MACHADO DE ASSIS
O Bruxo de Cosme Velho tem lugar garantido em uma
seleção dos cronistas brasileiros. Ele molhava a sua pena na tinha da
melancolia e na tinta da galhofa. Tido, equivocadamente, como alienado das
questões sociais de seu tempo, ele abordou, ironicamente, os descalabros da
política, a infâmia da escravidão e as mazelas sociais do século 19, com um
olhar oblíquo e dissimulado.
CLARICE LISPECTOR
Ao comentar as crônicas de Clarice Lispector, Rubem
Braga dizia que ela "só era boa em livro". Mas o mestre do gênero se
equivocou. Não percebeu que ela inventou uma espécie de subgênero dentro do
gênero: a crônica metafísica. A partir de situações triviais, Clarice pode
lançar o leitor a grandes voos de lirismo. Como ela mesma disse, a beleza é o
nosso elo com o infinito.
CECÍLIA MEIRELES
A poesia de Cecília é pura música. E ela imprimiu
as qualidades de sua poesia na vasta obra de cronista espalhada pelos jornais.
A sua prosa é marcada pelo ritmo, a musicalidade e o lirismo delicado.
RUBEM BRAGA
Despretensiosamente, ele promoveu sozinho uma
espécie de Semana de Arte Moderna na crônica ao radicalizar na subjetividade e
inventar novas maneiras de cultivar o gênero: a carta, a divagação vagamente
filosófica, o poema em prosa. Guimarães Rosa dizia que os escritores deviam
construir catedrais e não fazer biscoitos, mas se rendeu aos biscoitos finos
produzidos por Rubem Braga para os jornais, em dramática contagem regressiva
contra o ponteiros dos relógios.
LIMA BARRETO
Ele é, em certo sentido, o anti-Machado de Assis, a
quem recriminava como "autor para moças prendadas". Lima Barreto
assumia a condição de "mulato, pobre e livre". Com um estilo direto e
coloquial, ele criticou, com observações de senso crítico agudo, as desigualdades
sociais do século 19. Exercitava o artigo leve na forma, mas incisivo no
conteúdo.
NELSON RODRIGUES
Reconhecido na condição de mais importante autores
do teatro brasileiro, Nelson é, também, um dos mais inspirados cronistas tanto
no campo dos costumes, da cultura quanto do futebol. Dramaturgo da cabeça aos
sapatos, ele promove uma mistura desconcertante de drama e humor contundente.
Ele inovou o gênero ao inventar personagens célebres tais como O Idiota da
objetividade, O Cretino Fundamental, A Granfina com Narinas de Cadáver, o
Sobrenatural de Almeida e o Gravatinha.
PAULO MENDES DE CAMPOS
Ele tinha pretensões de ser poeta, considerava a
crônica um ofício menor, mas acabou se transformando em um dos melhores
cronistas brasileiros, com um texto elegante, fluído e lírico.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
O mais importante poeta brasileiro também merece
figurar na seleção dos cronistas. A sua produção é vasta e desigual. Drummond
guardava o essencial para a poesia, mas escreveu belíssimas crônicas, em um
estilo, ao mesmo tempo, moderno e clássico, quase machadiano. Inovou no gênero
ao fazer crônicas em versos, reunidas na série Versiprosa.
VINICIUS DE MORAES
Poeta, compositor e cronista Vinicius de Moraes
como tantos outros nomes de primeira linha do modernismo brasileiro, Vinicius
de Moraes escreveu crônicas para garantir a sobrevivência. Sem chegar a ser um
cronista original, ele desfilou a condição de craque com um estilo impecável,
combinando leveza, senso de humor e lirismo.
JOÃO DO RIO
O nome verdadeiro dele era João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Esquadrinhou o Rio de Janeiro, com instinto de repórter, a errância do boêmio e o instinto do repórter. As suas crônicas são carregadas de finas observações e lirismo requintado.
FONTE:
https://www.correiobraziliense.com.br/
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