Olá, Professora Dalma,
Suas palavras chegam como um bálsamo
para a alma, tecidas com a mesma ternura com que o orvalho se derrama sobre as
pétalas ao amanhecer. É profundamente comovente e inspirador contemplar a
beleza de sua essência, que, mesmo entre os desafios e os silêncios que a vida
impõe, continua a colher flores no jardim da existência. Que sejam elas
lembranças, versos que dançam no ar ou os acordes brotados das mãos e do afeto
dos netos, sua presença é um hino à vida.
Essa "velhice dourada" que a senhora tão lindamente vive e partilha conosco se faz, para todos nós, um farol
de bravura, um testemunho de beleza e uma sinfonia de poesia. Que venham, sim,
as "Poeiras dos seus Pensamentos" — um título de uma delicadeza que
acalenta a alma — para seguir encantando a literatura e aquecendo os corações
que a leem e a amam.
Por Deus, não esmoreça jamais! Sua
jornada é um convite à superação, uma canção de esperança que ressoa pelos
tempos. Lembro-me aqui do grandioso Oliver Sacks, que, mesmo diante do
Parkinson, persistiu até o fim em sua missão de registrar, com sensibilidade e
profundidade, as complexidades da mente e da alma humanas. Sua coragem e sua
arte seguiram vivas até o último suspiro — e vejo a senhora trilhar esse mesmo
caminho luminoso, com a pena em punho, entregando dezenas de livros ao mundo,
mesmo após o diagnóstico. Que força, que inspiração! Sua luta é um aplauso à
vida, um eco vibrante de que a arte e a resiliência podem florescer em qualquer
solo.
Receba, portanto, meu abraço mais
afetuoso, minha mais sincera admiração e o desejo inabalável de que seus dias
permaneçam sempre iluminados por melodias, amizades verdadeiras, uma fé
inquebrantável e a magia eterna das palavras. Que a luz de sua escrita continue
a guiar e inspirar a todos nós. Que venham sim, mais livros seus para nos encantar...
Com carinho e admiração,
Abraços do Alberto Araújo
15 de julho de 2025 – resposta à
professora escritora Dalma Nascimento a sua mensagem em meu texto: “O OUTONO DA
RAZÃO” postada em minha página no Facebook.
MENSAGEM DE DALMA NASCIMENTO
Parabéns, Amigo, "O outono da
razão" Que belas e expressivas as imagens de seus textos "Eu me sinto
na velhice dourada". Apesar do acelerado do Parkinson, luto para escrever
e "vou colhendo o que a vida me dá." E ela traz ainda beleza nas
músicas tocadas e cantadas por meus netos Noel e Leon, na visita de amigos, e
nas “Poeiras dos meus Pensamentos”, título talvez do meu último livro a publicar.
Dalma Nascimento.
O OUTONO DA RAZÃO
FLORESCIMENTO DA
SABEDORIA
UM TEXTO SOBRE A VELHICE DOURADA
©ALBERTO ARAÚJO
Não mais o tempo escorrendo como areia
apressada, mas a contemplação serena de um rio que cumpriu sua longa jornada. A
velhice, longe de ser um declínio, revela-se um outono dourado da razão, onde a
experiência acumulada floresce em sabedoria límpida. Os anos, como anéis de uma
árvore centenária, marcam o crescimento do intelecto, a sedimentação de
aprendizados que só o tempo, mestre paciente, pode ensinar.
As
rugas que adornam a face não são sulcos de cansaço, mas sim mapas de histórias
vividas, caminhos percorridos na vasta geografia da existência. Cada linha
conta um encontro, uma superação, uma reflexão profunda. Nos olhos que já viram
muitos amanheceres e crepúsculos, reside agora um brilho peculiar, o da
compreensão que transcende a mera informação, atingindo a essência do
conhecimento.
A
mente madura não se curva ao peso dos anos, mas se expande em um universo de
ideias interconectadas. A leitura assídua, a curiosidade insaciável, as
conversas enriquecedoras tecem uma rede de pensamento cada vez mais complexa e
fascinante. A velhice intelectual é um jardim secreto, onde as sementes
plantadas ao longo da vida germinam em frutos saborosos da reflexão e do
discernimento.
Cada
momento presente torna-se, então, uma joia rara a ser apreciada em sua
plenitude. Não há pressa, mas sim a atenção focada no aqui e agora, na beleza
singela de um diálogo, na profundidade de um livro, no encanto de uma melodia.
A sabedoria ensina que o verdadeiro tesouro reside na vivência consciente de
cada instante, na capacidade de extrair significado e alegria das pequenas
coisas.
Assim,
a velhice se eleva como um farol, iluminando não o caminho percorrido, mas as
sendas futuras com a luz da experiência e da inteligência. É tempo de colheita,
de compartilhar o néctar da sabedoria com as novas gerações, de celebrar a
beleza duradoura do intelecto que floresce mesmo quando o corpo desacelera. É a
prova de que a mente, cultivada com esmero, pode alcançar um vigor e uma beleza
que o tempo jamais poderá apagar.
© Alberto Araújo
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