O
trabalho precisou de cinco anos para ser completado, começando em 1536 e sendo
concluído em 1541. O trabalho fora encomendado pelo Papa Clemente VII, mas só
com a morte deste teve início, já no pontificado de Paulo III, que ratificou o
contrato.
A
pintura ocupa, inteiramente, a parede atrás do altar. Para sua execução, duas
janelas foram fechadas e algumas pinturas da época de Sisto IV apagadas: os
primeiro retratos de Papas; a primeira cena da vida de Cristo e a primeira da
vida de Moisés; uma imagem da Virgem da Assunção de Perugino, e as primeiras
duas lunettes, onde o próprio Michelangelo havia pintado os ancestrais de
Cristo.
A
obra é majestosa, com 13,7 metros de largura por 12,2 de altura, aproveita toda
a parede que fica atrás do altar, e descreve a Segunda Vinda de Cristo e o
Juízo Final, como narrado na Bíblia. As almas dos seres humanos ascendem ao
Paraíso ou descem ao Inferno, dependendo de como são julgados por um Cristo
cercado de santos importantes como Pedro, Catarina de Alexandria, Lourenço,
Bartolomeu, Paulo e João Batista.
Esse
afresco também é conhecido por toda a polêmica que causou, provocando longos
debates entre os críticos da Contrarreforma Católica e os que visualizaram a
genialidade de Michelangelo e seu estilo maneirista. O artista foi acusado de
ser extremamente insensível ao evento descrito, imprimindo um estilo muito
pessoal e “inadequado” ao conteúdo da obra. O Concílio de Trento criou decretos
expondo que tais “manipulações” de representações sacras não eram permitidas, e
toda arte que tivesse essa característica era passível de censura e até
destruição. Após o Mestre de Cerimônias do Papa, Biagio de Cesena, dizer que a
pintura “era uma completa desgraça, por expor figuras despidas, provocando uma
completa vergonha” e que não era uma obra para ficar numa capela, mas em
“banheiros públicos e tavernas”, Michelangelo usou Minos, o Juíz do Submundo
(no canto inferior direito da pintura) para fazer uma representação de Cesena,
dando-lhe orelhas de burro, enquanto sua nudez foi coberta com uma cobra.
Cesena reclamou com o Papa, que brincou dizendo que “sua jurisdição não se
estendia até o Inferno, e que por isso nada podia fazer, e que a pintura
continuaria na capela”.
A
maioria das genitálias expostas foram cobertas após a morte de Michelangelo
(1564), por Daniele da Volterra, outro artista maneirista, quando o Concílio de
Trento condenou a nudez na arte sacra. O decreto dizia: “Toda superstição
deverá ser removida. Toda lascividade deve ser evitada; de tal modo que as
imagens não devem ser pintadas ou enfeitadas com referências à luxúria”. Além
disso, nenhuma imagem sacra poderia ser exibida em público sem a autorização de
um bispo.
Ao
terminar o “Juízo Final”, Michelangelo já estava no fim, dos seus 60 anos, e a
pele descamada de Bartolomeu representaria o renascimento.
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