte (inédito)
Filhos da América (2016)
Um dia chegarei a Sagres (2020)
Os Rostos que Tenho (2023) (lançamento
póstumo)
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