terça-feira, 17 de junho de 2025

ENTRE A BUSCA E O ENCONTRO - O LIVRO QUE TOCA A ALMA - POSTAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL


No dia 16 de junho de 2025, a escritora Valmira Cristofori realizou, com brilho e emoção, o lançamento de sua obra “A Busca e o Encontro”, no stand da Editora Autografia, durante a efervescente Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. O evento foi mais do que um simples lançamento, foi uma celebração da jornada humana em sua essência mais íntima. 

Em um tempo de incertezas e pressas, o livro de Valmira desponta como um chamado sereno para o retorno ao eu profundo, um convite ao leitor para navegar dentro de si, acolher suas luzes e sombras, seus sonhos e quedas, em direção ao que realmente importa: o sentido da existência. 

Com prefácio sensível e pungente de Matilde Carone Slaibi Conti, a obra mergulha nas camadas sutis da vida, destacando o valor da introspecção e da autenticidade num mundo saturado de ruídos externos. Matilde ressalta que a autora escreve com a leveza de quem vive o que proclama, uma mulher que transforma sua travessia em palavras curativas, que não receia expor as fragilidades da alma humana para, com elas, construir pontes de empatia e força 

A primeira edição, lançada em janeiro de 2025, conta com projeto gráfico e capa assinados por Mariane Jayne, cuja sensibilidade visual acompanha a profundidade do conteúdo. A publicação é da Editora Autografia Edição e Comunicação Ltda., que reafirma, com esta obra, seu compromisso com a literatura que transforma.

"A Busca e o Encontro" é dedicada aos que se encontram em meio à travessia da vida — àqueles que ousam sonhar, tropeçar e se levantar com esperança. É um livro-farol para quem deseja viver com sentido, olhar com verdade e caminhar com coragem. Nas palavras de São Lucas, evocadas no prefácio: “A quem muito foi dado, muito será exigido” e Valmira responde a esse chamado com generosidade e luz. 

O lançamento foi marcado por emoção e gratidão. No auditório da Universo, amigos, leitores, familiares, colegas e alunos estiveram presentes, testemunhando a realização de um projeto tecido com amor, propósito e vocação literária. Valmira, reconhecida por sua atuação educacional e literária, confirma-se como uma voz autêntica e necessária no atual cenário literocultural brasileiro. 

“A Busca e o Encontro” não é apenas um livro, é um espelho. Um portal. Um passo em direção à vida com mais inteireza. Quem lê, não sai o mesmo. E talvez esse seja o maior encontro: o reencontro consigo mesmo. 

— Postagem do Focus Portal Cultural, do jornalista e editor Alberto Araújo.

© Alberto Araújo 


 









ECOS DA ETERNIDADE: O LEGADO SUBLIME DE CHARLES GOUNOD EFEMÉRIDE DO FOCUS PORTAL CULTURAL – POR ALBERTO ARAÚJO


No quadro EFEMÉRIDES do Focus Portal Cultural, sob a curadoria do jornalista e editor Alberto Araújo, celebramos hoje, 17 de junho, o nascimento de um dos grandes mestres da música francesa: Charles Gounod  nascido em Paris, 1818 e falecido em Saint-Cloud, 1893. Compositor de profunda sensibilidade, Gounod elevou a alma da música ao equilibrar emoção e fé, lirismo e espiritualidade.

Filho de um pintor e de uma pianista, cresceu imerso nas artes. Seu talento precoce levou-o a conquistar, em 1839, o prestigioso Grande Prêmio de Roma, que lhe permitiu estudar na Itália e conhecer a obra de Palestrina — uma influência decisiva em sua linguagem musical sacra. Durante um período da juventude, quase se tornou padre. Estudou teologia e filosofia, e chegou a viver em seminário. A vocação sacerdotal não se consolidou, mas moldou toda a sua obra com um caráter contemplativo e espiritual. 

Sua estreia operística se deu com Sapho (1851), mas foi em Fausto (1859) que Gounod eternizou seu nome. A adaptação do clássico de Goethe trouxe uma das obras mais notáveis do repertório lírico mundial. Na sequência vieram Mireille (1864) e Roméo et Juliette (1867), óperas que combinam lirismo, drama humano e leveza melódica. 

