segunda-feira, 31 de março de 2025

A BATUTA QUE ROMPEU CORRENTES E CRUZOU OCEANOS MINICONTO DE ALBERTO ARAÚJO


No coração pulsante do Rio de Janeiro, onde a melodia do samba se entrelaçava com o ritmo da vida nas favelas, nasceu Aurora Maria da Conceição, uma morena trigueira. Neta de uma mulher que carregou no corpo as cicatrizes da escravidão, Aurora cresceu ouvindo as histórias de luta e resistência de sua avó, Dona Zilda. Mas em sua alma, a melodia da liberdade já ecoava forte, um chamado para um universo de sons mais amplos e complexos: a música clássica. Aurora era uma batalhadora nata, e sua paixão pela regência, um farol que a guiaria de um pequeno projeto musical comunitário aos palcos mais prestigiosos do mundo. 

Desde criança, Aurora demonstrava um talento musical precoce. Aprendera a tocar diversos instrumentos com músicos locais, mas era a figura do maestro, conduzindo a orquestra com a força de sua batuta, que a fascinava. Em seus sonhos, via-se no pódio, dominando a sinfonia de dezenas de instrumentos, criando uma tapeçaria sonora que emocionava e elevava a alma. 

Apesar do talento evidente, Aurora enfrentou inúmeras barreiras. O preconceito racial e de gênero no universo da música clássica, a falta de oportunidades para jovens músicos negros e a escassez de recursos financeiros para investir em seus estudos pareciam obstáculos intransponíveis. Mas a memória da resiliência de sua avó e o apoio incondicional de sua família a impulsionavam a seguir em frente. 

Aurora dedicou-se aos estudos musicais com afinco, esquadrinhando bolsas de estudo, participando de concursos e aproveitando cada oportunidade de aprendizado. Criou um pequeno projeto musical em sua comunidade, reunindo jovens talentos e ensinando-lhes a beleza da música clássica. Sua paixão e sua dedicação contagiavam a todos, transformando vidas através da arte. 

Um dia, um renomado maestro alemão, de passagem pelo Brasil para um festival de música, assistiu a um ensaio do projeto de Aurora. Impressionado com seu talento nato, sua técnica apurada e a energia contagiante com que conduzia a pequena orquestra, o maestro ofereceu a Aurora uma oportunidade única: uma bolsa de estudos em uma prestigiada academia de música em Berlim. 

Para Aurora, era a chance de realizar o sonho de sua vida. Deixou para trás sua comunidade, sua família e sua pátria, levando consigo a força de suas raízes e a esperança de um futuro onde sua música pudesse alcançar o mundo. Em Berlim, enfrentou o desafio de um novo idioma, de uma cultura diferente e da exigência do cenário musical europeu. 

Com sua dedicação e talento inegável, Aurora rapidamente se destacou na academia. Seus professores reconheceram seu potencial e a apoiaram em sua jornada. Participou de “masterclasses” com grandes maestros, aprimorou sua técnica e expandiu seu repertório, sempre carregando em sua batuta a alma brasileira e a história de sua avó.

Sua ascensão foi meteórica. Após concluir seus estudos com distinção, Aurora começou a reger pequenas orquestras na Alemanha, conquistando o público e a crítica com sua interpretação apaixonada e sua presença carismática no pódio. Seu nome começou a circular nos círculos musicais europeus, despertando a curiosidade e a admiração.

O ápice de sua carreira chegou quando recebeu um convite para reger a lendária Orquestra Filarmônica de Berlim, uma das mais prestigiadas do mundo. Para Aurora, neta de uma ex-escrava que jamais imaginou que sua descendente cruzaria o oceano para alcançar tamanha honra, era um momento de profunda emoção e significado. 

Na noite de sua estreia à frente da Filarmônica de Berlim, Aurora subiu ao pódio sob os aplausos calorosos da plateia. Em suas mãos, a batuta parecia uma extensão de sua alma, guiando os músicos em uma sinfonia de sons que transcendiam fronteiras e histórias. A música preencheu o Philharmonie, carregada da paixão de uma maestrina que havia rompido correntes e cruzado oceanos para realizar seu sonho. 

