O QUE É ENSAIO LITERÁRIO?
Ensaio é uma obra de reflexão que
versa sobre determinado tema, sem que o autor pretenda esgotá-lo, exposta de
maneira pessoal ou mesmo subjetiva. Ao contrário do estudo, o ensaio não é
investigativo, podendo ser impressionista ou opinativo. É um texto breve,
situado entre o poético e o didático, contendo ideias, críticas e reflexões
sobre diferentes temas. Menos formal que o tratado, presta-se à defesa de um
ponto de vista pessoal acerca de um dado tema (filosófico, científico,
político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso etc.),
sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas
de caráter científico.
O ensaio assume a forma livre e
assistemática sem um estilo definido. Por essa razão, o filósofo espanhol José
Ortega y Gasset o definiu como "a ciência sem prova explícita".
Nos estudos literários, Ensaio é o
texto livre de convenções e de protocolos que se posiciona entre a linguagem
poética e a instrutiva. Por meio do Ensaio, é possível discorrer a respeito de
qualquer temática que se queira, segundo a perspectiva de seu autor.
Fundamentalmente, o Ensaio é um texto de opinião em que se expõem ideias e
impressões pessoais do autor sobre determinado tema.
Em outras palavras, isso significa
dizer que o Ensaio é um gênero discursivo argumentativo e expositivo que
apresenta tentativas de refletir criticamente e subjetivamente, em que o autor
assume um claro ponto de vista e busca defendê-lo em uma estrutura textual
lógica e bem organizada.
Dessa forma, os mais variados temas
podem ser objeto de análise em um Ensaio: política, filosofia, costumes
sociais, cultura, moral, ética etc. dispensando o rigor científico de
apresentar provas concretas ou deduções científicas. Visto que não há claras
fronteiras bem demarcadas limitando o Ensaio de outros gêneros, em geral, são
assim rotuladas as obras que não se enquadram bem nas outras classificações de
gênero ou os próprios escritores assim já intitulam seus escritos.
Por isso, o trabalho em um Ensaio se
fundamenta substancialmente numa estruturação lógica e numa defesa lúcida do
ponto de vista de seu autor, com bom domínio da retórica e da persuasão. Não é
raro ainda que o autor recorra a outras opiniões já publicadas sobre o mesmo
tema para fortalecer a defesa de sua perspectiva e de seus argumentos.
Os primeiros ensaios remontam ao
século XVI, quando o filósofo francês Michel Eyquem de Montaigne compôs sua
obra “Ensaios”, publicada em 1580. Montaigne assim intitulou sua publicação
porque pretendia que fosse algo leve, algo como um esboço de literatura, meros
pareceres informais. Nos anos seguintes, o estilo se consolidaria como forte
forma de expressão dos estudiosos de Literatura e de Filosofia, reunindo
adeptos em diversos países.
Tradicionalmente, o Ensaio enquanto
gênero é dividido em dois modelos diferentes: um familiar ou informal, que
imprime um parecer muito particular e pessoal sobre uma dada realidade, sem uma
premissa estabelecida previamente. E outro, discursivo ou formal, em que o
texto tem caráter conclusivo, se presta a refletir e elaborar um texto mais
denso e extenso, procura trilhar uma linha lógica.
O Ensaio se popularizou muito nos
séculos XIX e XX por conta do seu caráter de fácil assimilação e transmissão,
especialmente o Ensaio do tipo informal. É um tipo de texto que se propõe
apresentar uma discussão e refletir sobre um dado tema, sem o compromisso com o
rigor e com o método científico; um texto que pode ser a discussão a cidadãos
comuns e em locais informais, como os cafés por toda a Europa do século XIX.
Texto originalmente publicado em
https://www.infoescola.com/literatura/ensaio-literario/
Texto de Daniele Fernanda Feliz
Moreira
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