CLAUDIO FRANCO DE SÁ SANTORO foi compositor, maestro, violinista e educador. Ele nasceu em Manaus, no Estado do Amazonas, Brasil e foi, sem dúvida, um artista sensível, criativo, laureado e reconhecido internacionalmente.
Claudio Santoro nasceu no dia 23 de novembro de 1919, em Manaus, capital do Estado do Amazonas. No período de 1929 a 1939, o compositor residiu em sua cidade natal junto a sua família. Ele teve acesso aos estudos iniciais musicais em casa e mais tarde, devido ao seu tio, teve acesso ao violino.
Posteriormente, Santoro conquistou a cidade e recebeu auxílio financeiro, ora particular, ora do governo, para ingressar no Conservatório de Música do Distrito Federal, então Rio de Janeiro.
Considerado um dos mais prolíficos e inquietos compositores da música brasileira no século XX, sua obra musical é permeada pelas mais variadas tendências estéticas que sublinharam a música erudita internacional em sua contemporaneidade.
A obra musical de Claudio Santoro possui mais de 600 composições completas em seu catálogo, permeadas por uma Ópera, 14 Sinfonias, obras para instrumento solo, de Câmera, Eletroacústicas e para o Cinema. Sua obra para piano é uma das mais ricas na literatura para o instrumento. Ela evidencia toda a diversidade estilística em sua história como compositor e é expressa por mais de 100 obras.
Ela abarca obras solo, duos, trios, obras para canto e piano, obras para piano e fita magnética e três concertos para piano e orquestra. Claudio Santoro também foi profícuo incentivador e educador musical, dentre seus esforços em prol da arte destacam-se a fundação do Curso Superior de Música da Universidade de Brasília e da Orquestra do Teatro do Nacional Claudio Santoro, OTNCS.
Santoro conheceu Hans Joachim Koellreutter, personalidade
deveras importante para o desenvolvimento composicional e estético, bem como a
apresentação sistemática da técnica dodecafônica para o jovem compositor. Junto
a Koellreuter, Santoro deu forma a um novo momento do Grupo Música Viva,
movimento de artistas, instrumentistas e compositores no Rio de Janeiro, que
almejaram a mudança do Brasil advinda da renovação estética. A partir de 1942 a
1946, Santoro compôs obras para diversos instrumentos, orientadas pelo
serialismo dodecafônico. Esta técnica composicional, bem como a escrita de um
estilo moderno, foi deixada progressivamente entre 1946 e 1948, período no qual
Santoro começou a compor em um estilo diferenciado esteticamente do anterior,
no que tange à consciência formal e conteúdo de sua música. As premiações, fato
corriqueiro ao longo de sua vida, resultaram em certos cerceamentos devido ao
seu posicionamento político.
A Fundação Guggenheim havia concedido a Claudio Santoro com uma bolsa para estudar em Nova York. Entretanto, devido a sua inscrição no partido comunista, a liberação de seu visto foi recusada pela Embaixada dos EUA. Por isso, candidatou-se a uma bolsa de estudos do governo francês. Em Paris, estudou composição com Nádia Boulanger e Eugène Bigot e também estudou música para o cinema. Convidado para o II Congresso Internacional de Compositores em Praga, evento que influenciou diretamente na mudança estética / ideológica de seu discurso musical, resultou numa música voltada para a sociedade.
No período de 1960 a 1980, muitos acontecimentos familiares, pedagógicos, políticos e artísticos marcaram a vida e obra.
Santoro retornou ao Brasil devido ao convite para fundar o curso Superior de Música da Universidade de Brasília, inaugurado somente em 1964. Casou-se com Gisèle Santoro, bailarina e coreógrafa de Brasília.
Entre 1970 e 1978 foi, por concurso público, Professor de Regência e Composição, Diretor da Orquestra e do Departamento de Músicos de Orquestra da Escola Superior de Música e Artes Cênicas Heidelberg-Mannheim (Alemanha).
