Há 309 anos, no dia 16 de julho de 1716, o marco editorial que deu vida a uma das mais notáveis antologias da literatura lusitana: a "Fênix Renascida". Publicada originalmente em cinco volumes entre 1716 e 1728 e organizada por Matias Pereira da Silva, esta coletânea resgatou e preservou o esplendor da poesia barroca portuguesa do século XVII.
A obra reúne composições líricas, épicas, satíricas, religiosas e narrativas de autores como Francisco Rodrigues Lobo, D. Francisco Manuel de Melo, Jerónimo Baía, António Barbosa Bacelar e Francisco de Vasconcelos, muitas vezes de forma anônima. Nela, transparece toda a força estética do Barroco: contrastes acentuados, metáforas ousadas, hipérboles, trocadilhos, paradoxos e construções engenhosas, refletindo a complexidade de um tempo profundamente religioso e esteticamente exuberante.
O título "Fênix Renascida" é, por si só, uma imagem poderosa e fiel ao espírito barroco — simbolizando o renascimento das vozes poéticas que, tal qual a mítica ave, ressurgem das cinzas do esquecimento para iluminar novas gerações.
Importante documento histórico, a antologia teve segunda edição ampliada em 1746 e inspirou outras coletâneas, como o "Postilhão de Apolo". Ainda hoje, mesmo com o acesso dificultado pelas tiragens limitadas da época, segue sendo objeto de reedições e estudos, como a publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2017.
A "Fênix Renascida" permanece, quase quatro séculos depois, como testemunho do engenho e da sensibilidade da poesia barroca, reafirmando que a palavra escrita tem o dom eterno de renascer sempre que lida, estudada e sentida.
FÉNIX RENASCIDA — A CHAMA BARROCA DA POESIA PORTUGUESA
Fénix Renascida, ou Obras Poéticas dos Melhores Engenhos Portugueses, é o título do mais representativo cancioneiro seiscentista, reunindo o esplendor e a complexidade da poesia barroca portuguesa. Publicada sob a direção de Matias Pereira da Silva, a antologia foi lançada em cinco volumes, entre os anos de 1716 e 1728, tornando-se um marco fundamental na preservação da lírica lusitana do século XVII.
Trata-se de uma coletânea onde convivem, sem ordem sistemática, poemas líricos, heroicos, satíricos, burlescos, religiosos e narrativos, muitos deles anónimos. A diversidade temática vai do petrarquismo e erotismo realista à reflexão sobre a caducidade da vida, passando pela sátira aos vícios sociais, poesia de entretenimento, motivos históricos e religiosos.
O título Fénix Renascida simboliza a essência do Barroco: o ressurgir constante da arte e da palavra, tal qual a mítica ave que renasce das próprias cinzas. Essa estética se revela no texto por meio de metáforas ousadas, hipérboles, perífrases, trocadilhos, e no engenho de desdobrar um conceito em várias ideias até chegar a um paradoxo inesperado, marca do gosto seiscentista por raciocínios artificiosos.
Entre os autores reunidos na antologia, destacam-se nomes como Francisco Rodrigues Lobo, D. Francisco Manuel de Melo, Jerónimo Baía, António Barbosa Bacelar e Francisco de Vasconcelos, cujas obras espelham a riqueza e a pluralidade do espírito barroco.
Considerada a mais significativa antologia poética da época, a Fénix Renascida permanece, até hoje, como testemunho vívido do engenho e da arte que marcaram a literatura portuguesa do Seiscentos — uma chama que o tempo não conseguiu apagar.
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
Nenhum comentário:
Postar um comentário