quinta-feira, 16 de maio de 2024

JOVEM TALENTO DAS ARTES PLÁSTICAS NO BRASIL, AUGUSTO MANGUSSI LEVA SUAS OBRAS PARA A FARGO 2024.

 

Com stand próprio na feira, que acontece até o dia 19 de maio, artista mostra parte do seu acervo com pinturas religiosas e de paisagens.

Promissor talento das artes plásticas no Brasil, Augusto Mangussi, jovem goiano que é autista de 16 anos é um dos expositores da 6ª edição da FARGO - Feira de Arte Goiás, maior feira de negócios em arte do Centro-Oeste, que acontece até 19 de maio, no Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC), no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. Pela primeira vez na feira, que tem expectativa de receber cerca de 10 mil visitantes em cinco dias, Augusto tem no currículo mais de 200 obras com estilo próprio e personalidade e 12 exposições, duas delas nos Estados Unidos, e está em cartaz, até o dia 30 de maio, com a exposição “Um Olhar Azul” no Museu da Inclusão, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

“Poder apresentar as obras em nossa cidade é uma conquista importante na trajetória do Augusto. Pela primeira vez, estamos com um stand próprio, com algumas obras que destacam elementos religiosos e pinturas de paisagens, entre outras pinturas”, afirma Larissa Lafaiete, mãe de Augusto. O artista já carrega em seu currículo outros importantes eventos como: Expo Arte SP, Art Basel em Miami, Expo Arte Arizona da Focus Brasil, além de ter sido destaque no 1º Congresso Internacional de Autismo realizado na Bahia.

ARTE COM PROPÓSITO

Autista não gosta de contato. Autista não gosta de barulho. Autista não se relaciona. Sintomas típicos do transtorno global de comportamento, que atinge 1 a cada 36 crianças no mundo, mas que podem ser atenuados consideravelmente. Uma família quebra paradigmas depois que o filho autista, hoje com 16 anos, entrou em contato com as artes plásticas aos 9 anos.

O primeiro ganho para Augusto foi a capacidade de concentração: para autistas, permanecer muito tempo em uma atividade não é fácil. Mas, indo além disso, a arte do garoto também começou a chamar atenção. “Todo mundo começou a elogiar os quadros que ele fazia. Vinha uma professora e achava bonito e pedia um quadro para a sala. Alguns pais viam, elogiavam e também queriam. Começamos então a fazer pequenas exposições dentro da escola. Depois o pai dele montou uma conta no Instagram com os quadros dele e ele começou a ganhar muitos seguidores”, relembra a mãe.

Foi através da rede social que veio o convite para Augusto participar do concurso de arte Eyecontact Festival Of Arts for Autists, realizado em 2018, em Ribeirão Preto durante o maior Seminário de Autismo do Brasil – TEAMO. O projeto foi criado pelo médico Carlos Gadia, uma referência mundial em autismo, e sua esposa, a artista plástica Grazi Gadia.

Foi a primeira participação de outras seis que a sucederam em um período de apenas um ano, durante 2019. “Nós mandamos os quadros dele para o fundador da Expo Arte SP, o galerista Eduardo Mônaco, que selecionou o quadro para a edição de 2018. Augusto foi a primeira e única criança a expor no evento. A partir daí ele começou a ter uma projeção bacana e já participou de várias edições”, lembra a mãe do artista. “Foi nesta exposição que vendemos um quadro dele para uma celebridade sem saber. Havia uma moça muito bonita que se encantou com um quadro que o Augusto pintou de três baianas. Ela disse que iria presentear o marido. Ela fez algumas ligações e decidiu levar outro quadro e disse que tinha um sobrinho autista. Então ficamos conversando e ela foi muito agradável. Mas não sabíamos quem era ela. Pelo nome dela no comprovante do pagamento decidimos pesquisar quem era. Descobrimos que era neta do ator Lima Duarte e esposa do cantor Seu Jorge”, relembram Larissa e o marido Antônio Augusto Mangussi.

A estreia internacional aconteceu em 2019, na Semana de Art Basel, em Miami. Augusto levou seus quadros para a Red Dot, uma delas, sendo o único com deficiência a participar. “Foi um grande orgulho para nós, que temos priorizado o desenvolvimento do nosso filho em detrimento de nossas próprias carreiras profissionais. Uma vez que ele tem talento e está feliz, desejamos que seja um caminho para sua autonomia e independência no futuro, quando ele não estiver mais aqui”, conta o pai. O jovem pintor também já participou da Expo Arte Arizona, da Focus Brasil, que reuniu vários artistas plásticos brasileiros de renome e Augusto foi um convidado especial.

Augusto também foi destaque no 1º Congresso Internacional de Autismo realizado na Bahia, ano passado, onde seu trabalho foi apreciado pela 1ª dama do Estado de Goiás, Gracinha Caiado. Seus quadros também viraram estampa de roupas da Sui Generis Camisaria Feminina, uma marca de Curitiba, cuja dona tem um filho autista também. “Ela criou este projeto que traz nas roupas desenhos feitos por crianças autistas”, conta Larissa.

Sempre orgulhosa dos trabalhos do filho e, sobretudo de sua evolução, Larissa diz que a arte trouxe para Augusto um ganho inestimável para sua vida. “Acho que trouxe caminhos pra ele, abriu um horizonte. Nem digo pintar em si, mas arte de maneira geral. Através da arte ele se sentiu importante. Porque ele começou a expor, as pessoas começaram a elogiar o que ele fazia. Então o que a arte trouxe de melhor foi habilidade social, algo que realmente é muito difícil trabalhar no autista”, diz.

DESCOBERTA DO AUTISMO



Larissa conta que percebeu o comportamento diferente do filho por volta de um ano e dois meses. Uma aula de musicalização infantil foi a gota d’água para que ela não adiasse mais a busca por ajuda. “As outras crianças faziam coisas que a professora mandava e o Augusto não fazia. Você mandava buscar o lenço, todas as crianças iam, e o Augusto ia para a janela; mandava buscar um chocalho, as crianças todas iam, e o Augusto ia pra janela; davam uma outra coisa interessante para elas buscarem, um fantoche enorme, e as outras crianças iam e ele não. Via que algo estava errado”, conta.

Depois disso, partiram para buscar o diagnóstico, mesmo que o próprio pediatra da criança dissesse que não tinha nada errado com ele. “Um dia, na faculdade onde eu dava aula, tinha um computador na sala dos professores e eu neste dia cheguei uns 20 minutos antes da aula, e comecei a fazer uma pesquisa por minha conta e colocava os sinais que eu percebia no Augusto. Não apontava, ausência do espectro protodeclarativo, não tem interesse social comum, e para tudo isso que eu jogava no Google e vinha sempre uma única resposta: autismo”.

Segundo o pai Antônio Augusto, a demora e a insegurança da grande maioria dos médicos em fechar um diagnóstico de autismo é um problema. “Na verdade no Brasil os médicos não têm coragem de fechar diagnóstico com criança pequena com medo de errar e isso, a meu ver, prejudica muito. E além do mais, quando a pessoa quer se enganar acredita na primeira opinião médica e muitas vezes o filho não tem o tratamento adequado”, afirma.




Nenhum comentário:

Postar um comentário