Dezembro chega como um palco iluminado, onde a cultura se veste de festa e memória. É o mês em que o tempo parece suspenso entre balanços e esperanças, entre o fim e o começo. Como escreveu Clarice Lispector, “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” Talvez seja isso que sentimos ao abrir as portas para o último mês do ano: uma busca por algo que transcenda o calendário, que nos conecte ao que é eterno.
A literatura sempre soube traduzir este instante. Fernando Pessoa dizia que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, e em Dezembro essa frase ecoa como um convite à reflexão sobre o que fizemos e o que ainda sonhamos. Guimarães Rosa lembrava que “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.” Dezembro é justamente esse embrulho: um pacote de memórias, de encontros, de despedidas e de promessas.
A cultura também celebra neste mês um ícone do cinema: Woody Allen, que completa 90 anos em 1º de dezembro. O cineasta, com sua ironia peculiar, já disse que “a vida é cheia de miséria, solidão e sofrimento, e o pior de tudo é que acaba rápido demais.” Uma frase que, longe de ser apenas melancólica, nos lembra da urgência de viver, de rir, de amar, de criar. Dezembro, com suas luzes e rituais, é um lembrete de que o tempo corre, mas a arte nos dá a chance de eternizar instantes.
A música também se faz presente: é o mês em que as ruas se enchem de canções natalinas, mas também de melodias que nos embalam em despedidas e esperanças. Como disse Nietzsche, “sem a música, a vida seria um erro.” E talvez seja por isso que Dezembro soe como uma grande sinfonia, onde cada nota é uma lembrança e cada acorde, uma expectativa.
Bem-vindo, Dezembro, com tua aura de encerramento e renascimento. Que possamos atravessar tuas páginas como quem lê um grande romance, assiste a um filme inesquecível ou escuta uma canção que nunca envelhece. Que a cultura nos guie, que os escritores nos inspirem, que o cinema nos provoque e que a música nos embale. Porque, no fim, como disse Drummond, “há sempre um copo de mar para um homem navegar.”
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
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