Gounod tornou-se, ao lado de Bizet e Massenet, um dos pilares da ópera romântica francesa, valorizando a melodia como expressão pura da emoção — um compositor que escreveu não apenas para vozes, mas para corações. 

Entre suas criações mais universais, destaca-se a belíssima “Ave Maria”, escrita por volta de 1859. Gounod compôs uma melodia suave e devocional sobre o Prelúdio nº 1 em Dó maior de Johann Sebastian Bach, criando uma fusão entre o barroco e o romantismo. A peça tornou-se um hino da música sacra, executada em casamentos, cerimônias e liturgias pelo mundo inteiro — um raro exemplo de colaboração póstuma entre dois gênios separados por mais de um século. Essa “Ave Maria” não apenas emociona pela harmonia celestial, mas carrega consigo a simplicidade da oração e a grandeza da música eterna.

Em 1852, Gounod tornou-se regente do Orphéon Choral Society, em Paris, para o qual compôs diversas peças corais e duas missas de notável beleza. Nos últimos anos de vida, afastou-se dos palcos e dedicou-se quase exclusivamente à música religiosa, compondo os oratórios "La Rédemption" (1882) e "Mors et Vita" (1885) — monumentos sonoros de sua visão espiritual.

Gounod também deixou sua marca na literatura musical com o livro Mémoires d’un artiste (Memórias de um artista), onde registrou reflexões sobre arte, fé e os desafios entre o mundo interior e a modernidade crescente. 

Respeitado por contemporâneos como Berlioz e Saint-Saëns, Charles Gounod é lembrado como um compositor da beleza, da fé e da emoção. Sua música atravessa o tempo com a mesma delicadeza que imprimiu nas partituras. Faleceu em Saint-Cloud, em 18 de outubro de 1893, deixando um legado que ainda hoje ecoa em cada nota sagrada, em cada frase cantada, em cada oração musicada. 

Gounod influenciou diretamente compositores como Massenet, Fauré e César Franck. Seu estilo melódico, límpido e expressivo se tornou referência para gerações posteriores. 

Durante a Guerra Franco-Prussiana (1870–1871), Gounod refugiou-se em Londres. Ali compôs obras sacras em inglês e foi amplamente celebrado. Fundou uma sociedade coral e escreveu peças como Gallia, mesclando o latim com a língua inglesa. 

Apesar de viver na mesma época, Gounod rejeitava a estética wagneriana, que considerava densa e teatral demais. Defendia uma música mais clara, comunicativa e voltada à emoção pura — crença que o isolou dos movimentos modernistas, mas preservou sua identidade lírica.

Além das óperas, Gounod escreveu cerca de 140 canções para voz e piano — conhecidas como mélodies —, que encantam até hoje por sua delicadeza e expressão poética. 

Inicialmente sepultado no Cemitério de Auteuil, Gounod foi transferido para o Cemitério de Montparnasse, em Paris — onde repousam os grandes nomes da cultura francesa.

Muitas pessoas acreditam que a “Ave Maria” seja de Bach. Na verdade, é uma obra colaborativa involuntária: a base é de Bach, mas a melodia e estrutura vocal são de Gounod. É uma das composições mais gravadas de todos os tempos.

Nesta efeméride, o Focus Portal Cultural reverencia Charles Gounod, o mestre que fez da música uma ponte entre o altar e o palco, entre a emoção e o sagrado — entre o silêncio e o sublime.

 

© Alberto Araújo 








 

A METAMORFOSE DO CONCRETO – O ADEUS ÀS LOJAS E A VERTIGEM DO NOVO - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

 

Fui ao Plaza Shopping de Niterói recentemente, um lugar que sempre me pareceu um porto seguro da familiaridade — um monumento do consumo onde o tempo parecia passar em câmera lenta. Que engano o meu. Caminhar por seus corredores foi como pisar em um terreno desconhecido, um palco de memórias recém-apagadas. Aquele cheiro característico, que se misturava ao burburinho das vozes, e a iluminação sempre igual — tudo agora tingido por uma estranha melancolia.

