quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

A BELLE ÉPOQUE BRASILEIRA


(Theatro Amazonas - Manaus)


A BELLE ÉPOQUE BRASILEIRA (em português, bela época), também conhecida como Belle Époque Tropical e Era Dourada, é a vertente sul-americana do movimento francês Belle Époque (1871-1914), baseado no Impressionismo e no Art Nouveau. Foi um período de cultura cosmopolita, de mudanças nas artes, na cultura, na tecnologia e na política do Brasil, entre 1870 e fevereiro de 1922, fins do Império até a Semana de Arte Moderna.

A BELLE ÉPOQUE, no Brasil, difere de outros países, seja pela duração, seja pelo avanço tecnológico, que se deu, principalmente, nas regiões mais prósperas do país na época: a região do ciclo da borracha (Amazonas e Pará), a região cafeeira (São Paulo e Minas Gerais) e as três principais cidades coloniais brasileiras (Recife, Rio de Janeiro e Salvador). Durante esse período, cerca de 40% de toda a exportação brasileira era proveniente da Amazônia, e era paga em libra esterlina (£), a moeda do Reino Unido.

NO AMAZONAS E NO PARÁ                 

Teatro Amazonas em Manaus. Inaugurado em 1896, durante a Belle Époque, é considerado como uma das mais belas casas de ópera do mundo. Financiado pelo látex, a Belle Époque amazônida iniciou-se em 1871, centrada principalmente nas cidades nortistas de Belém (capital do estado do Pará) e Manaus (capital do estado do Amazonas), chamadas de Paris dos Trópicos ou Paris n’America,  período foi marcado por intensiva modernização de ambas as cidades no século XIX, com avanços arquitetônicos em relação a outras capitais brasileiras.


(Theatro Municipal de São Paulo)


NO RIO DE JANEIRO E EM SÃO PAULO

No Rio de Janeiro, houve profundas mudanças sociais em sua paisagem urbana. A explosão urbana do final do século XIX fez com que a sua população saltasse de 266 mil a 730 mil habitantes entre 1872 a 1904, devido a chegada à cidade de imigrantes em 1875 (40% da força de trabalho) com a construção da Central do Brasil, de vários soldados da Guerra de Canudos em 1897 sem moradia e, de ex-escravos do Vale do Paraíba com a abolição em 1888 (34% da população era negra ou mestiça), consequentemente inchando, sobretudo os cortiços e as favelas que começam a brotar nos morros do centro da cidade, criando assim o Morro da Providência em 1897 (primeira favela do Rio de Janeiro). Em 1920, a população do Rio de Janeiro atingiu 1.157.873 segundo o IBGE.Palácio Monroe, inaugurado em 1904 e demolido em 1976.

Inspirado nas reformas de Haussmann, o Prefeito Pereira Passos procedeu profunda reforma urbana na capital, visando o saneamento, o urbanismo e o embelezamento e conferir ao Rio ares de cidade moderna e cosmopolita. Para aumentar a circulação de ar no centro do Rio, muitas ruas foram alargadas (p.ex., Rua Marechal Floriano) ou abertas (p.ex., Avenida Central), e se desmanchou inclusive o histórico Morro do Castelo, onde Mem de Sá, em 1567, havia refundado a cidade com a instalação da Fortaleza de São Sebastião, a câmara municipal e a cadeia, a casa do governador e os armazéns-gerais. A cidade também ganhou inúmeras linhas de bonde. Em 1908, realizou-se na Urca a Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, para a qual foram construídos vários edifícios temporários. A maioria desses edifícios foi derrubada após o término da exposição. Uma exceção foi o prédio do Pavilhão dos Estados, que é atualmente ocupado pelo Museu de Ciências da Terra.

(Theatro Municipal do Rio de Janeiro)


O THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

Além disso, outro ponto forte foi a criação de bairros da classe média carioca, como alguns presentes na região do Grande Méier, e outras áreas nobres, como alguns bairros da Zona Sul carioca, como Glória, Catete, Botafogo e Copacabana, cuja ocupação da área se deu definitivamente com a inauguração do Túnel Velho. Também nesse período nasceu um dos cartões postais da cidade, o teleférico do pão de açúcar, em 1912.

