quinta-feira, 17 de março de 2022

ERTHAL ROCHA EM “IMORTAIS DA CULTURA” – ARTIGO EM SUA COLUNA NO JORNAL ATUAL, PÁGINA 4.



 

 “UM PAÍS NÃO MUDA PELA SUA ECONOMIA, SUA POLÍTICA E NEM MESMO SUA CIÊNCIA; MUDA SIM PELA SUA CULTURA.”

 

 

Recentemente a Academia Fluminense de Letras perdeu dois de seus mais ilustres membros, personalidades que marcaram a Cultura e a Educação no Estado do Rio de Janeiro – Aníbal Bragança e Roberto dos Santos Almeida.

 

Dedico esta coluna à memória destes dois confrades, com os quais tive a honra de conviver na vida profissional e acadêmica.

 

ANÍBAL BRAGANÇA era natural de Santa Maria da Feira, Portugal, mas ainda criança veio para Niterói, onde viveu sua notável trajetória como professor, pesquisador, escritor e livreiro por excelência. Aqui começou a concretizar seus sonhos ao abrir sua primeira livraria, Encontro, com apenas 21 anos de idade. Mais tarde, entre outras, fundaria a Pasárgada, que mais do que uma livraria, se tornaria um verdadeiro centro cultural e ponto de encontro da comunidade literária niteroiense. Formado em História, mestre e doutor em Ciências da Comunicação, foi professor da Universidade Federal Fluminense, onde dirigiu a editora EdUFF.

 

Exerceu outras importantes funções relacionadas à produção de livros, entre elas, de presidente do Conselho Interdisciplinar de Pesquisa e Editoração da Fundação Biblioteca Nacional e de coordenador do Núcleo de Pesquisa do Livro e da História Editorial no Brasil. Escreveu inúmeros artigos; foi autor e organizador de várias obras, entre elas “Impresso no Brasil: Dois séculos de livros brasileiros”, de 2011, parceria com Márcia Abreu que lhe valeu o Prêmio Jabuti. Seus livros “Francisco Alves – O Rei do Livro” e “Livraria Ideal: do cordel à bibliofilia” contam a história de relevantes figuras ligadas à produção e à promoção literária brasileira. Foi secretário municipal de Cultura de Niterói, tendo merecido várias homenagens da cidade adotiva, que decretou luto oficial pelo seu falecimento. Sua presença sempre agradável e profundo conhecimento literário muito enriqueceram as sessões de que participei com ele na Academia.

 

ROBERTO DOS SANTOS ALMEIDA foi, acima de tudo, um educador. Professor, escritor, cronista e crítico literário, dedicou sua vida à difusão do conhecimento. Carioca, formou-se em Ciências Biológicas e Geológicas pela Universidade do Brasil, com especialização em administração escolar e mestrado em Educação. Deixou marcas de sua passagem em diversas instituições de ensino, destacando-se o Instituto Gay Lussac, que ajudou a fundar e dirigiu por muitos anos, e a Universidade Federal Fluminense. Dedicou-se, em especial, à formação de professores, tendo colaborado com o Centro de Treinamento de Professores/RJ e a Faculdade de Educação da UFF. Foi chefe de gabinete e secretário de Educação de Cultura de Niterói, assim como presidente do Conselho Municipal de Cultura, tendo integrado várias instituições culturais, entre elas a Academia Niteroiense de Letras e a Academia Fluminense de Educação. Possuidor de profundo conhecimento literário, especializou-se na obra do p o e t a p o r t u g u ê s Fernando Pessoa, pela qual era um apaixonado. Em 2012, recebeu o título de Intelectual do Ano pelo Grupo Mônaco de Cultura, sendo saudado por Aníbal Bragança. Convivi longamente com Roberto na redação de O Fluminense, onde ele assinava coluna sob o nome Fernando de Aviz, como cronista e crítico literário – sempre

muito cordial e elegante no trato com os colegas. Foi um dos primeiros a ser lembrado para integrar a diretoria do Centro de Memória Alberto Francisco Torres, em 2002, tendo como presidente a professora e jornalista Nina Rita Torres, de saudosa memória, e eu como secretário. Segundo Waldenir de Bragança, presidente da AFL, as academias “cultuam a tradição, os vultos que ajudaram a fazer e erguer as Letras, as Artes, as Ciências, o pensamento, as ações dos vários ramos do Saber. Constituem, e são, a memória de quantos deram suas vidas, inteligência, conhecimento, cultura, renúncia, trabalho e serviços para escrever a história". Seguindo os princípios acadêmicos, deixo aqui meu elogio à memória destes dois grandes confrades que tanto serviram à comunidade fluminense.

 

Nota: Em vista da trágica situação atual, decidi adiar a publicação de meus relatos de viagem pelo Leste Europeu.

 

 

CÉLIO ERTHAL ROCHA

Defensor Público aposentado. Autor dos livros "Jornalismo, Política e Outras Paragens" e "Um Olhar sobre o Ministério Público Fluminense", 2ª edição (ambos em favor do Orfanato Santo Antônio) - pedidos pelo e-mail erthalrocha@gmail.com

 

 

* Foto: Alberto Araújo - Roberto dos Santos Almeida e Aníbal Bragança

 

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