A cada esquina, uma pontada de surpresa. Ou melhor: de desalento. Onde antes reinava o azul vibrante da Casas Bahia, com seu crediário fácil e ofertas estrondosas, agora se ergue o sofisticado universo da Dermage. O Ponto Frio, que prometia facilidade e tecnologia, cedeu espaço ao aroma envolvente dos produtos de O Boticário. E o clássico La Mole, com suas massas e seu ambiente familiar, foi engolido pela imensidão de livros e eletrônicos da Kalunga. A lista não para. A operadora Vivo sumiu do primeiro andar — inclusive, há um anúncio prometendo retorno em breve, mas isso já não convence mais. Todas fazem isso. E quando reabrem, é outra firma. Outras portas também estão cerradas, aguardando um novo fôlego, um novo inquilino.

É impossível não sentir um aperto no peito diante dessa dança frenética de cadeiras. Não é apenas a troca de uma loja por outra — é a sensação de que pedaços da nossa rotina, marcos afetivos, estão sendo apagados. 

Lembro-me da busca incansável por um eletrônico, um eletrodoméstico desejado na Casas Bahia; das compras de presentes no Ponto Frio; dos almoços de domingo no La Mole. Tantas e tantas vezes pedimos aquela pizza Trimare — com camarão, bacalhau e salmão — que só o La Mole oferecia. São mais do que estabelecimentos comerciais. São cenários de nossas vidas, testemunhas silenciosas de encontros, frustrações e alegrias.

A culpa é do progresso, nos dizem. Da inelutável roda do tempo que gira sem parar. Ou talvez das mudanças que nos atropelam todos os dias, em uma velocidade que mal conseguimos acompanhar. O digital avança, os hábitos de consumo se transformam, e o que era essencial ontem torna-se obsoleto hoje. As grandes redes, antes inabaláveis, precisam se reinventar, ceder espaço — ou simplesmente desaparecer.

Não é que o novo não tenha seu valor. A Dermage, o Boticário, a Kalunga trazem suas próprias propostas, sua modernidade. Mas há algo de intrinsecamente triste nessa velocidade. É como se a memória não tivesse tempo de se fixar, de criar raízes, antes que a próxima onda de transformação a arrastasse para longe.

Fico pensando nos trabalhadores que viram suas lojas fecharem, nas histórias que se encerram, nos sonhos que se desfazem junto com as vitrines vazias. É um lembrete contundente de que, no turbilhão da era da informação e da transformação digital, a única certeza é a incerteza.

O Plaza, como tantos outros centros comerciais, é um espelho dessa realidade implacável — um espaço onde o efêmero se tornou a única constante, e onde o adeus às lojas famosas virou parte da paisagem cotidiana.

É uma metamorfose do concreto que nos convida a refletir: será que estamos ganhando mais do que perdendo nessa incessante busca pelo novo, ou estamos apenas trocando o conforto do familiar pela vertigem de um futuro em constante construção?

— Qual a sua sensação quando percebe que uma loja que você frequentava não existe mais? 

© Alberto Araújo



OS NAVEGADORES GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL FORAM OS RESPONSÁVEIS PELA PRIMEIRA TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL, UM FEITO HISTÓRICO QUE LIGOU LISBOA (PORTUGAL) AO RIO DE JANEIRO (BRASIL) EM 1922.


Comemore conosco mais uma efeméride que ilumina as páginas do Focus Portal Cultural! No nosso quadro especial EFEMÉRIDES, o jornalista e editor Alberto Araújo nos convida a viajar no tempo para um feito que redefiniu os limites da audácia humana. Prepare-se para reviver um dos capítulos mais gloriosos da história da aviação e da irmandade entre povos: a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.

A ODISSEIA DE GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL

Em 17 de junho de 1922, os nomes de Gago Coutinho e Sacadura Cabral se inscreveram para sempre na história. A bordo do hidroavião "Santa Cruz", eles concluíram a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, ligando Lisboa ao Rio de Janeiro. Mais que um feito de engenharia e coragem, essa jornada representou um salto gigantesco na navegação aérea, graças às inovações desenvolvidas por Gago Coutinho, como o sextante aperfeiçoado e o corretor de rumos, que permitiram a navegação precisa sobre o vasto oceano. 

