quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

FAMÍLIA REAL PORTUGUESA NO BRASIL

 




Logo após a transferência da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, Portugal, na figura de seu príncipe regente Dom João de Bragança, assinou o “Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas”, em 1808, que, na prática, colocou fim ao “pacto colonial” ao permitir que colônias portuguesas pudessem estabelecer relações comerciais com outras nações europeias. Esse teria sido um dos primeiros movimentos em direção ao processo de independência do Brasil.

Criou-se, portanto, uma cisão entre a classe burguesa em Portugal – que, após a expulsão de Napoleão, começou a protestar a perda de seus privilégios coloniais em razão dos novos tratados – e a classe burguesa instalada no Brasil, que detinha grande desejo de emancipação após os sucessivos ganhos que esses mesmos tratados lhes proporcionaram.

Como resultado, surgiu, em 1820, a Revolução Liberal do Porto, em Portugal, que concentrava camadas amplamente insatisfeitas com as conquistas do outro lado do Atlântico, exigindo, inclusive, a volta do rei de Portugal à antiga metrópole para a formação de uma Assembleia Constituinte que pudesse organizar o novo governo após a expulsão das tropas francesas. Temendo perder o trono, D. João VI retornou a Lisboa, em 1821, deixando seu filho, Pedro de Bourbon e Bragança, como regente do Brasil.

Pedro defendia ideais liberais e, após a volta de seu pai, passou a promulgar decretos que garantiam direitos individuais, a redução de impostos, além de suas visões abolicionistas. As cortes portuguesas, insatisfeitas com as posturas do regente do Brasil, promoveu uma série de retaliações, como a dissolução do governo central no Rio de Janeiro e a ordem imediata de que Pedro de Bourbon e Bragança retornasse a Portugal.

Após o acolhimento de uma petição com mais de 8 mil assinaturas pela sua permanência no Brasil, Pedro teria declarado, em 9 de janeiro de 1822:

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico!"

Esse episódio ficou conhecido como “Dia do Fico”. Após conflitos e tentativas de manter unidade com Portugal ao propor regulamentações próprias do Brasil, Pedro, no dia 7 de setembro de 1822, declarou a Independência do Brasil. Em 12 de outubro, recebeu o título de Dom Pedro I do Brasil, com apenas 24 anos, tornando-se imperador do Brasil.

Portugal só reconheceu oficialmente a independência de sua antiga colônia em 1825, após o pagamento, por parte do Brasil, de uma indenização a Portugal, que, por sua vez, foi proveniente de recursos emprestados pela Inglaterra.

 



Primeiro Reinado (1822-1831)

Mesmo após a permanência de D. Pedro I e a instauração de uma monarquia independente nos trópicos, o início do período imperial foi bastante conturbado, acumulando diversas crises. O imperador, apesar de ter proclamado a independência do Brasil, ainda buscava assegurar os interesses de Portugal ao mesmo tempo em que precisava conter a fragmentação de seu território.

Havia, no Brasil, grupos mais conservadores e outros de inclinação mais liberal. Temas como o abolicionismo, mais liberdade para negociar produtos livremente, entre outros, despertavam reações calorosas nos debates.

No início de 1823, D. Pedro I deu início à formação de uma Assembleia Constituinte para a elaboração de uma Constituição para o país. A Assembleia chegou a ser dissolvida por D. Pedro I, em novembro de 1823, por não concordar com os termos que limitavam seus poderes. Esse episódio ficou conhecido como Noite da Agonia. A versão final da Constituição de 1824 foi outorgada no dia 24 de março e possuía um caráter centralizador, dando, inclusive, poderes “sagrados” ao imperador.

Nesse contexto, no Nordeste do país, mais especificamente na Província de Pernambuco, iniciou-se um movimento revoltoso exigindo mais autonomia em relação ao Império. A revolta acabou espalhando-se por outras províncias da região, como Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, formando a Confederação do Equador.

O movimento foi severamente reprimido pelo governo, e a Província de Pernambuco acabou, inclusive, perdendo parte do seu território para a Província da Bahia. Os líderes da rebelião foram enforcados ou fuzilados, como Frei Caneca (1779-1825), e outros foram aprisionados, como Cipriano Barata (1762-1838). Com isso, no Nordeste, onde a popularidade de D. Pedro I já não era das melhores, sua figura passou a ser questionada cada vez mais.

Logo em seguida, o Brasil envolveu-se em um conflito internacional, a Guerra da Cisplatina (1825-1828), na tentativa de evitar a anexação da Cisplatina, atual Uruguai, às Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina. Nessa guerra, o Império acumulou uma série de derrotas, além de contrair dívidas, minando ainda mais a popularidade do imperador. Como resolução do conflito, ambas as partes concordaram em abrir mão do território, reconhecendo, então, em 1828, a independência da República Oriental do Uruguai.

Durante as crises do Primeiro Reinado, o Partido Brasileiro (estabelecido informalmente após a vinda da família real portuguesa para o Brasil e composto por comerciantes, latifundiários e proprietários de escravos que lutavam pelos interesses do território americano) passou a ocupar um papel de oposição a D. Pedro I, ao passo que o Partido Português ofereceu apoio ao imperador.

Após inúmeros desgastes, os portugueses organizaram uma recepção ao Imperador no dia 13 de março de 1831, mas foram surpreendidos por pedras e garrafas arremessadas por brasileiros. Esse episódio ficou conhecido como Noite das Garrafadas.

Nessa época, Portugal vivia também uma profunda crise após a morte de D. João VI, pai de D. Pedro I, em razão da sucessão do trono português. Todo esse cenário resultou, em 7 de abril de 1831, na abdicação de D. Pedro I ao trono brasileiro. O imperador decidiu voltar para Portugal, deixando seu filho, de apenas 5 anos, como sucessor do Império do Brasil.





FONTE:

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/brasil-imperio.htm

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