Ao final da apresentação, a ovação foi ensurdecedora. Aurora, com lágrimas nos olhos, curvou-se em agradecimento, sentindo o peso da sua jornada e a força da sua ancestralidade. A neta da ex-escrava havia chegado ao topo do mundo da música clássica, provando que o talento não conhece cor nem origem, e que a paixão, a perseverança e a crença em seus sonhos podem levar uma batalhadora a reger a mais sublime das sinfonias, selando um final feliz que ecoaria para sempre nos anais da história da música.

 

© Alberto Araújo 



 

HORÁCIO PACHECO: A LUZ ETERNA DA SABEDORIA E DO AMOR


Homenagem do escritor e poeta Alberto Araújo ao professor Horácio Pacheco, texto publicado na Antologia O Perfume da Palavra - Volume V, organizado pela jornalista Labouré Lima da Editora Muiraquitã, página 22, Niterói - RJ, 2016.

 

ALMA LEVE E SENSATA

a Horácio Pacheco

 

Se me perguntares

quem foi Horácio Pacheco, direi:

Sempre que podia,

com a alma sã e a luz sensata,

adentrava a Academia.

Consagrado homem sábio,

jornalista, escritor,

serviu aos amigos

com amor maior.

 

Sua tocha sempre há de iluminar

a brisa intelectual que nos aquece.

Do alto, a luz e a voz hão de brilhar.

Intelectual de alma leve,

cujo afeto o íntimo não esquece.

Evocava a arte literária com paixão

e se deleitava com as palavras.

 

Professor Horácio nasceu em Ribeirão,

mas tinha Niterói no coração.

Chamávamos de professor querido,

pois, de forma peculiar e bravia,

ultrapassava os limites da poesia

com o saber do latim e da morfologia.

 

Dotado de coração hospitaleiro

e serena e amável fidalguia,

conduzia com fulgor a advocacia.

Foi da justiça nobre mensageiro

e gênio imortal de nossa Academia.


By © Alberto Araújo

Escritor, poeta e jornalista.


Professor Horácio Pacheco, um homem que transcendeu as fronteiras da academia e da literatura. A poesia está publicada na antologia "O Perfume da Palavra - Volume V", organizada pela jornalista Labouré Lima, este poema é um testemunho da admiração e do afeto que Horácio Pacheco despertou em todos que o conheceram.  

Horácio Pacheco: um homem sábio, jornalista, escritor e amigo dedicado. Sua "alma sã" e "luz sensata" iluminaram a Academia, e sua "tocha" continua a aquecer a brisa intelectual que nos envolve. Do alto, sua voz resplandece, ecoando a paixão pela arte literária e o deleite nas palavras.

Nascido em Ribeirão, mas com Niterói em seu coração, Horácio Pacheco era um "professor querido" que, com sua peculiar bravura, ultrapassou os limites da poesia. Seu saber em latim e morfologia era apenas uma faceta de sua genialidade.

Dotado de um "coração hospitaleiro" e uma "serena e amável fidalguia", Horácio Pacheco também se destacou como advogado, um "nobre mensageiro da justiça". Sua presença na Academia era a de um "gênio imortal", cujo afeto permanece vivo na memória daqueles que o amaram. Horácio Pacheco, um homem que personificou a sabedoria, o amor e a paixão pela palavra. Sua luz continua a brilhar, inspirando-nos a buscar a excelência e a cultivar a amizade e o conhecimento. Em sua memória a Academia Niteroiense de Letras é chamada carinhosamente de “CASA HORÁCIO PACHECO”. O intelectual ocupava a Cadeira nº 5, patronímica de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, sucedida por Aníbal Francisco Alves de Bragança e a acadêmica que ocupa a egrégia Cadeira é a escritora Gilda Pinheiro G. de Uzeda, empossada em 10 de agosto de 2022.