Claudio Santoro faleceu em Brasília, na data de 27 de março de 1989, em plena regência durante o ensaio geral do concerto em homenagem ao Bicentenário da Revolução Francesa. Santoro teve atuação ímpar nas áreas artística, educacional, política, e influenciou várias gerações pela criação de diversas orquestras profissionais ou pedagógicas. Como também, Santoro legou fisionomia a instituições de ensino e cidades. Após sua morte, o Governador Orestes Quércia (SP) deu seu nome ao Auditório de Campos de Jordão e a Prefeitura de Cascavel à sua Sala de Espetáculos.
Em 1 de setembro de 1989, o Senado Federal, por projeto do Senador Maurício Correia, aprovado pela Comissão do DF, promulgou a Lei que denomina de "Teatro Nacional Claudio Santoro", o até então Teatro Nacional de Brasília.
Em 2002, Claudio Santoro recebeu "post mortem"
o título de “Cidadão Honorário de Brasília” da Câmara Legislativa do Distrito
Federal. E em 2009, sua obra musical e pictórica foi tombada pelo Governo do
Distrito Federal. Em 2015 foi feito o primeiro documentário biográfico,
intitulado "Claudio Santoro: O homem e sua música", do Diretor John
Howard Szerman.
PREMIAÇÕES
Orq. Sinfônica Brasileira (1943), Chamber Music Guild de Washington e RCA Victor (1944), Interventor Dornelles (1945), Guggenheim Foundation Fellowship (NY, 1945), Governo Francês para pósgraduação em Paris (1947), Lili Boulanger (Boston, 1948), Berkshire Music Center (Boston, 1949), Medalha de Ouro da Assoc. de Críticos Teatrais do RJ (1950), numerosos prêmios para música de filmes (Estadual de S. Paulo e Medalha de Ouro da Assoc. de Críticos de Cinema do RJ - entre 1951 e 1958), Prêmio Internacional da Paz (Viena, 1952), Saci (Oscar brasileiro, 1954), Estado de S. Paulo (1959), Teatro Municipal do RJ (1960), Ministério da Educação e Cultura (pela fundação de Brasília, 1960), Assoc. de Jornalistas de Brasília (1964), Jornal do Brasil (1965), Melhor Obra do Festival da Guanabara (1970) Gov. do Estado do Rio (1973), Golfinho de Ouro (1977), Moinho Santista (1979), Cicilo Matarazzo (1985), Shell (1985), Lei Sarney (1987).
CONDECORAÇÕES
Governo do Amazonas (1969), Bundesverdienstkreuz (República Federal Alemã (1979), Mérito do Estado do Amazonas (1982), Ordem do Rio Branco (1985), Mérito de Brasília (1986), Governo da Bulgária (1986), Governo da Polônia (1987), Mérito do Alvorada (1987), Chevalier des Arts et Offices (França, 1990).
CRIAÇÃO DE ORQUESTRAS, DIREÇÃO MUSICAL, E OUTRAS PREMIAÇÕES
Fundador e Titular da Orq de Câmara da Rádio MEC, da Orq.
de Câmara da UnB, da Orq. Sinfônica da Rádio Club do Brasil e da Orq. Sinfônica
do Teatro Nacional de Brasília; Prof. Titular, Coordenador para os Assuntos
Musicais, Diretor e Organizador do Dep. de Música da UnB; Presidente da Ordem
dos Músicos do Brasil (Seção Brasília); Diretor Musical da Fundação Cultural do
DF; Membro do Conselho Diretor do Conselho Interamericano de Música (O.E.A);
Organizador e Diretor do Centro de Difusão e Informação para a Música da
América Latina junto ao Instituto de Estudos Comparativos da Música e
Documentação (Berlim). Membro da Academia Brasileira de Música, da Academia
Brasileira de Artes e da Academia de Música e Letras do Brasil, da qual foi
Presidente.
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