Nordeste. Palavra que soa como tambor,
como aboio, como oração. Terra de sol que não se cansa, de chão que não se
dobra, de gente que não se rende. O Nordeste é mais que um ponto cardeal, é um
estado de espírito, uma força que pulsa no peito de quem nasceu entre
mandacarus e maracatus, entre o sertão e o litoral, entre o suor e o sonho.
É por isso que hoje, neste 08 de
outubro, o Focus Portal Cultural se curva em reverência ao povo nordestino. Aos
conterrâneos de alma quente e coração valente. Às mãos calejadas que plantam
esperança em solo seco. Às vozes que entoam cantigas de luta e de amor. Às
mulheres rendeiras, aos homens vaqueiros, aos meninos de pés descalços que
correm atrás de pipas e futuros.
O Nordeste é Patativa do Assaré, que
fez da poesia enxada e da palavra semente. É Luiz Gonzaga, que soprou o fole da
sanfona e espalhou o baião pelo Brasil inteiro. É Rachel de Queiroz, que
escreveu com tinta de cacto e papel de vento. É Ariano Suassuna, que misturou o
sagrado e o profano, o erudito e o popular, e nos ensinou que o sertão é onde
mora a alma brasileira.
Mas o Nordeste não é só passado, é
presente que pulsa e futuro que se anuncia. É o rap de Recife, o cinema de
Fortaleza, o teatro de Salvador, a literatura de Natal, a dança de João Pessoa,
a arte de Aracaju, a resistência de Maceió, a fé de Teresina, a força de São
Luís. É o povo que transforma a dor em festa, a seca em verso, a ausência em
presença.
Ser nordestino é carregar no peito um
mapa invisível feito de saudade e coragem. É saber que o mundo pode ser duro,
mas que a gente é mais. É ter o sotaque como bandeira, o forró como idioma, o
cuscuz como manifesto. É rir alto, amar forte, lutar sempre.
E se o mundo quiser saber o que é
dignidade, basta olhar para o rosto de um nordestino. Ali mora a esperança que
não se quebra, o orgulho que não se esconde, a fé que não se vende. Porque o
Nordeste é terra de gente que aprendeu a dançar com a vida mesmo quando ela
pisa torto.
Hoje, o jornalista Alberto Araújo e o
Focus Portal Cultural celebram essa gente que é raiz e flor, que é chão e céu,
que é lágrima e riso. Celebram os conterrâneos que fazem da cultura um escudo e
da arte uma espada. Que resistem com beleza, que existem com bravura.
Nordeste, tu és canto e encanto. És
berço de Brasil. És alma que não se cala. És povo que não se curva. És poesia
viva.
E que nunca nos falte o cheiro de
terra molhada, o som do sanfoneiro na calçada, o abraço apertado da vizinha, o
café coado com afeto, o “oxente” que abre portas, o “vixe” que fecha feridas.
Hoje é teu dia, Nordeste. Mas tua
grandeza é eterna.
© Alberto Araújo
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