 

Editorial

Alberto Araújo

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MOZART: UM METEORO MUSICAL QUE ILUMINOU O MUNDO

 

A chama de Wolfgang Amadeus Mozart ardeu intensamente, embora por um breve período. Nascido em Salzburg, em 27 de janeiro de 1756, este gênio musical nos deixou prematuramente em Viena, em 5 de dezembro de 1791, aos 35 anos. Filho do violinista e compositor Leopold Mozart e de Anna Maria Mozart, ele e sua irmã mais velha, Nannerl, foram os únicos a sobreviver de sete irmãos. 

Desde cedo, Mozart demonstrou um talento extraordinário. Aos três anos, dedilhava melodias no piano; aos quatro, dominava peças complexas; e aos cinco, já compunha suas primeiras obras, além de tocar violino com maestria. Em 1762, aos seis anos, iniciou uma turnê pelas cortes europeias, encantando reis e imperatrizes com seu virtuosismo. Na Itália, aos 14 anos, recebeu o título de Cavaleiro do Papa Clemente XIV. 

De volta a Salzburg, aos 17 anos, Mozart serviu como músico da corte, compondo obras que refletiam sua genialidade precoce, como os Quartetos Vienenses e a Sinfonia nº 25 em Sol menor, K. 183. 

Sob a tutela de um pai ambicioso, Mozart floresceu intelectualmente, mas enfrentou desafios emocionais. Em 1777, aos 21 anos, partiu em busca de reconhecimento, mas a jornada foi marcada pela dor da perda de sua mãe em Paris. 

Apesar da tristeza, Mozart continuou a compor, presenteando o mundo com obras-primas como a Sonata para Piano e Violino em Mi Menor, K. 304, um testemunho de sua profunda emoção.

Em 1781, Mozart se libertou das amarras da corte e se estabeleceu em Viena, onde se casou com Constanze Weber. Seus primeiros anos na capital austríaca foram de sucesso e prosperidade, com óperas aclamadas como "As Bodas de Fígaro" e "Don Giovanni". 

No entanto, a maré da fortuna começou a mudar. A complexidade de sua música não encontrou mais eco no gosto popular, e a sombra da solidão e das dificuldades financeiras o consumiu. 

Em 1791, Mozart, já debilitado pela doença, recebeu a misteriosa encomenda de um Réquiem. Obcecado pela obra, ele a via como seu próprio réquiem, um presságio de sua morte iminente. 

No dia 4 de dezembro, Mozart, cercado por amigos, esboçou os últimos compassos do "Lacrimosa". Na madrugada seguinte, o mundo perdeu um de seus maiores gênios musicais.

A vida de Mozart, embora breve, foi um meteoro que iluminou o mundo com sua música eterna. Sua genialidade e paixão continuam a inspirar e emocionar gerações, perpetuando seu legado como um dos maiores compositores de todos os tempos.

Editorial

Alberto Araújo

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UM GRITO DE EMPODERAMENTO E REFLEXÃO: "O QUE QUEREMOS NÓS, AS MULHERES?" PALESTRA DA PRESIDENTE REGINA COELIA VIEIRA DA SILVEIRA E SILVA

 


No dia 18 de março de 2025, Niterói foi palco de um evento marcante, onde a voz feminina ecoou com força e clareza. O Rotary Club de Niterói-Norte, sob a liderança da presidente Regina Coeli Vieira da Silveira e Silva, promoveu a palestra "O Que Queremos Nós, as Mulheres?", um convite à reflexão e ao debate sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea. 

A palestrante, Regina Coeli Vieira da Silveira e Silva, PhD em Comunicação e professora, conduziu a plateia em uma jornada inspiradora, explorando os anseios, desafios e conquistas das mulheres. Com maestria e sensibilidade, ela abordou temas relevantes, provocando reflexões profundas e gerando um diálogo enriquecedor entre os presentes. 

O evento, realizado na acolhedora Casa da Amizade de Niterói, atraiu um público diversificado e engajado, demonstrando o crescente interesse da comunidade em discutir questões de gênero e promover a igualdade. A atmosfera era de união e sororidade, com mulheres e homens unidos em busca de um futuro mais justo e igualitário. 

Antes da palestra, a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) do Rotary Club se reuniu, reafirmando o compromisso da organização com a promoção da inclusão e do respeito à diversidade. O evento culminou em um jantar de confraternização, um momento de celebração e networking, onde os participantes puderam trocar ideias e fortalecer laços. 

