A
Literatura brasileira do passado tem nomes muito importantes para
compreendermos a literatura do presente. É o caso de Maria Firmina dos Reis.
MARIA
FIRMINA DOS REIS foi uma escritora que nasceu no Maranhão, em 11 de março de
1822. Além, foi professora, poeta, compositora, colaboradora em jornais no
Maranhão. É a escritora considerada a primeira romancista brasileira.
Sua
obra Úrsula é precursora da temática abolicionista na literatura do país. O
romance é considerado, ainda, o primeiro no gênero a ser publicado por uma
mulher negra em todos os países de Língua Portuguesa. Maria Firmina denunciou a
condição crítica e o cenário de desigualdade vivido pelos escravizados e pelas
mulheres no século XIX.
Como
educadora, fundou uma escola mista (para meninos e meninas) no Maranhão, a
primeira do estado e uma das primeiras do país, no início da década de 1880.
Maria
Firmina dos Reis nasceu em São Luís, capital do Maranhão. Sua mãe, Leonor
Felippa dos Reis, foi uma escravizada alforriada. Seu pai, João Pedro Esteves,
um homem de posses, sócio do Comendador Caetano José Teixeira a quem sua mãe
serviu.
A
informação sobre a paternidade não consta no documento de batismo de Firmina, apenas
na certidão de óbito, redigida no dia 11 de novembro de 1917.
Aos
5 anos, Maria Firmina ficou órfã e se mudou para a cidade de Guimarães, no
interior do Maranhão, para viver na casa da tia materna.
Lá, formou-se professora não há informações sobre como foi essa formação e, aos
25 anos, foi aprovada em um concurso público para lecionar Primeiras Letras.
Maria
Firmina exerceu o magistério por muitos anos e recebeu o título de Mestra
Régia. Na imprensa local, publicou poesia, ficção, crônicas e até enigmas e
charadas.
Quando
se aposentou, no início da década de 1880, fundou em Maçaricó a primeira escola
mista do Maranhão, gratuita para os alunos cujos pais não tinham condição de
pagar.
As
atividades da escola acabaram sendo suspensas depois de dois anos e meio por
causar grande polêmica na época. Afinal, era comum que meninos e meninas
frequentassem turmas distintas.
Úrsula:
a principal obra de Maria Firmina O romance Úrsula foi publicado em 1859. A
história conta com protagonistas brancos, mas, pela primeira vez na literatura
brasileira, personagens negros têm voz.
Na
obra, africanos e afro-brasileiros refletem sobre as relações opressivas que
enfrentavam em uma sociedade escravista e patriarcal. Por isso, este
considerado, também, o primeiro romance da chamada literatura afro-brasileira.
O
Navio Negreiro (1870), de Castro Alves, e A Escrava Isaura (1875), de Bernardo
Guimarães, obras amplamente, conhecidas no Brasil, foram publicadas anos depois
do romance de Firmina.
MAIS
INFORMAÇÕES
Segundo
o registro, Maria Firmina foi batizada na freguesia de Nossa Senhora da
Vitória, em São Luís do Maranhão, sendo padrinhos o capitão de milícias João
Nogueira de Souza, e Nossa Senhora dos Remédios, não sendo informada nem sua
paternidade nem a data do nascimento. Em 25 de junho de 1847, visando a
inscrição no concurso público da cadeira de primeiras letras da vila de São
José de Guimarães, então apenas possível para a idade mínima de 25 anos, Maria
Firmina solicitou nova certidão de justificação de batismo, na qual informou a
data de nascimento como 11 de março de 1822, e o nome de sua mãe, Leonor
Felipa, mulata forra, sendo o processo concluído em 13 de julho desse ano.
Leonor Felipa havia sido escrava do comendador Caetano José Teixeira, falecido
em 1819, grande comerciante e proprietário de terras na vila de São José de
Guimarães, proprietário de uma companhia comercial com avultadas transações no
fim do período colonial, e no início do Império.
Tanto
o registro de batismo como a certidão de 1847 são omissas em relação ao nome do
pai de Maria Firmina, o qual apenas é declarado no seu registro de óbito,
datado de 17 de novembro de 1917, com o nome de João Pedro Esteves. João Pedro
Esteves, homem de posses, era sócio do antigo dono da mãe de Maria Firmina, a
escrava Leonor Felipa, na sua companhia comercial.
Segundo
algumas fontes, seria prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis
por parte da mãe, embora se desconheça com que fundamento e em que grau.
Em
1830, mudou-se com a família para a vila de São José de Guimarães, no
continente. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna mais bem situada
economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa
localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de
primeiras letras, de 1847 a 1881. Maria Firmina dos Reis nunca se casou. Maria
Firmina dos Reis morreu, cega e pobre, aos 95 anos, na casa de uma ex-escrava,
Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação.
É
a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam
importantes escritores maranhenses, em São Luís.
SELEÇÃO
OBTIDA A PARTIR DO LIVRO ESCRITORAS BRASILEIRAS DO SÉCULO XIX: ANTOLOGIA.
Úrsula. Romance, 1859.
Gupeva. Romance, 1861/1862 (O jardim
dos Maranhenses) e 1863 (Porto Livre e Eco da Juventude).
Poemas em: Parnaso maranhense, 1861.
A escrava. Conto, 1887 (A Revista
Maranhense n° 3)
Cantos à beira-mar. Poesias, 1871.
Hino da libertação dos escravos. 1888.
Poemas em: A Imprensa, Publicador
Maranhense; A Verdadeira Marmota; Almanaque de Lembranças Brasileiras; Eco da
Juventude; Semanário Maranhense; O Jardim dos Maranhenses; Porto Livre; O
Domingo; O País; A Revista Maranhense; Diário do Maranhão; Pacotilha;
Federalista.
Composições musicais: Auto de
bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias e música de
Maria Firmina dos Reis); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos
escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do
oriente (letra e música); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”; letra e
música).
FONTE BIOGRÁFICA COMPLETA
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