A entrevista com Ana Maria Tourinho, no Jornal Posto Seis, oferece uma análise abrangente e perspicaz sobre o papel da literatura feminina na sociedade brasileira, especialmente no contexto das lutas femininas.
A entrevistada destaca o impacto significativo da literatura feminina na sociedade e cultura brasileira, ressaltando como ela trouxe à tona experiências e perspectivas femininas antes marginalizadas. A literatura feminina desafia estereótipos e normas sociais, promovendo a conscientização sobre direitos e igualdade de gênero. A representação de mulheres de diversas origens e classes sociais na literatura contribui para a construção de uma identidade feminina forte e influencia a mídia e a cultura popular. Ana Maria Tourinho cita grandes escritoras brasileiras como Lygia Fagundes Telles, Cecília Meireles e Clarice Lispector.
A entrevista ressalta a importância da representação de figuras femininas diversas nas narrativas escritas por mulheres, abordando temas contemporâneos como igualdade de gênero, justiça social, sustentabilidade, maternidade, sexualidade, violência e luta por direitos. A rica diversidade de temas e personagens femininas na literatura contribui para a construção de uma visão mais completa e complexa da experiência feminina.
Apesar do crescimento da presença feminina no mercado editorial, Ana Maria aponta obstáculos como a dificuldade em encontrar editoras e livrarias que valorizem o trabalho das autoras, além de acordos desfavoráveis e a falta de agentes literários. O equilíbrio entre criatividade e comercialização é um desafio constante para as escritoras. A participação feminina em academias de letras e entidades literárias está em ascensão, com um número crescente de mulheres ocupando posições de destaque. A criação de grupos e programas de mentoria para escritoras, além de prêmios e reconhecimentos, contribui para valorizar a contribuição feminina na literatura.
A entrevistada cita algumas mulheres que hoje estão em posições de destaque em entidades literárias das quais ela é membro. Em nossa análise, destacamos que é essencial e fundamental destacar o papel das mulheres que lideram academias e entidades literárias, pois sua presença e atuação são cruciais para a promoção da literatura feminina e a valorização das escritoras, perante isso, a entrevistada saiu-se muito bem ao fazer a observação, ressaltando essas personalidades e suas contribuições:
Maria Amélia Palladino: Presidente da Academia Luso-Brasileira, sua liderança tem sido fundamental para fortalecer os laços entre a literatura brasileira e a de língua portuguesa. Como professora e escritora, sua atuação contribui para a disseminação do conhecimento literário e o incentivo à produção de novas obras. A acadêmica é uma voz importantíssima na cultura brasileira.
Eurídice Hespanhol: À frente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, sua gestão tem sido marcada pelo apoio aos escritores brasileiros, especialmente, às mulheres, e pela promoção de eventos e iniciativas que valorizam a literatura nacional. Sua atuação é de grande valia para a classe dos escritores.
Dyandreia Portugal: Na presidência da Rede Sem Fronteiras, sua liderança tem sido essencial para a promoção da literatura em âmbito internacional, conectando escritoras de diferentes países e culturas. A Rede Sem Fronteiras é uma instituição que trabalha de forma global em prol da cultura.
Vera González: Como doutora e presidente da Academia Brasileira de Belas Artes, sua atuação abrange diversas formas de expressão artística, incluindo a literatura, contribuindo para a integração das diferentes manifestações culturais. A união das artes é, certamente, de grande importância para a cultura brasileira.
Essas mulheres extraordinárias desempenham um papel fundamental na cultura brasileira e universal, abrindo caminhos para novas gerações de escritoras e promovendo a igualdade de gênero no meio literário. Suas contribuições na "literocultura" são inestimáveis, e seus trabalhos são essenciais para a construção de um cenário literário mais justo e representativo.
Ana Maria defende que as academias e instituições literárias têm um papel fundamental na promoção da literatura feminina, oferecendo cursos, programas, pesquisa e espaços de discussão. O fomento à literatura feminina contribui para o surgimento de novos nomes no mercado, beneficiando tanto leitores quanto escritores. A literatura feminina tem o poder de influenciar a forma como as pessoas pensam sobre si mesmas e sobre o mundo, construindo uma nova geração de leitoras e escritoras conscientes.