"O Que Queremos Nós, as Mulheres?" foi mais do que uma palestra; foi um manifesto, um grito de empoderamento e um convite à ação. O Rotary Club de Niterói-Norte, ao promover este evento, reafirmou seu papel como agente de transformação social, impulsionando o debate sobre questões cruciais e contribuindo para a construção de um mundo mais justo e igualitário para todos.

Entre os presentes: A Secretária da Mulher, Thay Ivia - Secretaria recém criada em Niterói; Dra. Vilma Câmara, neurologista- professora da UFF - membro do Conselho Municipal da Pessoa Idosa – Niterói; Sara de Lourdes Cabral Presidente do Elos Clube de Niterói; Licia Lucas, professora e Diretora do Centro Cultural São Judas Tadeu e outros.

UM POUCO SOBRE A PALESTRANTE 

Regina Coeli Vieira da Silveira e Silva se revela em uma trajetória notável e multifacetada, marcada por excelência acadêmica, compromisso social e liderança inspiradora. Sua formação: Doutorado em Comunicação e Mestrado em Relações Internacionais pela Ohio University (EUA). Graduação em Letras pela UFF (Universidade Federal Fluminense).

Professora da UFF e Professora Titular do Curso de Comunicação Social da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Professora Visitante da Ohio University, onde leciona sobre teledramaturgia brasileira. Apresentação e publicação de trabalhos em congressos e seminários no Brasil, EUA, Europa e América Latina. Publicação de livro e capítulos em livros brasileiros e norte-americanos. Fundadora e coordenadora de núcleos de pesquisa (NECP e NEPIMGE) e diretora de edição do periódico científico CEP (Cadernos de Estudos e Pesquisas). Editora do Latin America Chapter do IAJC (International Association of Journals and Conferences). Recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, incluindo a Cátedra Interamericana de Pesquisa 2000, bolsa de estudos da OEA e do CNPq, e o prêmio Leolinda Daltro da ALERJ. 

Conselheira do CMPM (Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres de Niterói) por três mandatos. Colaboradora da Comissão OAB-Mulher de Niterói. Conselheira Municipal no Conselho Municipal da Pessoa Idosa. Membro do IHGN (Instituto Histórico Geográfico de Niterói), AFL (Academia Fluminense de Letras) e do Elos Club de Niterói. Também membro de diversas associações, como ICA, AEJMC, BRASA, ABED e ANPEd. Atualmente, Regina Coeli Vieira da Silveira e Silva é Presidente do Rotary Club de Niterói Norte (2024-2025), demonstrando seu compromisso com o serviço à comunidade e a promoção de valores humanitários. 

A trajetória de Regina Coeli Vieira da Silveira e Silva é um exemplo de dedicação à educação, pesquisa e serviço social. Sua liderança no Rotary Club de Niterói Norte e seu trabalho em prol da igualdade de gênero a tornam uma figura inspiradora e relevante na comunidade.

 

Editorial

Alberto Araújo

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(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)





 



UM MERGULHO NA ALMA FLUMINENSE: REVISITANDO CASIMIRO DE ABREU COM MÁRCIA PESSANHA



No dia 31 de março de 2025, a Biblioteca Popular Municipal Anísio Teixeira, no coração do Campo de São Bento, em Niterói, foi palco de um encontro memorável com a literatura fluminense. A presidente da Academia Fluminense de Letras e Governadora do D8 Elos Internacional, Márcia Pessanha, conduziu a palestra "Revisitando a Literatura Fluminense", isto é, redescobriu os tesouros literários que moldaram a identidade do nosso estado.

Na jornada, o primeiro autor a ser homenageado foi o inesquecível Casimiro de Abreu, o "Poeta das Primaveras". Através da sensibilidade e erudição da Professora Doutora em Literatura (UFF) Márcia Pessanha, mergulhou na obra deste ícone da literatura romântica brasileira, explorando a beleza e a profundidade de seus versos. 