A chegada ao Rio de Janeiro foi um espetáculo de emoção e celebração. Uma multidão aguardava na Praça Mauá, aclamando os heróis que, com sua saga, reforçaram os laços entre Portugal e Brasil, especialmente no ano do Centenário da Independência brasileira. Niterói, por sua vez, também teve seu papel, com uma calorosa recepção na Cantareira e a inauguração da Praça Lusitânia, um testemunho duradouro dessa conexão. 

A travessia foi realizada em 1922, ano das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil, e teve um forte simbolismo de união entre os dois países.

Ambos eram oficiais da Marinha Portuguesa e experientes em navegação e aviação. Gago Coutinho era o navegador e Sacadura Cabral o piloto.

Inovações e Tecnologia 

O grande diferencial dessa travessia foi o desenvolvimento e a utilização de novos instrumentos de navegação aérea por Gago Coutinho. Ele aperfeiçoou o sextante para permitir a orientação do avião em pleno voo, sem a necessidade de visualizar diretamente o horizonte, e inventou um corretor de rumos para retificar desvios causados pelo vento. Esses avanços foram cruciais para a precisão da navegação em longas distâncias sobre o oceano. 

O conceito de "horizonte artificial", utilizado até hoje na aviação, foi, na prática, inventado por Gago Coutinho. 

A VIAGEM 

A viagem teve início em 30 de março de 1922 e foi concluída em 17 de junho de 1922.

A travessia foi feita em hidroaviões. O primeiro, e mais famoso, foi o "Lusitânia" (um Fairey III D). Devido a avarias e acidentes durante a jornada, outros dois hidroaviões foram utilizados: um segundo Fairey III D (apelidado de "Pátria" ou "Pátria-Portugal", embora não oficialmente) e, por fim, o "Santa Cruz", com o qual concluíram a travessia. 

A viagem foi dividida em várias etapas devido à autonomia limitada do combustível. Houve diversas paradas para reabastecimento e reparos, e os aviadores enfrentaram dificuldades e acidentes que levaram à perda dos dois primeiros aviões. As principais etapas incluíram:

Lisboa a Las Palmas (Ilhas Canárias)

Las Palmas a São Vicente (Cabo Verde)

Praia (Cabo Verde) aos Penedos de São Pedro e São Paulo (Brasil), uma etapa particularmente desafiadora e longa.

Penedos de São Pedro e São Paulo a Fernando de Noronha

Fernando de Noronha a Recife

Recife ao Rio de Janeiro (com paradas em outras cidades brasileiras como Salvador e Vitória). 

Embora a viagem tenha durado 79 dias no total (devido às paradas e à espera por novos aviões), o tempo de voo real foi de apenas 62 horas e 26 minutos, cobrindo uma distância total de 8.383 quilômetros. 

A travessia de Gago Coutinho e Sacadura Cabral foi um marco na história da aviação mundial, provando a viabilidade de voos de longo alcance sobre o oceano com precisão, utilizando instrumentos de navegação astronômica portáteis. 

Eles foram recebidos como heróis em Portugal e no Brasil, e seu feito inspirou futuras travessias aéreas. 

A CHEGADA AO RIO DE JANEIRO E NITERÓI 

A chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Brasil, e especificamente ao Rio de Janeiro e Niterói, foi um momento de grande celebração e entusiasmo. Após a árdua e longa travessia do Atlântico Sul, eles foram recebidos como heróis. 

A CHEGADA AO RIO DE JANEIRO

Data e Aeronave: Os aviadores chegaram ao Rio de Janeiro em 17 de junho de 1922, a bordo do hidroavião "Santa Cruz" (o terceiro avião utilizado na travessia, após os acidentes com o "Lusitânia" e o segundo Fairey III D). 

A chegada foi marcada por uma recepção grandiosa e popular. Uma multidão compacta se aglomerou na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, para testemunhar o feito. A imprensa brasileira acompanhou de perto cada etapa da viagem, e o entusiasmo do público foi crescendo à medida que os aviadores superavam os obstáculos. 

A travessia, realizada no contexto das comemorações do Centenário da Independência do Brasil, selou de forma definitiva a amizade entre os povos português e brasileiro. Sacadura Cabral, em entrevista logo após o desembarque, destacou essa união, afirmando: "Brasil e Portugal são, que bem o vejo e sinto, duas nações". 

