O bairro de São Domingos, em Niterói, sempre foi marcado pela presença da Universidade Federal Fluminense e pela atmosfera cultural que se espalha pelas ruas estreitas e arborizadas. Agora, um de seus símbolos arquitetônicos, o casarão histórico da Rua Lara Vilela, prepara-se para assumir uma nova identidade: tornar-se o Arariboia Tecno, um centro de inovação dedicado à indústria criativa e ao fortalecimento do setor audiovisual.
A proposta não é apenas restaurar um prédio antigo, mas sim dar vida a um espaço que se tornará referência na formação de profissionais, na incubação de projetos e na atração de empresas ligadas ao audiovisual. Com investimento inicial estimado em R$ 5 milhões, o empreendimento nasce com a ambição de atender até 2 mil empresas e consolidar Niterói como um polo competitivo nesse mercado.
O edifício que abrigará o Arariboia Tecno tem longa trajetória ligada à educação e à cultura. Atualmente, funciona ali o Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF, mas sua arquitetura remete a tempos em que a cidade ainda se expandia em direção ao mar e à modernidade. A escolha do local não é casual: trata-se de unir tradição e inovação, criando um elo entre a memória urbana e as demandas contemporâneas da economia criativa.
O projeto nasce de uma articulação ampla. Estão envolvidos a própria UFF, a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), a Araci Incubadora Audiovisual, a Fundação Euclides da Cunha (FEC), a Prefeitura de Niterói e o Reserva Cultural. Essa rede de instituições garante não apenas o aporte financeiro, mas também a diversidade de experiências e saberes necessários para sustentar um centro de inovação.
A ideia é que o Arariboia Tecno funcione como um ecossistema: empresas, estudantes, produtores independentes e profissionais especializados poderão se encontrar, trocar experiências e desenvolver projetos em conjunto.
Um dos pilares do Arariboia Tecno será
a oferta de cursos de capacitação. A proposta é atender tanto jovens que buscam
sua primeira oportunidade quanto profissionais que desejam se especializar em
funções técnicas do audiovisual.
Segundo Índia Mara Martins, professora da UFF e vice-coordenadora da Araci Incubadora Audiovisual, o objetivo é criar formações rápidas e práticas, voltadas para funções essenciais em um set de filmagem. “Queremos formar eletricistas de set, marceneiros, pintores, costureiras de figurino. São atividades que não exigem diploma universitário, mas que fazem toda a diferença na engrenagem de uma produção”, explica.
Essa estratégia tem impacto direto na
empregabilidade. Ao oferecer cursos livres e acessíveis, o centro pretende
ampliar o número de profissionais qualificados disponíveis na cidade, tornando
Niterói mais atrativa para produtoras que buscam mão de obra local.
Além da formação, o Arariboia Tecno terá como função oferecer locação para produções audiovisuais. Isso significa que produtoras poderão filmar na cidade com infraestrutura adequada, sem precisar deslocar equipes para outros municípios. Essa proximidade reduz custos e fortalece a economia local, já que movimenta serviços de hospedagem, alimentação e transporte.
O audiovisual é uma das indústrias criativas que mais crescem no Brasil. Em Niterói, a expectativa é que o Arariboia Tecno funcione como catalisador de novas oportunidades. Ao atrair empresas e estimular a formação de profissionais, o centro contribuirá para consolidar a cidade como referência cultural e econômica.
O impacto não se limita ao setor audiovisual. A presença de um polo de inovação em São Domingos deve irradiar efeitos para outras áreas, como turismo, comércio e educação. Crianças e jovens terão acesso a cursos e oficinas, ampliando horizontes e preparando-se para profissões ligadas ao futuro.
As obras de reforma do casarão estão previstas para começar em 2026, mas atividades iniciais já devem ocorrer antes mesmo da conclusão das intervenções. A ideia é que o espaço comece a pulsar desde cedo, com eventos, oficinas e encontros que mobilizem a comunidade acadêmica e os profissionais da área.
O nome “Arariboia Tecno” carrega simbolismo. Arariboia, líder indígena que marcou a história da cidade, representa resistência e identidade. Ao associar sua memória a um centro tecnológico, o projeto reforça a ideia de que inovação e tradição podem caminhar juntas.
Com esse movimento, Niterói se posiciona como território criativo, capaz de competir com grandes centros de produção audiovisual do país. Mais do que um prédio restaurado, o Arariboia Tecno será um laboratório de ideias, um espaço de encontro e um motor de desenvolvimento.
Crédito da Foto: Paula Fernandes
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural

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