segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

CARTA ABERTA AO UNIVERSO DA SÉTIMA ARTE - EFEMÉRIDES DO FOCUS PORTAL CULTURAL – 1º DE DEZEMBRO DE 2025 - WOODY ALLEN, 90 ANOS


"Foi Sávio Soares de Sousa quem me ensinou que a Sétima Arte não é apenas cinema: é o olhar humano transformado em eternidade."

Aprendi a gostar profundamente da Sétima Arte aqui, nesse vasto universo cultural fluminense, por intermédio do mestre Sávio Soares de Sousa, cinéfilo inveterado, especialista em cinema, literatura e cultura. Foi ele quem me revelou que o cinema não é apenas entretenimento, mas uma linguagem universal capaz de traduzir emoções, filosofias e sonhos. Através de suas palavras, compreendi que cada filme é uma janela para o mundo e que a Sétima Arte é, em essência, uma forma de eternizar o humano. Nesta postagem, rendemos homenagem ao nosso saudoso Sávio Soares de Sousa, que em momento especial me falou com entusiasmo de Woody Allen como um de seus ídolos, quando conversávamos sobre o filme Meia-Noite em Paris.

Efeméride. Neste 1º de dezembro de 2025, o mundo cultural celebra uma efeméride de rara importância: os 90 anos de Woody Allen. Nascido Allan Stewart Konigsberg, em Nova Iorque, em 1935, Allen construiu uma trajetória artística que se estende por mais de seis décadas e que se tornou um dos pilares da cinematografia contemporânea. Cineasta, roteirista, ator, músico e comediante, sua obra transcende fronteiras e permanece como testemunho da inquietação criativa de um homem que fez da arte um espelho das complexidades humanas. 

Desde os primeiros passos como humorista e roteirista televisivo, Allen revelou uma sensibilidade ímpar para captar o absurdo da vida cotidiana. Essa veia humorística, marcada por ironia e autodepreciação, logo se transformou em linguagem cinematográfica. Em 1969, com Um Assaltante Bem Trapalhão, ele iniciou uma carreira de diretor que se tornaria prolífica e multifacetada. Mas foi em 1977, com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall), que Allen conquistou o reconhecimento mundial, ao vencer o Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. A obra, que mistura romance e reflexão existencial, tornou-se um marco da comédia moderna e redefiniu o gênero. 

Nos anos seguintes, vieram obras igualmente memoráveis: Manhattan, 1979, uma declaração de amor à cidade que moldou sua identidade artística; A Rosa Púrpura do Cairo, 1985, uma fábula sobre o poder transformador do cinema; Hannah e Suas Irmãs, 1986, que entrelaça dramas familiares com humor refinado; e Crimes e Pecados, 1989, onde a moralidade e a culpa se confrontam em narrativa de rara densidade filosófica. Cada filme é uma peça de um mosaico que revela o olhar de Allen sobre o amor, a solidão, a arte e a fragilidade humana. 

A partir dos anos 2000, Woody Allen renovou sua obra ao dialogar com cenários europeus. Match Point, 2005 trouxe uma atmosfera sombria e trágica ambientada em Londres, enquanto Meia-Noite em Paris, 2011 encantou plateias ao transportar o espectador para encontros imaginários com ícones da literatura e da arte. Este último lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original, reafirmando sua capacidade de reinventar-se e de dialogar com novas gerações. 

Não se pode esquecer que, além do cinema, Woody Allen é também músico apaixonado. Clarinetista de jazz, ele se apresenta regularmente em clubes nova-iorquinos, mantendo viva a tradição musical que tanto influenciou suas trilhas sonoras. Essa faceta musical reforça a ideia de que sua arte é múltipla, atravessando linguagens e revelando um criador inquieto e incansável.

Ao longo de sua carreira, Allen realizou mais de 50 filmes, muitos deles considerados clássicos modernos. Sua obra é marcada por diálogos ágeis, personagens neuróticos e dilemas existenciais que, ao mesmo tempo, divertem e provocam reflexão. Ele nos ensinou que o cinema pode ser tanto entretenimento quanto filosofia, tanto riso quanto melancolia.

Hoje, ao completar 90 anos, Woody Allen é celebrado não apenas como cineasta, mas como um dos grandes cronistas da vida urbana contemporânea. Seus filmes continuam a ser revisitados, estudados e debatidos, confirmando sua relevância cultural. O Focus Portal Cultural presta homenagem a este artista que, com humor e inteligência, nos ofereceu uma visão singular do mundo.

Que esta efeméride inspire o público a redescobrir obras como Zelig, 1983, A Era do Rádio, 1987, Celebridades, 1998, Vicky Cristina Barcelona, 2008 e tantas outras que compõem um legado vasto e inesgotável. Woody Allen chega aos 90 anos como testemunho vivo de que a arte é capaz de atravessar o tempo e permanecer atual, inquieta e necessária. 

