domingo, 14 de dezembro de 2025

CARLOS MÔNACO - GUARDIÃO DA CULTURA DE NITERÓI - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

Carlos Mônaco e Alberto Araújo
Durante a Solenidade de Intelectual do Ano 2025 
a  Célio Erthal Rocha  - 13-12-25

Em Niterói, há nomes que se enlaçam com a própria história da cidade. Entre eles, destaca-se o de Carlos Silvestre Mônaco, o livreiro que transformou a Livraria Ideal em um verdadeiro templo da cultura. Mais do que um espaço comercial, a livraria tornou-se ponto de encontro de intelectuais, artistas, estudantes e curiosos, atravessando gerações e resistindo às mudanças do tempo. 

A trajetória de Carlos Mônaco é inseparável da memória da imigração italiana em Niterói. Filho de Silvestre Mônaco, que junto a Emílio Petraglia fundou a Livraria Ideal em 1935, cresceu entre livros, revistas e conversas que moldaram sua visão de mundo. Desde cedo, aprendeu que a livraria não era apenas um negócio, mas um espaço de convivência, de circulação de ideias e de estímulo à criação artística.

Ao longo de mais de quatro décadas à frente da Livraria Ideal, localizada na Rua Visconde de Itaboraí, no coração da cidade, Carlos Mônaco consolidou sua imagem como resistente cultural. Em tempos de avanço tecnológico e da era digital, manteve o espaço vivo, acolhedor e pulsante, atraindo leitores de todas as idades. Seu compromisso não era apenas vender livros, mas preservar a memória e fomentar o diálogo cultural. 

A Livraria Ideal foi palco de lançamentos, debates, exposições e encontros que marcaram a vida cultural de Niterói. Ali, escritores locais encontraram apoio, jovens estudantes descobriram novos horizontes e artistas tiveram espaço para mostrar seu trabalho. Carlos Mônaco sempre acreditou no poder transformador da cultura e, com generosidade, estendeu sua mão a quem buscava oportunidade. Muitos talentos foram revelados graças à sua confiança e incentivo. 

Seu perfil é o de um homem que vive para os livros e para as pessoas. Nascido em 10 de março de 1936, hoje, aos 89 anos, continua presente diariamente na livraria, como testemunha viva da resistência cultural. Seu filho hoje cuida das vendas pela internet, mas Carlos permanece no balcão, conversando com clientes, indicando obras, compartilhando histórias. É como se cada livro vendido fosse também um pedaço de sua própria vida entregue ao leitor.

A importância de Carlos Mônaco transcende a livraria. Ele é símbolo da cultura niteroiense, da persistência em manter viva a chama da leitura e da memória. Sua trajetória é marcada por gestos de confiança e incentivo, como quando acreditou em jovens escritores e jornalistas, oferecendo espaço no Jornal Literato, publicado pela Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro. Esses gestos revelam sua crença na potência criadora das pessoas e na necessidade de dar voz a quem deseja se expressar. 

O reconhecimento a Carlos Mônaco não se limita às homenagens individuais. Em março, por ocasião de seu aniversário natalício em 10 de março, a Prefeitura Municipal de Niterói decretou a Semana da Cultura de Niterói, em reverência à sua trajetória e ao legado da Livraria Ideal. Esse gesto institucional simboliza o que já era evidente para todos: Carlos Mônaco é patrimônio vivo da cidade, guardião da memória e da cultura. 

A Semana da Cultura não celebra apenas um homem, mas a ideia de que a cultura é essencial para a vida coletiva. Ao homenagear Carlos Mônaco, Niterói reafirma seu compromisso com a arte, a literatura e a memória, reconhecendo que o livreiro é mais do que comerciante: é mediador de sonhos, construtor de pontes, guardião de histórias.

Carlos Mônaco é, em essência, um homem de livros e de gente. Sua trajetória mostra que a cultura não se faz apenas em grandes palcos ou instituições, mas também em espaços cotidianos, como uma livraria no centro da cidade. Ali, entre estantes e conversas, construiu-se uma história que hoje é celebrada por toda Niterói. 

Ao receber a reverência da Prefeitura e ao ver seu aniversário transformado em Semana da Cultura, Carlos Mônaco não apenas é homenageado: ele é consagrado como símbolo da resistência cultural. Sua vida é testemunho de que, mesmo em tempos de mudanças, a palavra escrita e o encontro humano continuam sendo os pilares da nossa identidade. 

Na oportunidade, trago também ao público minha própria gratidão e testemunho. Recordo que, há muitos anos, em 2011, o livreiro Carlos Mônaco acreditou em meu trabalho quando eu frequentava os eventos no Calçadão da Cultura, promovidos pela Livraria Ideal, de sua propriedade. Em gesto generoso, Mônaco chegou até mim e disse que acreditava em minha potencialidade. Foi então que me confiou a página do Grupo Mônaco de Cultura no Jornal Literato para que eu a editasse.

A experiência foi fecunda, conseguimos produzir inúmeras páginas, dando voz a escritores, artistas e pensadores. O Jornal Literato era publicado pela Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IOERJ), também conhecida pelo nome fantasia Nova Imprensa Oficial, dirigida à época por Haroldo Zagger Faria Tinoco. Haroldo, personalidade de grande envolvimento cultural, trabalhou por muitos anos na IOERJ, ocupando cargos e promovendo eventos. Foi ele com apoio integral do governo do estado, quem abriu a Sala de Cultura Leila Diniz, inaugurada em 1º de julho de 2011, espaço que se tornou referência de liberdade de expressão e apoio à produção artística. 

A Sala, mantida pela própria IOERJ, contou com a participação de nomes como a cineasta Janaína Diniz Guerra, filha de Leila Diniz, que a descreveu como um lugar de liberdade e criação. Era, e continua sendo, um equipamento do Governo do Estado para fomentar a arte, um espaço que simboliza a resistência cultural e a valorização da memória. 

Ao relembrar esse momento, reafirmo minha gratidão a Carlos Mônaco, que acreditou em mim e me ofereceu oportunidade de contribuir com a cultura fluminense. Esse depoimento pessoal se soma ao da Diva Magda Belloti, pois ambos os testemunhos revelam que a cultura se constrói não apenas com grandes solenidades, mas também com gestos de confiança, encontros e mãos estendidas.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

 

Exemplar do Jornal Literato 

Exemplar do Jornal Literato

Público presente da Livraria Ideal

Alberto Araújo recebe autógrafo

Alberto recebe autógrafo do escritor José Alonso.

Carlos Augusto e Márcia Erthal, Liane Arêas
posam ao lado de Luís Antônio Pimentel. 

Carlos Mônaco

Maria Helena Lattini, o saudoso Sergio Caldieri
e a professora escritora Dalma Nascimento

Público presente no lançamento do livro
de Dionilce Faria

Dionilce de Faria autografa livro ao Carlos Mônaco

Marco Aurélio, Dionilce de Faria e Alberto Araújo


Luís Antônio Pimentel e Alberto Araújo

Alberto Araújo em momento do lançamento
do seu livro Identidade do Sol

Lea Mônaco recebe autógrafo de Alberto Araújo

Alberto Araújo e Renata Palmier








Publico presente no lançamento do livro de
Alberto Araújo




Alberto Araújo e Shirley Araújo



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