Foi uma tarde de imersão na poesia, na história e na cultura fluminense. A palestra de Márcia Pessanha foi um momento de reflexão e encantamento, celebrando a memória de Casimiro de Abreu e a riqueza da nossa literatura. Estiveram presentes, além da palestrante Márcia Pessanha, as personalidades da cultura: Namir Lagos, Celedir Caetano - coordenadoras do projeto “Revisitando a Literatura Fluminense”, Gabriela Linhares, subsecretária de Educação.

 

Editorial

Alberto Araújo

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HOMENAGEM A MÁRCIA PESSANHA: CELEBRAÇÃO DA CULTURA NITEROIENSE

 

Com alegria, informamos que no dia 31 de março de 2025, a Câmara Municipal de Niterói prestou uma justa homenagem à querida Márcia Pessanha, em reconhecimento à sua inestimável contribuição para a cultura da nossa cidade. A Moção de Aplausos, proposta pelo vereador Sylvio, foi entregue em uma cerimônia especial, celebrando o Mês da Mulher e o importante papel de Márcia na promoção da cultura em Niterói. 

SOBRE A MOÇÃO 

A Câmara Municipal de Niterói, em sessão ordinária realizada em 19 de março de 2025, aprovou a Moção de Aplausos e Congratulações nº 076/2025, uma homenagem à ilustre Márcia Pessanha, Presidente da Academia Fluminense de Letras. A iniciativa, proposta pelo vereador Sylvio Maurício de Freitas, reconhece o inestimável trabalho e dedicação de Márcia à cultura da cidade de Niterói.

A moção destaca o mês de março como um período de celebração do Dia Internacional da Mulher, mas também como um momento de reflexão sobre a situação socioeconômica e política da população feminina no Brasil. Além disso, ressalta a importância de reconhecer a contribuição das mulheres para a construção e o desenvolvimento da cidade.

A homenagem a Márcia Pessanha visa destacar o seu papel de resistência e exemplo na defesa da cultura como um direito de todos. Seu trabalho e dedicação são considerados fundamentais para a cultura de Niterói, e a moção expressa a admiração e o reconhecimento da Câmara Municipal por sua inegável contribuição. 

O documento, assinado pelo presidente da Câmara, Milton Carlos Lopes - CAL, e pelo vereador Sylvio Maurício, foi emitido no Plenário Brígido Tinoco em 20 de março de 2025. 

A homenagem a Márcia Pessanha é um reconhecimento à sua trajetória e um incentivo para que continue a defender e promover a cultura em Niterói.

 

Editorial

Alberto Araújo

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O JARDIM SECRETO DE MARIA AMÉLIA MINICONTO DE ALBERTO ARAÚJO


O sol de Niterói já despontava imponente sobre as montanhas quando Maria Amélia Vergel chegava aos portões do palácio imperial. Seus dedos, calejados e fortes, agarravam firmemente as ferramentas de jardinagem, companheiras de longos anos. Ela não era nobre, nem dama da corte. Amélia era a guardiã do jardim, a alma verde que mantinha a beleza do refúgio do Imperador. 

O jardim era seu reino particular. Conhecia cada centímetro da terra, cada capricho das flores. Os lírios brancos, puros como a neve, inclinavam-se em sua direção como se soubessem do seu cuidado terno. As rosas, os manacás da serra, com suas pétalas aveludadas em tons vibrantes, pareciam exibir-se em sua plenitude sob o olhar atento de Amélia. Ela os regavam com a paciência de uma mãe, adubava a terra com o conhecimento ancestral transmitido por sua avó, e protegia cada broto com a ferocidade de uma leoa.

A vida de Amélia não era fácil. Viúva jovem, além, carregava nos ombros a responsabilidade de criar seus dois filhos. O trabalho no jardim imperial era sua salvação, o sustento que garantia um teto e alimento para sua família. As madrugadas frias, o sol inclemente do meio-dia, as dores nas costas ao fim do dia, mas nada a demovia. Ela via no jardim não apenas um trabalho, mas um propósito, uma extensão de sua própria força e resiliência. 