Em 1897, José Roberto da Cunha Salles dirige Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara, considerado o primeiro filme da história do cinema do Brasil.[20] Um dos maiores símbolos da Belle Époque na cidade foi a inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1909. Aliás, todo o complexo da Cinelândia — onde está localizado o teatro — é transfigurado sendo acrescido posteriormente com a instalação do Palácio Monroe e vários cinemas (Cine Odeon, Cineac Trianon, Cinema Parisiense, o Império, o Pathé, o Capitólio, o Rex, o Rivoli, o Vitória, o Palácio, o Metro Passeio, o Plaza e o Colonial).

HOTEL COPACABANA PALACE

A nova estética também estimula o remodelamento de tradicionais centros de lazer do Rio como a Casa Cavé e a Confeitaria Colombo, considerada até hoje como um dos dez mais bonitos cafés do mundo, assim como o florescimento de ritmos como o choro e o samba. Para a Exposição Internacional do Centenário da Independência, hotéis sofisticados como o Hotel Copacabana Palace, o Hotel Glória e o Hotel Balneário (o qual ficou mais conhecido posteriormente por abrigar o famoso Cassino da Urca) são inaugurados. Em 7 de setembro de 1929, é inaugurado o Edifício ''A Noite'', o primeiro arranha-céu do Brasil. Como resultado de todas estas transformações da Belle Époque carioca que caracterizaram no ideário coletivo o Rio Antigo, em 1928, o jornalista e escritor maranhense Coelho Neto descreve o Rio de Janeiro em contos como "A Cidade Maravilhosa", apelido este que inspirou a marcha de carnaval de mesmo nome e composta em 1934 por Antônio André de Sá Filho. 



ESTAÇÃO DA LUZ EM SÃO PAULO

Já em São Paulo, durante a República Velha (1889-1930), a cidade industrializa-se e a população salta de ao redor de 70 mil habitantes em 1890 para 240 mil em 1900 a 580 mil em 1920. O auge do período do café é representado pela construção da segunda Estação da Luz (o atual edifício) no fim do século XIX e pela Avenida Paulista em 1900, onde se construíram muitas mansões.

O vale do Anhangabaú é ajardinado e a região situada à sua margem esquerda passa a ser conhecida como Centro Novo. A sede do governo paulista é transferida, no início do século XX, do Pátio do Colégio para os Campos Elísios. São Paulo abrigou, em 1922, a Semana de arte moderna que foi um marco na história da arte no Brasil. Em 1929, São Paulo ganha seu primeiro arranha-céu, o Edifício Martinelli.

As modificações realizadas na cidade por Antônio da Silva Prado, o Barão de Duprat e Washington Luís, que governaram de 1899 a 1919, contribuíram para o clima de desenvolvimento da cidade; alguns estudiosos consideram que a cidade inteira foi demolida e reconstruída naquele período.

Com o crescimento industrial da cidade, no século XX, para a qual contribuiu também as dificuldades de acesso às importações durante a Primeira Guerra Mundial, a área urbanizada da cidade passou a aumentar, sendo que alguns bairros residenciais foram construídos em lugares de chácaras. A partir da década de 1920 com a retificação do curso de rio Pinheiros e reversão de suas águas para alimentar a Usina Hidrelétrica Henry Borden, terminaram os alagamentos nas proximidades daquele rio, permitindo que surgisse na zona oeste de São Paulo, loteamentos de alto padrão conhecidos hoje como a "Região dos Jardins". O principal símbolo da Belle Époque paulistana e também brasileira é o Theatro Municipal de São Paulo.

A cidade desenvolveu-se devido a sua localização privilegiada no centro do complexo cafeeiro e também a proximidade ao Porto de Santos. A intensiva imigração para a cidade se destaca principalmente pela diversidade cultural da cidade, muito influenciada por italianos e também mistura de diversas regiões brasileiras, fora os bairros que abrigam colônias de imigrantes, como Liberdade, que abriga a maior colônia Japonesa fora do Japão, e o Bixiga, reduto de imigrantes italianos da cidade.

CULTURA

O então nascente regime, a República, desejava inaugurar uma nova era no Brasil, e por isso procurou minimizar tudo que lembrava o Império e a colonização portuguesa. As artes tomaram novos rumos, se aproximando das culturas francesa e italiana. É dessa época a fundação de Belo Horizonte, cidade planejada, e as grandes reformas urbanísticas empregadas no Rio de Janeiro, então Capital Federal, por Pereira Passos e Rodrigues Alves.







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