Parabéns, Woody Allen, pelos 90 anos! Que sua obra continue a iluminar o cinema e a cultura mundial. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural
















SEJA BEM-VINDO, DEZEMBRO! - TEXTO REFLEXIVO DE ALBERTO ARAÚJO

Dezembro chega como um palco iluminado, onde a cultura se veste de festa e memória. É o mês em que o tempo parece suspenso entre balanços e esperanças, entre o fim e o começo. Como escreveu Clarice Lispector, “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” Talvez seja isso que sentimos ao abrir as portas para o último mês do ano: uma busca por algo que transcenda o calendário, que nos conecte ao que é eterno. 

A literatura sempre soube traduzir este instante. Fernando Pessoa dizia que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, e em Dezembro essa frase ecoa como um convite à reflexão sobre o que fizemos e o que ainda sonhamos. Guimarães Rosa lembrava que “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.” Dezembro é justamente esse embrulho: um pacote de memórias, de encontros, de despedidas e de promessas. 

A cultura também celebra neste mês um ícone do cinema: Woody Allen, que completa 90 anos em 1º de dezembro. O cineasta, com sua ironia peculiar, já disse que “a vida é cheia de miséria, solidão e sofrimento, e o pior de tudo é que acaba rápido demais.” Uma frase que, longe de ser apenas melancólica, nos lembra da urgência de viver, de rir, de amar, de criar. Dezembro, com suas luzes e rituais, é um lembrete de que o tempo corre, mas a arte nos dá a chance de eternizar instantes.

A música também se faz presente: é o mês em que as ruas se enchem de canções natalinas, mas também de melodias que nos embalam em despedidas e esperanças. Como disse Nietzsche, “sem a música, a vida seria um erro.” E talvez seja por isso que Dezembro soe como uma grande sinfonia, onde cada nota é uma lembrança e cada acorde, uma expectativa. 

Bem-vindo, Dezembro, com tua aura de encerramento e renascimento. Que possamos atravessar tuas páginas como quem lê um grande romance, assiste a um filme inesquecível ou escuta uma canção que nunca envelhece. Que a cultura nos guie, que os escritores nos inspirem, que o cinema nos provoque e que a música nos embale. Porque, no fim, como disse Drummond, “há sempre um copo de mar para um homem navegar.” 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

 

MUSEU ANTONIO PARREIRAS HOMENAGEIA ARTISTAS NEGROS EM EXPOSIÇÃO


Mostra ressalta importância da arte na luta e resistência contra o racismo 

Em homenagem ao Dia da Consciência Negra e ao Dia Nacional de Zumbi, comemorados em novembro, a exposição “Zumbi: Reinar sobre a história” chega ao Museu Antonio Parreiras, em Niterói, na próxima quarta-feira, 03, com uma celebração da cultura afrobrasileira e a proposta de pensar a arte como um espaço de luta e afirmação de identidades. A mostra gratuita tem o objetivo de retratar o protagonismo de artistas negros na história da arte brasileira, evidenciando sua contribuição estética, cultural e social. 

O grande destaque da mostra é a obra “Zumbi”, de Antonio Parreiras, pintada em 1927 em óleo sobre tela. A pintura retoma a tradição dos retratos oficiais da monarquia, porém subverte essa noção ao representar no trono simbólico o líder do Quilombo dos Palmares. Embora pintada por um artista branco, esta obra mobiliza um debate necessário ao retratar, em 1927, um corpo negro com a mesma dignidade reservada aos heróis brancos da nação. 

O museu reafirma seu papel como espaço de reflexão e de valorização das narrativas que moldam o Brasil. Esta exposição nos lembra que a arte também é instrumento de resistência, e que reconhecer o protagonismo de artistas negros é essencial para compreender nossa própria história”, disse Fátima Henriques, diretora do Museu Antonio Parreiras.

Representação e resistência de artistas negros

Inspirada nas trajetórias e enfrentamentos de artistas negros diante das barreiras impostas pela Academia Imperial de Belas Artes, a exposição toma como ponto de partida as biografias de nomes como Estevão Silva. Documentos da época revelam que o pintor era frequentemente identificado como “africano”, em contraste ao reconhecimento de outros como “brasileiros”. 

Com curadoria da equipe do museu, “Zumbi: Reinar sobre a história” propõe uma reflexão sobre a exclusão e a resistência no campo das artes, destacando a potência criativa de artistas negros. Ao todo, 26 obras vão estar disponíveis para o público na mostra até o início de 2026.


Serviço

Evento: Estreia da exposição “Zumbi: Reinar sobre a história”

Data: 03 de dezembro de 2025, às 12h

Entrada: Gratuita

Local: Museu Antonio Parreiras. Rua Tiradentes, 47 - Ingá, Niterói – RJ.