domingo, 13 de julho de 2025

NA DOÇURA DE UM INSTANTE, ECOA A ETERNIDADE - MAESTRO JULIO GOMEZ E ORLY BACH - PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO FOCUS PORTAL CULTURAL

Quando a noite canta memórias. Foi ao cair da noite, naquele silêncio que só a alma entende, que me deixei tocar pelo vídeo postado na página do Maestro Julio Gomez no Facebook. Ele, ao piano, e a cantora Orly Bach, entrelaçando notas e versos como quem costura retalhos de saudade em um velho manto de seda.

A música escolhida: “Memory”, do musical Cats, de Andrew Lloyd Webber, com letra de Trevor Nunn, não é apenas uma canção: é um sopro de lembrança que vagueia pelos corredores do tempo, acendendo luzes que pensávamos apagadas. É o lamento suave de quem foi estrela e se viu na sombra, o suspiro de quem ousa recordar para não se perder de si mesmo. 

Nas mãos do maestro, as teclas do piano se tornam pétalas caindo lentas, como se cada acorde fosse uma confissão sussurrada ao vento. E a voz de Orly Bach, doce e intensa, vem como brisa morna atravessando o véu da noite, resgatando memórias adormecidas no peito de quem escuta. 

“Memory” nasceu para ser oração solitária de Grizabella, a gata que carrega no olhar o brilho de outrora e a dor de ser esquecida. Mas neste instante, ela se reinventa: não mais lamento apenas, mas ponte que nos leva de volta ao que fomos, ao que sentimos e, quem sabe, ao que ainda podemos florescer. 

Fechei os olhos. Por um momento, deixei a canção me habitar inteira. E percebi que certas melodias não pertencem ao ontem nem ao agora: vivem no espaço sem nome onde moram as lembranças mais profundas, aquelas que dançam dentro da gente mesmo quando o mundo parece imóvel. 

Bravo, Maestro Julio Gomez. Bravo, Orly Bach. Nesta breve eternidade em que vos escutei, reacenderam não apenas a música, mas o próprio milagre de sentir. 

© Alberto Araújo

 

 

(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)






 

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