A
pintura do artista Lemonnier, chamada “A Leitura de O Órfão da China
de François Marie Arouet, mas conhecido como Voltaire, no Salão da Madame
Geofrin”, mostra o apreço pelo filósofo na época.
Pintado
em 1822 pelo artista francês Anicet Charles Gabriel Lemonnier o quadro
representa um encontro que teria ocorrido em 1.755 na casa da madame
Marie-Thèrèse Geoffrin(1699-1777). Na realidade, a obra é uma grande fantasia
do pintor, pois, ele agrupou em uma mesma cena personagens que jamais se
encontraram, ou que nunca estiveram ao mesmo tempo nos salões de madame
Geoffrin.
Do
ponto de vista da expressão artística, isso é o que chamamos de "licença
poética", recurso pelo qual um artista modifica a realidade para dar
realce a aspectos que consideram importantes. A intenção de Lemonnier ao pintar
essa tela era "fazer ver" algumas das personagens mais importantes do
Iluminismo francês. O fato de algumas delas nunca terem se encontrado nos
salões de madame Geoffrin, pois, não tinha importância nesse contexto.
Para
marcar a importância de Voltaire sem representá-lo entre os outros convidados,
o pintor Lemonnier resolveu representá-lo por meio de um busto, colocado quase
no centro da tela. Logo, estas figuras se associam não por suas vidas, mas
pelas suas ideias, sendo representadas como "construtores" coletivos
de uma ideologia que ajudou a construir a Europa e que agora estava se
espalhando para diversas regiões ao redor do mundo, em nome da
"civilização" dos "bárbaros", uma destas regiões foi,
justamente, a China. A tela de Lemonnier retrata uma fantasia do pintor, ao
reunir ali grandes personagens do iluminismo francês.
François
Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, foi um dos mais
importantes filósofos do iluminismo. Defensor das liberdades individuais e da
tolerância foi uma das principais inspirações da Revolução Francesa.
Voltaire
entendia que o rei representava e dirigia a nação. Porém, para ele, o poder
absoluto do monarca deveria ser empregado para alcançar um progresso cultural e
social, capaz de atender aos interesses de seus súditos. O pensador francês
defendia a liberdade de expressão e julgava essencial combater o clero e também
todos os nobres que fizessem oposição aos monarcas. Também defendia reformas
educacionais e o apoio ao comércio controlado pela burguesia.
Para Voltaire, deve ser garantido às pessoas o direito à liberdade de expressão, à liberdade religiosa e à liberdade política. Por suas defesas, o filósofo foi perseguido pela Igreja Católica e pelo Estado absolutista francês.
UM POUCO SOBRE VOLTAIRE
François-Marie
Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire nasceu em Paris, 21 de novembro
de 1694 e faleceu em Paris, 30 de maio de 1778, foi um escritor, ensaísta,
deísta e filósofo iluminista francês.
Conhecido
pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis,
inclusive liberdade religiosa e livre comércio, é uma dentre muitas figuras do
Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da
Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu
cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de
teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20
mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos.
Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.
UM POUCO SOBRE ANICET CHARLES GABRIEL LEMONNIER
Anicet
Charles Gabriel Lemonnier nasceu em 6 de junho de 1743 e faleceu em 17 de
agosto de 1824 foi um conhecido pintor francês de temas históricos que atuou
antes, durante e depois da Revolução Francesa.
Lemonnier
nasceu em Rouen. Foi aluno de Jean-Baptiste Descamps na Escola de Belas Artes
de Rouen, depois de Joseph-Marie Vien, onde teve como colegas e amigos
Jacques-Louis David e François-André Vincent. Com uma aparência agradável,
muita inteligência natural e excelentes recomendações, ele logo foi admitido na
melhor sociedade da capital, especialmente no salão de Marie Thérèse Rodet
Geoffrin, que gostou dele. Em 1772 exibiu Os Filhos de Niobe mortos por Apolo e
Diana, obra que lhe rendeu o Prêmio de Roma.
Viveu
em Roma, como licenciado do Governo, de 1774 a 1784. Neste país das artes,
Lemonnier encontrou um lar cheio de bondade com o famoso diplomata poeta,
Cardeal de Bernis, e dedicou-se com entusiasmo ao estudo das obras-primas dos
mestres, nas quais se inspirou para o desenho e a composição que caracterizam o
seu talento.
De
volta à França, Lemonnier voltou para sua cidade natal, onde pintou um de seus
melhores quadros, a Peste de Milão, para a capela do Seminário de Saint-Vivien.
Em 1786, durante a visita de Luís XVI a Rouen em seu retorno de Cherbourg,
Lemonnier foi contratado para pintar um quadro cujo tema era a apresentação dos
membros da Câmara de Comércio de Rouen ao monarca. Logo depois, executou para a
mesma empresa uma grande pintura alegórica representando o ofício da engenharia
e o descobrimento da América. Em 1789, Lemonnier foi nomeado para a Academia de
Pintura por seu trabalho la Mort d'Antoine (a morte de Anthony).
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