Multifacetado escritor de nossa cidade. Era membro da Academia Fluminense de Letras-AFL; Academia Niteroiense de Letras-ANL e Presidente de honra no Grupo Mônaco de Cultura.
Sua vasta obra literária, conta com livros como: Contos do velho Nipon (1940), Tankas e haicais (1953), Cem haicais eróticos e um soneto de amor nipônico (2004). E se encontra reunida em três volumes publicados pela editora Niterói Livros, que contém o texto integral de Tankas e haicais, tal como coordenada pelo professor Nelson Eckhardt em 1953.
Luís Antônio Pimentel nasceu em Miracema, no dia 29 de março de 1912 e faleceu em Niterói, no dia 06 de maio de 2015.
Sobrinho por parte de pai do literato Figueiredo Pimentel, de quem reconhece a influência da obra sobre os primeiros trabalhos literários. Tendo sido aluno bolsista em intercâmbio no Japão, residiu lá entre os anos de 1937-1942, familiarizando-se com o haicai ao ter contato com autoridades como Hagiwara Sakutarô e Takamura Kôtarô. Pimentel tem sua poesia traduzida para o inglês, o alemão, o francês, o espanhol e o sueco.
Pimentel é um dos precursores do haicai no Brasil, responsável pela divulgação deste estilo de poesia ao lado de Olga Savary e Helena Kolody. Tem parte na cunhagem definitiva do termo “haicai” em língua portuguesa quando, estudante da faculdade de filosofia da Universidade do Brasil, encaminhou a Aurélio Buarque de Holanda, por intermédio do gramático Celso Cunha, o pedido de dicionarização, evitando que o termo se dispersasse em outras transliterações como hai-cai, hai-kai, haikai, haiku, hai-ku e hokku. Com seu livro Namida no Kito, obra escrita em português no japão e traduzida para o japonês no ano de 1940, Pimentel se tornou o primeiro autor brasileiro traduzido para o japonês que se tem notícia.
O autor reconhece ter se permitido inovar o haicai ao tratar de temas tropicais, criando também o haicai erótico, o engajado politicamente e o étnico. Contudo, estas pequenas transgressões não corrompem o cânon estético inaugurado por Matsuô Bashô como a rigorosa métrica e a exigência da indicação da estação do ano (Kigo) e dos fenômenos da natureza.
A obra reunida, em acurada edição crítica de três volumes, conta também com poesias compiladas inéditas até 2004, data desta edição e versões para diversas línguas, entre elas o japonês, na tradução de Yonekura Teruo.
Além da primeira biografia, assinada
por Alaôr Eduardo Scisínio, a obra do poeta recebeu diversos estudos, como o
escrito pelo filósofo brasileiro R.S. Kahlmeyer-Mertens, que fez ótimos
trabalhos sobre a produção de haicais do poeta, destacando o relevo do
pensamento de Pimentel para a contemporaneidade.
OBRAS
Luís Antônio Pimentel. Obras Reunidas.
Aníbal Bagança (org.) 3.vol. Niterói: Niterói Livros, 2004;
Haicais Onomásticos. Niterói:
Nitpress, 2007;
Contos do Velho Nipon. Niterói:
Nitpress, 2009;
Luís Antônio Pimentel em 176 haicais -
Organização de Graça Porto e Mauro Carreiro Nolasco. Niterói: Parthenon Centro
de Arte e Cultura, 2015. Última publicação em vida do escritor, aos 103 anos.
Na Beira da baia Maria embala seu
filho Sem berço;
Deus enviou seu filho A Terra Foi um
Deus nos acuda!
ALGUNS HAICAIS
Que é um haicai?
É o cintilar das estrelas
num pingo de orvalho.
O cego pergunta:
como é o luar? E a jovem
beija-o na fronte.
Completa a ternura:
tira os espinhos da rosa,
antes de ofertá-la.
A jovem romântica
tirou todos os espinhos
do balcão florido.
Lagarta, hoje verme,
amanhã, em altos voos,
vai sugar as flores.
MENSAGEM PRESIDENTE MATILDE SLAIBI CONTI
Muita falta nos faz Luiz Antônio Pimentel. Deixou uma grande lacuna no mundo acadêmico. Sempre muito amável e educado para com todos. Andava com sua máquina fotográfica e inúmeras vezes, por não mais dirigir, voltava conosco, de carro, para Icaraí. Possuiu, eternamente, uma coluna no jornal, A Tribuna, do nosso querido amigo Jordão Amora.
Cecchetti, atual presidente da Academia Niteroiense de
Letras, deu ao nosso poeta, uma maior
dignidade e visibilidade, fazendo erigir, com a ajuda de outros confrades, um busto do escritor, em local nobre da Praça Getúlio Vargas.
Como você Alberto, disse na sua
poesia, que o céu é o local de homens bons,
lá está o nosso Pimentel, olhando para
todo o sempre, a face resplandecente do Senhor.
Matilde. 29-03-2024
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