A existência humana é uma tapeçaria viva, tecida com fios de lembranças, emoções e afetos que se entrelaçam ao longo do tempo. Cada passo que damos, cada sorriso que deixamos escapar, cada lágrima que cai silenciosa, compõe um mosaico singular daquilo que somos e daquilo que ainda podemos ser. A vida, com sua natureza imprevisível, não se limita a seguir um roteiro fixo, ela se reinventa a cada instante, moldando-se pelas experiências que acumulamos e pelos sentimentos que nos atravessam.
No coração da memória, a saudade pulsa como uma melodia persistente. Ela ecoa entre os risos que ficaram no passado e os sonhos que se dispersaram pelo caminho. Não é apenas ausência, mas presença transformada: um afeto que permanece, mesmo quando o tempo insiste em seguir adiante. Carregamos no peito uma coleção de afetos diversos, alguns suaves como brisa, outros intensos como tempestade e todos eles dançam ao ritmo do tempo, compondo uma sinfonia de lembranças que nos define.
Há dias em que o sol brilha com generosidade, iluminando nossos passos com esperança. E há noites que voam rápidas, levando consigo os suspiros e os silêncios que não ousamos compartilhar. Em meio a essa alternância de luz e sombra, a vida nos oferece versos de alegria e gestos de tristeza, como se nos ensinasse que o equilíbrio entre os extremos é o segredo da plenitude. As curvas do tempo, com sua sabedoria silenciosa, suavizam as dores e acolhem os erros, permitindo que o amor floresça mesmo após a tormenta.
A lágrima que escapa não é sinal de fraqueza, mas de humanidade. Ela prepara o terreno para o renascimento do amor, como a flor que desabrocha depois da chuva. Na saudade, descobrimos um sabor doce e eterno uma espécie de ternura que nos conecta ao que fomos e ao que ainda podemos ser. É nesse espaço entre o que passou e o que virá que a vida encontra sua força criadora.
Entre altos e baixos, entre perdas e reencontros, a vida inventa caminhos. Ela não se contenta com o óbvio, nem se rende ao desânimo. Em sua essência, há uma pulsação constante de reinvenção, uma busca por sentido mesmo nas horas mais incertas. O tempo, com sua marcha contínua, tenta impor limites, mas a vida, rebelde e poética, insiste em transcender. Ela transforma dor em aprendizado, saudade em inspiração, e amor em eternidade.
Assim, viver é mais do que existir é permitir que a vida nos surpreenda, nos molde, nos reinvente. É aceitar que o equilíbrio entre amor e dor não é um destino, mas um processo. E nesse processo, somos convidados a dançar com a vida, a acolher suas invenções, e a reconhecer que, mesmo nas tempestades, há sempre espaço para florescer.
© Alberto Araújo
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