Os aviadores receberam diversas homenagens e participaram de eventos em várias cidades brasileiras, incluindo Salvador, Vitória e, finalmente, o Rio de Janeiro. Foram feitos almoços, visitas a instituições e muitas celebrações em reconhecimento ao seu heroísmo e à inovação de seus métodos de navegação. Fotografias da época mostram a aclamação popular e os grupos de oficiais e autoridades que os recepcionaram.

A Ligação com Niterói 

Embora a principal celebração e chegada oficial tenha sido no Rio de Janeiro (então capital do Brasil), Niterói, por sua proximidade e por ter sido um importante polo naval e aéreo na época, também teve sua participação e celebrou o feito. 

Há relatos de que Gago Coutinho e Sacadura Cabral, após a chegada ao Rio de Janeiro, foram recebidos em Niterói. Uma lancha os teria ancorado junto ao flutuante da Cantareira (um importante ponto de conexão marítima entre Niterói e o Rio de Janeiro na época), onde uma multidão os aguardava. A praça estava cheia de gente, com muita alegria e grupos folclóricos portugueses cantando e dançando. 

Em Niterói, na região de Icaraí, existe a Praça Lusitânia, que foi inaugurada em homenagem à travessia. Existem registros fotográficos dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral presentes à solenidade de inauguração dessa praça em 1922, o que demonstra a importância do evento para a cidade. O Theatro Municipal João Caetano também foi palco de solenidades durante a visita dos aviadores. 

Mais de um século se passou desde aquele voo épico, e a travessia de Gago Coutinho e Sacadura Cabral permanece como um farol de inspiração. Ao longo desses 103 anos, esse feito não só consolidou o intercâmbio cultural, científico e humano entre Brasil e Portugal, mas também abriu as portas para uma era de maior conectividade global. A audácia e a inovação desses pioneiros continuam a ecoar, lembrando-nos da capacidade humana de superar desafios e construir pontes, sejam elas aéreas ou simbólicas. Que essa memória continue a nos inspirar a novos voos, sempre valorizando o rico legado que nos une. 

Por fim, a chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Rio de Janeiro, e posteriormente a Niterói, foi um marco memorável, não apenas pela audácia da façanha aérea, mas também pelo profundo simbolismo de união e celebração entre Portugal e Brasil.

Sacadura Cabral faleceu dois anos depois, em 1924, em outro voo. Gago Coutinho teve uma longa e notável carreira na Marinha e como historiador. 

Gago Coutinho faleceu no dia 18 de fevereiro de 1959, um dia depois de completar 90 anos, e o funeral transformou-se numa grande homenagem da população de Lisboa ao almirante que, apesar das honrarias, quis ser sepultado apenas com o equipamento de geógrafo. 

O Museu de Marinha em Lisboa possui diversos itens relacionados a essa histórica travessia, incluindo modelos dos hidroaviões e objetos pessoais dos navegadores. 

© Alberto Araújo





O "Monumento da Travessia" em Icaraí, Niterói, comemora a primeira travessia aérea do Oceano Atlântico entre Portugal e Brasil, realizada pelos aviadores portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho em 1922. O monumento está localizado na Praia de Icaraí, próximo à Igreja. Ele é composto por uma placa explicativa de bronze que detalha a importância da travessia.


Alberto Araújo no Monumento da Travessia.

O monumento foi inaugurado em 1º de julho de 1922, marcando a pedra fundamental da comemoração da travessia aérea. A placa, em uma das faces do monumento, descreve a realização da travessia aérea do Atlântico Sul pelos aviadores portugueses.  O monumento é um importante marco histórico e cultural, celebrando a ousadia e a engenhosidade dos navegadores que realizaram essa façanha.


 

MAR A DENTRO - POEMA DE ALBERTO ARAÚJO PRA GILDA UZEDA

 


Olá, Gilda, depois de ler teu comentário na minha prosa sobre as barcas, algo em mim também atravessou a Baía. Tuas lembranças me tocaram fundo, senti tua infância, tua juventude, o frio na barriga das águas agitadas e a poesia do cotidiano que hoje já é memória. Foi impossível não escrever algo movido por essa emoção que você generosamente compartilhou. Nasceu este poema, "Mar de Dentro", inspirado por tua travessia e pela beleza da tua lembrança. Com gratidão e carinho,

Alberto Araújo

 

MAR DE DENTRO

POEMA DE ALBERTO ARAÚJO

 

Tuas palavras vieram

como vento leve que sopra no convés,

despertando a vela adormecida

do meu próprio coração.

