A segunda-feira chega como um rito de passagem. É o dia em que o descanso se despede e o trabalho se anuncia, em que o silêncio do domingo se transforma em movimento. Muitos a veem como peso, mas na verdade ela é o portal dos recomeços. Como escreveu Paulo Leminski, “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além.” A segunda é esse além: o convite a ser inteiro, mesmo no esforço.
A literatura nos ensina que todo início carrega potência. José de Alencar dizia: “A vida é uma viagem, e quem viaja vive duas vezes.” A segunda-feira é o embarque: o instante em que nos lançamos novamente ao caminho, conscientes de que cada semana é uma nova travessia.
A filosofia nos provoca a refletir sobre o sentido do começo. Aristóteles escreveu: “A excelência não é um ato, mas um hábito.” A segunda é o dia em que os hábitos se renovam, em que a disciplina se reafirma, em que a constância se torna virtude.
O cinema também ilumina este dia. Charlie Chaplin dizia: “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.” A segunda-feira é esse convite à coragem: enfrentar o cotidiano sem medo, transformar o comum em espetáculo, rir mesmo diante das dificuldades.
A música embala o espírito. Como cantou Renato Russo, “Quem acredita sempre alcança.” A segunda é esse acreditar: o dia em que a fé se traduz em ação, em que o sonho se veste de trabalho, em que a esperança se torna prática.
A poesia nos atravessa. Cecília Meireles escreveu: “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e voltar sempre inteira.” A segunda é essa primavera: o instante em que nos deixamos cortar pelo esforço, mas voltamos inteiros pela esperança.
A espiritualidade nos conduz. Madre Teresa de Calcutá dizia: “Não deixe que ninguém saia de sua presença sem se sentir melhor e mais feliz.” A segunda-feira é esse gesto: o dia em que podemos transformar o peso em leveza, o trabalho em cuidado, o encontro em bênção.
O universo nos envolve. Carl Sagan lembrava: “O cosmos está dentro de nós. Somos feitos da mesma matéria das estrelas.” A segunda é esse cosmos interior: o instante em que reconhecemos que cada tarefa é também uma centelha, cada gesto é também uma constelação.
No fim, a segunda-feira é como descreveu Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.” A segunda é esse embrulho: o pacote de esforço e esperança, de rotina e transcendência, de começo e de promessa.
Bem-vinda,
segunda-feira. Que tuas horas sejam férteis como sementes, que teus recomeços
sejam fecundos como jardins, que tua coragem nos ensine que até o início da
semana pode ser poesia. Porque, como disse Cecília Meireles, “Aprendi com as
primaveras a deixar-me cortar e voltar sempre inteira.”
©
Alberto Araújo
Focus
Portal Cultural

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