A entrevista com Ana Maria Tourinho oferece uma visão otimista sobre o futuro da literatura feminina no Brasil, ao mesmo tempo em que reconhece os desafios e obstáculos que ainda precisam ser superados. A valorização da contribuição feminina na literatura e a promoção da igualdade de gênero são fundamentais para garantir um futuro mais justo e lícito para as escritoras brasileiras.
NOSSA VISÃO DO PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE
A discussão sobre o papel da mulher na sociedade é vasta e multifacetada. Além dos avanços na literatura e nas artes, há outros aspectos cruciais a serem considerados: A presença feminina em cargos de liderança em empresas, na política e em outras áreas está crescendo, mas ainda há muito a ser feito. Mulheres em posições de poder trazem perspectivas únicas e contribuem para decisões mais equilibradas e justas. É importante destacar que a presença feminina em cargos de liderança está diretamente ligada ao aumento da igualdade de gênero e ao desenvolvimento social e econômico.
Apesar dos avanços, mulheres ainda enfrentam desafios como a desigualdade salarial, a violência de gênero e a sobrecarga de trabalho doméstico. A dupla jornada de trabalho, em que mulheres conciliam trabalho remunerado e tarefas domésticas, é uma realidade para muitas. A violência de gênero, em suas diversas formas, é um problema grave que exige ações urgentes e eficazes.
Na educação. Esse instrumento é fundamental para o empoderamento feminino, pois permite que mulheres desenvolvam suas habilidades e alcancem seu potencial máximo. Investir na educação de meninas e mulheres é investir no futuro da sociedade como um todo. A educação é um dos principais instrumentos para combater a desigualdade de gênero e promover a igualdade de oportunidades.
A saúde da mulher é um tema complexo que abrange diversas questões, como saúde reprodutiva, saúde mental e prevenção de doenças. Garantir o acesso a serviços de saúde de qualidade para mulheres é fundamental para o bem-estar individual e coletivo. A saúde da mulher é um direito humano fundamental.
A participação da mulher na política ainda é muito baixa, e por isso é muito importante incentivar a participação da mulher na política. Mulheres em cargos políticos podem trazer perspectivas únicas e contribuir para decisões mais equilibradas e justas.
A luta pela igualdade de gênero é uma luta constante que exige o engajamento de toda a sociedade. Ao reconhecer e valorizar o papel da mulher em todas as áreas, podemos construir um futuro mais justo e igualitário para todos.
Assim, de certa forma a entrevistada presenteou a todos as mulheres no Mês da Mulher, que é um momento crucial para mobilizar a sociedade em prol da igualdade de gênero.
E todos nós ao compartilharmos as informações e histórias de sucesso, podemos incentivar ações e políticas a promoverem a igualdade de oportunidades para mulheres e homens. O Mês da Mulher é uma oportunidade para celebrarmos as conquistas femininas, refletirmos sobre os desafios persistentes e nos mobilizarmos por um futuro mais igualitário. É muito importante destacar o papel das mulheres que estão em cargos importantes na sociedade, pois elas são exemplos para as novas gerações. Portanto, ao salientarmos essas informações, estamos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária para todas as mulheres.
Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
LEIA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE ANA MARIA TOURINHO CONCEDIDA AO JORNAL POSTO SEIS, EDIÇÃO 590-MARÇO 2024.
ESCRITORA REFLETE SOBRE O PAPEL DA LITERATURA NAS LUTAS FEMININAS.
