"Foi Sávio Soares de Sousa quem me ensinou que a Sétima Arte não é apenas cinema: é o olhar humano transformado em eternidade."
Aprendi a gostar profundamente da Sétima Arte aqui, nesse vasto universo cultural fluminense, por intermédio do mestre Sávio Soares de Sousa, cinéfilo inveterado, especialista em cinema, literatura e cultura. Foi ele quem me revelou que o cinema não é apenas entretenimento, mas uma linguagem universal capaz de traduzir emoções, filosofias e sonhos. Através de suas palavras, compreendi que cada filme é uma janela para o mundo e que a Sétima Arte é, em essência, uma forma de eternizar o humano. Nesta postagem, rendemos homenagem ao nosso saudoso Sávio Soares de Sousa, que em momento especial me falou com entusiasmo de Woody Allen como um de seus ídolos, quando conversávamos sobre o filme Meia-Noite em Paris.
Efeméride. Neste 1º de dezembro de 2025, o mundo cultural celebra uma efeméride de rara importância: os 90 anos de Woody Allen. Nascido Allan Stewart Konigsberg, em Nova Iorque, em 1935, Allen construiu uma trajetória artística que se estende por mais de seis décadas e que se tornou um dos pilares da cinematografia contemporânea. Cineasta, roteirista, ator, músico e comediante, sua obra transcende fronteiras e permanece como testemunho da inquietação criativa de um homem que fez da arte um espelho das complexidades humanas.
Desde os primeiros passos como humorista e roteirista televisivo, Allen revelou uma sensibilidade ímpar para captar o absurdo da vida cotidiana. Essa veia humorística, marcada por ironia e autodepreciação, logo se transformou em linguagem cinematográfica. Em 1969, com Um Assaltante Bem Trapalhão, ele iniciou uma carreira de diretor que se tornaria prolífica e multifacetada. Mas foi em 1977, com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall), que Allen conquistou o reconhecimento mundial, ao vencer o Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. A obra, que mistura romance e reflexão existencial, tornou-se um marco da comédia moderna e redefiniu o gênero.
Nos anos seguintes, vieram obras igualmente memoráveis: Manhattan, 1979, uma declaração de amor à cidade que moldou sua identidade artística; A Rosa Púrpura do Cairo, 1985, uma fábula sobre o poder transformador do cinema; Hannah e Suas Irmãs, 1986, que entrelaça dramas familiares com humor refinado; e Crimes e Pecados, 1989, onde a moralidade e a culpa se confrontam em narrativa de rara densidade filosófica. Cada filme é uma peça de um mosaico que revela o olhar de Allen sobre o amor, a solidão, a arte e a fragilidade humana.
A partir dos anos 2000, Woody Allen renovou sua obra ao dialogar com cenários europeus. Match Point, 2005 trouxe uma atmosfera sombria e trágica ambientada em Londres, enquanto Meia-Noite em Paris, 2011 encantou plateias ao transportar o espectador para encontros imaginários com ícones da literatura e da arte. Este último lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original, reafirmando sua capacidade de reinventar-se e de dialogar com novas gerações.
Não se pode esquecer que, além do cinema, Woody Allen é também músico apaixonado. Clarinetista de jazz, ele se apresenta regularmente em clubes nova-iorquinos, mantendo viva a tradição musical que tanto influenciou suas trilhas sonoras. Essa faceta musical reforça a ideia de que sua arte é múltipla, atravessando linguagens e revelando um criador inquieto e incansável.
Ao longo de sua carreira, Allen realizou mais de 50 filmes, muitos deles considerados clássicos modernos. Sua obra é marcada por diálogos ágeis, personagens neuróticos e dilemas existenciais que, ao mesmo tempo, divertem e provocam reflexão. Ele nos ensinou que o cinema pode ser tanto entretenimento quanto filosofia, tanto riso quanto melancolia.
Hoje, ao completar 90 anos, Woody Allen é celebrado não apenas como cineasta, mas como um dos grandes cronistas da vida urbana contemporânea. Seus filmes continuam a ser revisitados, estudados e debatidos, confirmando sua relevância cultural. O Focus Portal Cultural presta homenagem a este artista que, com humor e inteligência, nos ofereceu uma visão singular do mundo.
Que esta efeméride inspire o público a redescobrir obras como Zelig, 1983, A Era do Rádio, 1987, Celebridades, 1998, Vicky Cristina Barcelona, 2008 e tantas outras que compõem um legado vasto e inesgotável. Woody Allen chega aos 90 anos como testemunho vivo de que a arte é capaz de atravessar o tempo e permanecer atual, inquieta e necessária.
Parabéns, Woody Allen, pelos 90 anos! Que sua obra continue a iluminar o cinema e a cultura mundial.
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural








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