 

Falaste de botos, de céu baixo,

do rugido das asas de metal,

e eu vi tudo,

como se as águas da Baía

estivessem agora sob meus pés.

 

A barca, que tantos pensam ser só transporte,

foi teu palco de infância,

teu fio de ligação com o mundo,

teu rito de ida e volta.

 

E ao me contar isso,

fizeste também minha travessia.

Passei contigo pelas lembranças,

pisei na plataforma do Gragoatá,

ouvi o ranger da madeira no flutuante,

e vi, lá longe, a Igrejinha te saudando como quem diz:

"Bem-vinda, filha das marés."

 

Quem conta com amor, eterniza.

Quem lembra com ternura, reza.

E teu comentário, Gilda,

foi como orvalho de saudade

caindo no mar de dentro.

Obrigado por navegar comigo.

@ Alberto Araújo

 

A PROSA ORIGINAL





A BARCA E O CÉU DE ICARAÍ

           

Nesta linda tarde, a barca que corta as águas da Baía de Guanabara não transporta apenas a alma humana, ela conduz histórias, esperanças, silêncios e promessas. Em cada travessia, pulsa o coração de um povo que aprendeu a viver entre o ir e o vir, sem nunca perder o rumo.

O céu de Icaraí se estende amplo, sobre as areias finas e o contorno sereno da Praia das Flechas. As gaivotas cruzam o azul como versos soltos, voando sobre o calçadão de pedras portuguesas, onde passos se repetem há gerações. Ao fundo, o contorno das ilhas da Boa Viagem, Jurujuba se desenha como um poema quieto. 

As sombras dos flamboyants balançam suavemente na orla, enquanto o vento traz o cheiro do mar misturado ao das amendoeiras. Há risos de crianças no Campo de São Bento, vozes no coreto, o frescor de um picolé artesanal comprado ali mesmo na esquina da Rua Gavião Peixoto. Cada canto da cidade guarda um pedaço de saudade e sonho. 

E mesmo quando as estações mudam, o amor dos icaraienses permanece. Está no aceno da varanda do edifício antigo, no café tirado com carinho, na conversa demorada em frente à livraria ou ao quiosque. É um amor que resiste ao tempo, ao concreto, ao mar que se agita. Um amor que é casa, cais e bússola.

Icaraí não é apenas lugar é alma em repouso. É memória viva. Quem sente isso sabe: há algo de eterno em cada barca que parte... e em cada coração que fica à beira da areia, olhando o Pão de Açúcar de longe, como quem aguarda sempre um reencontro.

Que esta tarde nos traga paz, e que a semana que se inicia seja leve, fértil e abençoada para todos nós. 

© Alberto Araújo

 

COMENTÁRIO DA GILDA UZEDA

 

Alberto

Li seu texto que fala das barcas e, muita coisa me voltou à memória. Muitas passagens que marcaram minha infância e juventude, do tempo que ainda não havia a Ponte.

As barcas que cruzam as águas da Baía de Guanabara escreveram histórias na vida de muita gente.

As antigas barcas e lanchas já não existem e foram substituídas por outras mais modernas e pelos Catamarã. Mas a beleza da travessia permanece.

Minha família mais próxima fazia a travessia diariamente, pois, quase todos trabalhavam no Rio.

Eu mesma não sei quantas vezes atravessei a baía, vendo cardumes de botos a cruzarem as águas; ouvindo o ronco dos aviões em pousos e decolagens no Aeroporto Santos Dumont _ eles passavam bem pertinho, por cima da barca; ficando tensa quando a barca desviava e passava bem perto e quase encostada aos navios que entravam e saíam da Baía; também,  segurando um friozinho na barriga quando o mar estava agitado e a barca balançava mais forte, em frente à entrada da barra; ficando encantada com a visão da Ilha Fiscal, e,  finalmente, ouvindo o rangido das cordas na atracação ao flutuante de embarque e desembarque.