O Imperador, um homem de semblante geralmente austero, raramente se demorava nos jardins. Seus pensamentos estavam voltados para os assuntos do império. Mas, mesmo em suas breves passagens, ele notava a exuberância das flores, a harmonia das cores, a vitalidade que emanava daquele espaço. E, de alguma forma, ele sabia que havia uma mão invisível por trás daquela beleza, uma dedicação silenciosa que nutria cada folha e pétala. 

Amélia não buscava reconhecimento. Sua satisfação residia na beleza que criava, na vida que pulsava sob seus cuidados. Ver um novo botão desabrochar, sentir o perfume das rosas ao entardecer, observar os beija-flores bailando entre os lírios eram suas recompensas diárias. 

No entanto, a beleza do jardim não passava despercebida pelos cortesãos e damas da nobreza. Muitos se maravilhavam com a perfeição das flores, comentando sobre a mão talentosa que as cultivava. Alguns até tentavam descobrir os segredos de Amélia, perguntando sobre suas técnicas e os cuidados especiais que dedicava a cada espécie. Ela, com sua humildade característica, apenas sorria, e os dizia que era preciso amar as plantas, sentir suas necessidades. 

Um dia, o Imperador convocou seus conselheiros para uma reunião nos jardins. Enquanto discutiam assuntos de estado, seus olhos se detiveram em um canteiro de rosas e manacás particularmente viçosos, com flores em tons de um vermelho-rosa profundo e intenso. Intrigado, perguntou a um dos seus assessores quem cuidava daquele jardim com tanto esmero.

O conselheiro, após breve consulta, informou: "É uma mulher, Vossa Majestade. Chamam-na Amélia. Ela trabalha aqui há muitos anos." 

O Imperador, curioso, pediu que a trouxessem à sua presença. Amélia, com o coração apertado, limpou as mãos na saia surrada e aproximou-se com passos hesitantes.

"Amélia", disse o Imperador, com uma voz surpreendentemente suave. "Seu jardim é um prodígio. As flores parecem vibrar com vida. Qual o seu segredo?"

Amélia, com a coragem que a vida lhe havia ensinado, ergueu os olhos e respondeu com simplicidade: "Meu segredo, Majestade, é cuidar delas como se fossem minhas próprias filhas. Com paciência, amor e a certeza de que, mesmo sob a terra, há uma força esperando para florescer." 

O Imperador ficou em silêncio por um momento, contemplando a mulher à sua frente. Viu em seus olhos a honestidade e a dedicação que transpareciam em seu trabalho. Naquele instante, percebeu que a beleza do jardim não era apenas fruto da natureza, mas da força silenciosa e persistente de uma mulher. 

Naquela mesma tarde, um edital foi afixado nos portões do palácio. Nele, o Imperador concedia a Amélia uma Moção de Reconhecimento oficial por sua dedicação e o cuidado excepcional com os jardins imperiais. O documento exaltava não apenas sua habilidade como jardineira, mas também sua força, sua perseverança e o amor que dedicava ao seu trabalho. 

A notícia se espalhou por toda a cidade. Amélia, a humilde jardineira, tornou-se um símbolo da força feminina, da mulher que, com suas mãos e seu coração, era capaz de transformar a terra e inspirar até mesmo o Imperador. Ela continuou a cuidar do jardim, agora com um brilho a mais nos olhos, sabendo que seu trabalho árduo e sua dedicação silenciosa haviam sido reconhecidos. E as rosas, lírios, manacás-da-serra, mais exuberantes do que nunca, pareciam florescer em homenagem à força daquela mulher batalhadora.

© Alberto Araújo

 

 


POEMA SOBRE A MORTE: DO OUTRO LADO DA ESTRADA DE ALBERTO ARAÚJO

 


A morte? Ilusão, fronteira tênue,

Um passo adiante, em nova avenida.

Eu sigo sendo o mesmo, alma perene,

Em vossas lembranças, sempre viva.

 

Chamem meu nome como outrora faziam,

A voz familiar, sem eco de lamento.

A vida prossegue, os laços não se esvaiam,

Em outro plano, sigo o firmamento.

 

Sem véu de pranto, sem pesar profundo,

O riso antigo ainda ecoa em nós.

