quarta-feira, 5 de março de 2025

A APOTEOSE AZUL E BRANCA: CRÔNICA DE UM DESFILE CAMPEÃO POR ALBERTO ARAÚJO




O Sambódromo, catedral de concreto e paixão, pulsava em tons de azul e branco, um mar de emoção que me envolvia como um abraço de mãe. A Beija-Flor de Nilópolis, a campeã de 2025, desfilava com a altivez de quem conhece a glória, mas também a humildade de quem sabe que a vitória é efêmera. Era o 15º título da agremiação, um feito que ecoava na história do carnaval carioca, apagando a saudade da última vitória em 2018. 

Na arquibancada, meus olhos se perdiam no espetáculo, como se buscassem decifrar os segredos da alma brasileira. As alegorias grandiosas, como catedrais flutuantes, revelavam a riqueza de detalhes e a criatividade que consagraram a escola. A bateria, coração pulsante da avenida, ditava o ritmo contagiante que fazia o público vibrar em uníssono, como se todos fossem um só corpo, uma só alma. 

O samba-enredo, poesia musicada, ecoava em meus ouvidos, como se fosse um canto ancestral, um hino à cultura brasileira. Os versos, como flechas certeiras, atingiam o coração, revelando a força da nossa identidade, a nossa capacidade de superar as adversidades e celebrar a vida. Os passistas, com a leveza de plumas ao vento, deslizavam na avenida, contagiando a todos com sua alegria, como se fossem mensageiros da felicidade.

A cada ala, um novo capítulo se abria, revelando a grandiosidade do enredo, a nossa história, a nossa cultura. As fantasias, verdadeiras obras de arte, brilhavam sob os holofotes, hipnotizando os olhares, como se fossem sonhos materializados. A comissão de frente, com a sincronia de um balé, abria alas para a majestade da Beija-Flor, como se anunciasse a chegada de uma rainha.

No camarote, a emoção transbordava em abraços e lágrimas, como se todos fossem irmãos, unidos pela paixão pelo samba. A vitória da Beija-Flor era um presente para os nilopolitanos, um orgulho que se espalhava por todo o Rio de Janeiro, como um vírus do bem. A escola, com sua garra e paixão, conquistou o título com méritos, mostrando que a tradição e a inovação podem caminhar juntas, como o passado e o futuro. 

Enquanto a Beija-Flor se despedia, deixando um rastro de magia na avenida, a Portela, a maior campeã do carnaval com seus 22 títulos, assistia à coroação da nova rainha, com a sabedoria de quem conhece a história. A rivalidade entre as escolas, um tempero a mais no carnaval, se transformava em respeito e admiração, como se todos fossem parte de uma grande família. 

A noite se despedia, mas a magia do carnaval permanecia no ar, como um perfume que se espalha no vento. A Beija-Flor, com seu desfile impecável, escreveu mais um capítulo na história do samba, eternizando seu nome no panteão das campeãs, como um poema que se eterniza na memória.

 

Crônica de Alberto Araújo

05/03/25


 

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