Foi um pouco mais de uma centena ou foram mil vezes que atravessei a Baía? Não sei, mas foram muitas vezes!

Quantas vezes, na travessia de volta a Niterói, vi passar ao largo o bucólico cais do Gragoatá, o Forte, a Igrejinha de São Domingos?

Era um alívio, pois, a travessia sempre me passava alguma sensação de aventura.

Enfim, você me fez lembrar de tudo isso e eu agradeço de coração.

Grande abraço. Gilda. 

RESPOSTA DE ALBERTO ARAÚJO

Olá, Gilda, seu comentário me atravessou como as barcas atravessam a Baía com beleza, emoção e memória viva. É um privilégio tocar lembranças tão preciosas com palavras, e mais ainda receber de volta esse mar de sentimentos que você compartilhou. Obrigado por navegar comigo nessa travessia do tempo. Seu relato é poesia pura e me inspira profundamente. Lindo! Abraços do Alberto Araújo.

09 de junho de 2025





segunda-feira, 16 de junho de 2025

DANÇANDO NA SINFONIA DA VIDA - TEXTO REFLEXÃO DE ALBERTO ARAÚJO


A vida é um palco vibrante, um convite irrecusável para dançarmos ao ritmo da alegria e da plenitude. 

Não há tempo para coreografias ensaiadas em diálogos vazios ou passos hesitantes em relações rasas. Nosso coração, esse compasso precioso, anseia por melodias que ressoem com a verdade mais profunda, por parcerias que vibrem na mesma frequência da nossa alma. 

Chega um momento, sim, em que a gente se torna maestro da própria orquestra. Escolhemos com sabedoria as notas que nos inspiram, as vozes que nos elevam, os caminhos que nos conduzem a jardins floridos.

Porque o tempo, ah, o tempo! Esse tesouro inestimável, merece ser investido em experiências que nos emocionem, em encontros que nos inspirem a voar mais alto, em momentos que nos transformem na melhor versão de nós mesmos.

Que permaneçam em nossa melodia as pessoas e as coisas que têm alma, que nos tocam de verdade, que nos fazem sentir a doçura de cada acorde. 

O restante, a gente gentilmente deixa que se vá, como notas desafinadas que não pertencem à nossa sinfonia. 

Abrace a vida com um sorriso, dance  com leveza e celebre cada instante, pois a felicidade é a mais bela das canções.

@Alberto Araújo


 

MILTON NUNES LOUREIRO – 102 ANOS DE INSPIRAÇÃO E LEGADO HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL


No cenário da literocultura brasileira, muitos nomes brilham como astros que jamais se apagam e Milton Nunes Loureiro é um deles. Poeta, jurista, radialista, jornalista e eterno trovador, sua trajetória é um entrelaçado luminoso de talento, serviço público e paixão pela palavra. No dia 9 de junho de 2025, ao celebrar 102 anos de nascimento, o Focus Portal Cultural, por iniciativa do escritor e editor Alberto Araújo, rende-lhe justa e emocionada homenagem.

O Focus Portal Cultural, sob a direção de Alberto Araújo, rende tributo a uma das figuras mais brilhantes das letras fluminenses: Milton Nunes Loureiro, que no dia 9 de junho de 2025 completaria 102 anos de nascimento. Um trovador, poeta, jurista, jornalista, comunicador e cidadão incansável, cuja trajetória multifacetada segue iluminando gerações com o brilho de sua obra e o exemplo de sua vida. 

Nascido em 09 de junho de 1923, em Campos dos Goytacazes (RJ), Milton construiu uma carreira admirável, abraçando com igual paixão os ofícios de radialista, jornalista, apresentador de TV, escrivão de polícia, advogado, delegado e poeta trovador. Fixando-se em Cantagalo aos nove anos, estudou com mestres notáveis e, mais tarde, formou-se em Direito, exercendo com dedicação o cargo de delegado por 43 anos em diversas cidades da Baixada Fluminense e na capital. 

Sua alma de poeta encontrou solo fértil na União Brasileira de Trovadores – Seção de Niterói, da qual foi presidente por mais de três décadas, promovendo com maestria um dos mais importantes Jogos Florais do Brasil. 