Pensai em mim, no amor que era fecundo,

E a Deus elevem vossas singelas voz.

 

Meu nome, a melodia já conhecida,

Sem sombra escura, sem tristeza vã.

A vida pulsa, força não perdida,

O elo persiste, além do amanhã.

 

Por que distante, se o pensar me alcança?

Mudei de lado, mas o amor não cessa.

Segui adiante, finda a breve dança,

A vida é bela, em sua eterna promessa.

 

Portanto, amigos, coração sereno,

A vida segue, em seu fulgor constante.

Estou mais perto, no divino aceno,

Do outro lado, aguardando o instante.

 

© Alberto Araújo







QUANDO USAMOS BEM E MAL COM L. APRENDA COMO USAR DE UMA VEZ POR TODAS


Sempre tive uma dificuldade enorme em saber quando usar 'mal' com 'l' ou 'mau' com 'u'. Era uma verdadeira bagunça na minha cabeça, e volta e meia eu me pegava em dúvida na hora de escrever. Mas depois dessa explicação clara e objetiva, finalmente a névoa se dissipou! Agora entendo direitinho a lógica por trás de cada um e como usar o antônimo como guia. 

USAMOS BEM COM "L" QUANDO ELE É O ANTÔNIMO DE MAL COM "L".

Bem pode ser um advérbio, modificando um verbo, adjetivo ou outro advérbio,  com o sentido de "de modo correto", "de maneira agradável", "satisfatoriamente". Exemplo: "Ele cantou bem." , O contrário é "Ele cantou mal."

Bem também pode ser um substantivo com o sentido de "o que é bom", "o que é correto", "benefício", "riquezas". Exemplo: "Ele deseja o bem para todos." , O contrário é "Ele causa o mal." 

USAMOS MAL COM "L" QUANDO ELE É O ANTÔNIMO DE BEM COM "L". 

Mal pode ser um advérbio, modificando um verbo, adjetivo ou outro advérbio com o sentido de "de modo incorreto", "de maneira desagradável", "insatisfatoriamente". Exemplo: "Ela se sentiu mal." , O contrário é "Ela se sentiu bem." 

Mal também pode ser um substantivo com o sentido de "o que é ruim", "o que é prejudicial", "doença", "problemas". Exemplo: "O mal assolou a cidade." , O contrário é "O bem trouxe prosperidade à cidade." 

Mal pode ser ainda uma conjunção temporal com o sentido de "assim que", "logo que". Exemplo: "Mal ele chegou, a chuva começou." 

ANTÔNIMO DE BEM COM L 

Sim, o antônimo de bem com "l" é mal com "l".

Contrário de bom com U:

Sim, o contrário de bom com "u" é mau com "u".

Bom e mau são adjetivos.

Bom qualifica um substantivo de forma positiva. Exemplo: "Ele é um bom aluno."

Mau qualifica um substantivo de forma negativa. Exemplo: "Ele teve um mau comportamento."


Explicando melhor: A palavra "mal" com "l" é usada quando é o contrário de "bem".

Como usar "mal" com "l"

Substitua "mal" por "bem" na frase. Se puder usar "bem", então é "mal" com "l" o correto.

"Mal" pode ser um advérbio, uma conjunção ou um substantivo comum.

"Mal" é antônimo de "bem".

Exemplos de uso de "mal" com "l"

Fui muito mal na prova final.

Estou me sentindo mal essa noite.

Pedro nasceu para fazer o mal.

Ela se sente mal com a situação.

Ontem, a seleção brasileira jogou mal.

Isadora estava passando mal.

Eles falaram mal de você na festa.

"Mal" como substantivo

"Mal" pode ser usado como substantivo, dando nome a um conceito abstrato.

"Mal" pode aceitar a flexão em número (mals).

 

RESUMO

Bem com "l" é o contrário de mal com "l".

Bom com "u" é o contrário de mau com "u".

 

Lembre-se da dica: para saber se usa "mal" ou "mau", tente substituir por seus contrários. Se o contrário for "bem", use "mal". Se o contrário for "bom", use "mau". O mesmo vale para "bem" e "bom".