Março é considerado o mês da mulher, em celebração à conquista do espaço delas na sociedade. Em diversas áreas, como mercado de emprego e divisão dos trabalhos domésticos, a luta pela igualdade ainda está caminhando, ainda que o último século tenha sido marcado por avanços, muitos deles conquistados graças ás lutas das mulheres que, por terem acesso à educação, conseguiram romper barreiras. Muitas delas foram quebradas graças á literatura, campo em que as escritoras femininas ainda tentam firmar seus espaços. Para falar sobre essa questão, o Jornal Posto Seis conversou com a vice-presidente cultural mundial da Rede Sem Fronteiras, Ana Maria Tourinho
"O impacto da literatura feminina na sociedade e na cultura brasileira é significativo e diversificado. Por exemplo: trouxe à tona a experiência e a perspectiva das mulheres, que antes eram marginalizadas ou ignoradas, o que ajudou a criar uma maior visibilidade e representação, questionou e desafiou estereótipos e normas sociais, que restringiam as mulheres, e então se criou uma maior conscientização e debates sobre os direitos e a igualdade", analisa, destacando que os livros, em geral, apresentam perspectivas de pessoas de diferentes origens e classes sociais. "Eles criam uma identidade feminina, com influência na mídia e também na cultura popular", diz, citando nomes como Lygia Fagundes Telles, Cecília Meirelles, Cora Coralina, Carla Madeira, Carolina Maria de Jesus, Adélia Prado, Clarice Lispector e Hilda Hilst como expoentes dessa representatividade. "Desde Maria Firmina, que deve ter sido a primeira mulher brasileira a publicar um romance, o que a torna precursora não só como escritora negra, mas também por tratar da escravidão em um período que a escrita pública era predominantemente realizada por homens, se observa que as mulheres gradativamente tem se inspirado, escrevendo e publicando Ana Maria analisa que, em meio ás obras destas e tantas outras escritoras, a representação das figuras femininas nas narrativas escritas produzidas por mulheres costuma ser retratada não apenas por meio da apresentação de personagens com perfis bastantes distintos uns dos outros, mas também através da exposição de temas contemporâneos. O feminino, a igualdade de gênero, a justiça social e a sustentabilidade costumam aparecer em textos, assim como experiências diversas associadas à maternidade, à sexualidade, à violência e à luta pelos direitos. O tema "mulheres é extremamente relevante e rico".
Em meio à reflexão, a escritora aponta que, nos últimos anos, houve um crescimento significativo da presença feminina no mercado editorial, ainda que existam obstáculos dificultando lançamentos de iniciantes, "Eu diria que temos dificuldades em encontrar editoras e livrarias que comercializem nosso trabalho de forma digna, ética. Tenho conhecimentos de acordos feitos com editoras onde o autor recebe apenas 10% do valor de cada livro vendido e que, em contrato, concorda em não ser informado de quantos livros fórum impressos. Ficarmos com grande dificuldade em encontrar o equilíbrio entre criatividade e comercialização e se não tivermos um agente literário, as dificuldades são bem maiores",
Enquanto a falta de espaço comercial ainda é um problema, Ana Maria aponta que a participação feminina nas academias de letras e entidades literárias é crescente. "Historicamente, havia uma dominação masculina. No Brasil, por exemplo, fui informada que atualmente, das 40 Cadeiras da Academia Brasileira de Letras, nove são ocupadas por mulheres". No passado, a instituição era exclusivamente para homens. Em meio à essa ascensão, ela aponta que vários grupos, muitos deles apenas para autoras femininas, estão sendo criados, além de tantos outros estarem sendo presididos por mulheres.
"No Rio de Janeiro, por exemplo, temos na Academia Luso-brasileira a professora e escritora Maria Amélia Palladino; na Academia Brasileira de Belas Artes, a Dra. Vera Gonzalez, na Rede Sem Fronteiras, Dyandreia Valverde Portugal; na União Brasileira de Escritores, Eurídice Hespanhol, dentre outras", cita, acrescentando: "Além disso, alguns programas de mentoria, como as oficinas literárias, foram criados para apoiar e valorizar escritoras e ajudá-las a desenvolver suas carreiras, bem como seus projetos. Projetos, prêmios e reconhecimentos são criados para valorizar a contribuição e a presença feminina nas academias e instituições literárias. E importante continuar a trabalhar para promover a igualdade de gênero e valorizar a contribuição das mulheres para a li teratura", pontua, continuando: "As academias podem e devem desempenhar papel importante na promoção da literatura feminina e na formação de novas gerações de escritoras. Isso pode incluir, dentre outras coisas, oferecer cursos e programas; promover a pesquisa e a critica; e criar espaços de discussão para debater e refletir sobre a literatura e a escrita feminina". Em sua visão, isso fomentaria o surgimento de novos nomes no mercado, o que seria benéfico tanto para quem lê quanto para quem escreve: "A literatura tem o poder de influenciar a forma como as pessoas pensam sobre si mesmas e sobre o mundo ao seu redor. A feminina, em particular, pode ajudar a construir uma nova geração de leitoras e escritoras que sejam mais conscientes de suas próprias experiências e perspectivas".
Posto Seis
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