Foi membro ativo de mais de dez academias de letras e entidades culturais, com destaque para a Academia Fluminense de Letras, Ateneu Angrense de Letras e Artes, Academia de Letras de Uruguaiana, Associação Niteroiense de Escritores, entre outras — inclusive instituições internacionais como o Centro Cultural Literário de Figueiras, em Portugal. 

Também integrava diversas entidades profissionais: Ordem dos Advogados do Brasil, Associação dos Delegados do Brasil, Sindicato dos Jornalistas Profissionais/RJ, Conselho Regional de Relações Públicas, além de instituições maçônicas e culturais de relevo. 

Foi agraciado com títulos honorários e comendas, como Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, e homenageado em cidades como Niterói, Teresópolis, Cabo Frio, Petrópolis e São Gonçalo, além de receber medalhas como a Mérito Policial José Cândido de Carvalho, Oswaldo Cruz e o Jubileu de Ouro da Academia Niteroiense de Letras.

Nas rádios Tamoio, Tupi, Continental, Copacabana e Clube de Niterói, e nas TVs Tupi, Continental e Rio, brilhou como comentarista e trovador, comunicando-se com o coração do povo. Sua poesia, feita de ternura, humor e amor à vida, encantou plateias e leitores. 

Dedicou 63 anos de sua vida a sua companheira Edmir, mulher de fibra e afeto, com quem construiu sua história familiar e afetiva. 

Sua poesia, como afirmou Manita em 1976, “nos entrega inteira, na simplicidade e na harmonia dos seus versos, a sua alma de poeta que vibra, se exalta num canto de amor à vida, e em sonhos se eleva buscando as alturas onde paira, sublime, a inspiração”.

Hoje, o Focus Portal Cultural celebra o centenário e mais dois anos de um homem que soube, como poucos, unir vida, palavra e missão. Milton Nunes Loureiro vive — no papel, na memória e no coração da cultura brasileira. 

Niterói, Cantagalo, Campos, os estúdios de rádio, as academias de letras e os palcos dos Jogos Florais, todos foram tocados por sua presença serena, atuante e inspiradora. As trovas que agora seguem são humildes reverências à sua arte e legado. São flores colhidas no jardim da gratidão.


TROVAS PARA MILTON LOUREIRO – O TROVADOR DA LUZ 

Na pena firme e serena,

Milton semeia emoção.

Transformou a vida amena

Na mais bela inspiração.

 

Na polícia ou na trova,

Foi sempre homem de lei,

Mas sua alma se renova

Quando um verso lhe falei.

 

Na Rádio fez-se trovão,

Na TV, brilho e calor,

Mas no papel, coração

De um incansável cantor.

 

Cantagalo o viu menino,

Campos o viu nascer,

Niterói, com seu destino,

O fez trovador crescer.

 

Na UBT foi farol

Que guiou novos irmãos,

Jogos Florais, seu arrebol

Em milhares de mãos.

 

Entre livros e medalhas,

Seu nome virou canção.

Colheu flores nas batalhas

Com ternura e devoção.

 

Sua musa, amor inteiro,

Edmir, flor da caminhada,

Foi no peito de Loureiro

Estrela sempre abraçada.

 

Seus versos ainda ecoam

Na voz do tempo encantado,

E as estrelas que entoam

Cantam seu nome alado.

 

© Alberto Araújo


Homenagear Milton Nunes Loureiro é honrar uma era em que a palavra tinha peso de ouro, a ética era alicerce da ação, e a poesia, uma forma de viver. Sua memória permanece viva não apenas nos registros oficiais, nas medalhas e títulos, mas, sobretudo, nos corações dos que ouviram sua voz, leram seus versos ou caminharam ao seu lado. 

Com esta homenagem, o Focus Portal Cultural eterniza o trovador em sua mais alta forma: aquela que, ao sopro da inspiração, transforma vida em verso, e verso em eternidade. Milton vive. Em cada trova, em cada flor, em cada coração que ama a beleza da palavra.

© Alberto Araújo

09 de junho de 2025 – Dia do aniversário de 102 anos de Milton Nunes Loureiro.

Milton Loureiro ladeado de Edmo Lutterback e Neide Barros Rêgo (roupa azul)


CRÉDITOS DAS FOTOS 
Extraídas de sites da internet