sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O JUÍZO FINAL É UM CÉLEBRE AFRESCO CANÔNICO, CRIADO PELO RENOMADO RENASCENTISTA ITALIANO MICHELANGELO BUONARROTI.


O trabalho precisou de cinco anos para ser completado, começando em 1536 e sendo concluído em 1541. O trabalho fora encomendado pelo Papa Clemente VII, mas só com a morte deste teve início, já no pontificado de Paulo III, que ratificou o contrato.

A pintura ocupa, inteiramente, a parede atrás do altar. Para sua execução, duas janelas foram fechadas e algumas pinturas da época de Sisto IV apagadas: os primeiro retratos de Papas; a primeira cena da vida de Cristo e a primeira da vida de Moisés; uma imagem da Virgem da Assunção de Perugino, e as primeiras duas lunettes, onde o próprio Michelangelo havia pintado os ancestrais de Cristo.

A obra é majestosa, com 13,7 metros de largura por 12,2 de altura, aproveita toda a parede que fica atrás do altar, e descreve a Segunda Vinda de Cristo e o Juízo Final, como narrado na Bíblia. As almas dos seres humanos ascendem ao Paraíso ou descem ao Inferno, dependendo de como são julgados por um Cristo cercado de santos importantes como Pedro, Catarina de Alexandria, Lourenço, Bartolomeu, Paulo e João Batista.

Esse afresco também é conhecido por toda a polêmica que causou, provocando longos debates entre os críticos da Contrarreforma Católica e os que visualizaram a genialidade de Michelangelo e seu estilo maneirista. O artista foi acusado de ser extremamente insensível ao evento descrito, imprimindo um estilo muito pessoal e “inadequado” ao conteúdo da obra. O Concílio de Trento criou decretos expondo que tais “manipulações” de representações sacras não eram permitidas, e toda arte que tivesse essa característica era passível de censura e até destruição. Após o Mestre de Cerimônias do Papa, Biagio de Cesena, dizer que a pintura “era uma completa desgraça, por expor figuras despidas, provocando uma completa vergonha” e que não era uma obra para ficar numa capela, mas em “banheiros públicos e tavernas”, Michelangelo usou Minos, o Juíz do Submundo (no canto inferior direito da pintura) para fazer uma representação de Cesena, dando-lhe orelhas de burro, enquanto sua nudez foi coberta com uma cobra. Cesena reclamou com o Papa, que brincou dizendo que “sua jurisdição não se estendia até o Inferno, e que por isso nada podia fazer, e que a pintura continuaria na capela”.

A maioria das genitálias expostas foram cobertas após a morte de Michelangelo (1564), por Daniele da Volterra, outro artista maneirista, quando o Concílio de Trento condenou a nudez na arte sacra. O decreto dizia: “Toda superstição deverá ser removida. Toda lascividade deve ser evitada; de tal modo que as imagens não devem ser pintadas ou enfeitadas com referências à luxúria”. Além disso, nenhuma imagem sacra poderia ser exibida em público sem a autorização de um bispo.

Ao terminar o “Juízo Final”, Michelangelo já estava no fim, dos seus 60 anos, e a pele descamada de Bartolomeu representaria o renascimento.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário