segunda-feira, 30 de junho de 2025

RELICÁRIO CELESTE DO AMOR PROSA POÉTICA POR ALBERTO ARAÚJO


Há um lugar invisível onde tudo repousa com delicadeza. Um relicário antigo, não feito de ouro nem pedra, mas de essência. Nele, o amor é guardado como quem segura um sopro sem deixá-lo escapar.

As estrelas o conhecem bem. Para elas, o amor não é desejo nem urgência. É constância. Um brilho que atravessa séculos, que não precisa ser visto para existir. O amor, para as estrelas, é presença mesmo na ausência. É continuar acesa mesmo quando ninguém olha para o céu. 

O mar, em sua linguagem profunda, entende o amor como vastidão. Não é o que prende, é o que acolhe. O amor do mar tem correntezas, sim, mas nunca se esquece de voltar à margem. Ele não tem forma definida, mas molda todas as margens por onde passa.

As flores vivem o amor como instante. Não o explicam, apenas florescem. Elas sabem que amar é se abrir ao sol, mesmo sabendo que a tarde vai cair. É perfumar o tempo que se tem, sem exigir eternidade. 

E o céu, tão alto, tão inteiro, observa tudo com a paciência de Deus. O amor, para o céu, é o espaço entre todas as coisas. O intervalo sagrado onde a vida respira. O amor, ali, não precisa de nome. É silêncio azul, abrigo do invisível, promessa que não se desfaz. 

Esse relicário é invisível aos olhos distraídos. Mas quem já amou de verdade sabe onde ele se encontra. Não está em lugar algum e, ao mesmo tempo, está em tudo: num olhar que permanece, num gesto que não se desfaz, numa lembrança que aquieta.

O relicário do amor não é feito para ser aberto. Ele é feito para ser sentido, como as estrelas, como o mar, como as flores, como o céu.

 

© Alberto Araújo

Junho 2025


 

EFEMÉRIDES – 1º DE JULHO. AMÁLIA RODRIGUES: A VOZ ETERNA QUE NASCEU NO TEMPO DAS CEREJAS

 

Homenagem do Focus Portal Cultural, sob a direção do jornalista e escritor Alberto Araújo. 

Com carinho e admiração, o Focus Portal Cultural presta hoje uma homenagem luminosa à incomparável Amália Rodrigues, celebrando os 105 anos do seu nascimento — ocorrido no dia 1º de julho de 1920, “no tempo das cerejas”, como ela própria preferia dizer. Mais do que uma data, trata-se de um marco no tempo onde a arte e a alma de um povo ganharam voz universal. 

Fado é destino e Amália foi o destino do fado.” – Alberto Araújo

Amália não nasceu apenas em Lisboa, na Rua Martim Vaz, nem somente no assento de 23 de julho. Amália nasceu onde nasce o fado: entre o peito e o silêncio, no coração poético da alma portuguesa. Desde muito cedo, carregou no canto o destino de um povo, tornando-se aclamada mundialmente como a Rainha do Fado, mas, sobretudo, a Embaixadora Sentimental de Portugal. 

Sua voz, única e arrebatadora, atravessou fronteiras, línguas e tempos. Cantou os becos de Alfama e os palcos do mundo, do México ao Japão, de Paris ao Brasil. Mais que intérprete, Amália foi ponte entre tradição e invenção, introduzindo o canto dos grandes poetas portugueses no fado: de Camões a D. Dinis, de David Mourão-Ferreira a Ary dos Santos, de Pedro Homem de Mello a Manuel Alegre. Seu fado era feito de poesia viva. 

"Ela não cantava apenas o fado — ela costurava saudades no tecido da eternidade." — Alberto Araújo

Ela inaugurou o fado-canção, desafiando os limites do estilo sem jamais perder sua raiz. Gravou 170 álbuns em mais de 30 países, com vendagens superiores a 30 milhões de cópias — número que ecoa como um coro de saudade em cada canto onde se fala ou sente o idioma português. 

Hoje, sua memória repousa no Panteão Nacional, mas sua voz continua a morar no peito dos que amam o fado e a verdade da canção. Não há quem ouça Amália sem sentir-se visitado por uma emoção antiga, por uma dor bela, por uma força que parece ancestral. 

O Focus Portal Cultural, na curadoria sensível de seu diretor Alberto Araújo, reverencia essa mulher que não apenas cantou o fado, mas o elevou à condição de eternidade. Amália não morreu. Amália continua sendo um país inteiro que canta, chora, dança e floresce no tempo das cerejas.

Amália tinha cheiro de cereja e sabor de saudade. Foi estrela, flor e cravo. E ainda é.

 

 

AMÁLIA RODRIGUES – A VOZ QUE NASCEU NO TEMPO DAS CEREJAS 

Amália da Piedade Rebordão Rodrigues nasceu em Lisboa, em 1º de julho de 1920, ou talvez no dia 23 daquele mesmo mês — a data oficial de seu registro. Mas para ela, sua vinda ao mundo se deu “no tempo das cerejas”, quando o verão português se enfeita de frutos vermelhos e memórias doces. E assim preferia ser lembrada: nascida no tempo dos presentes e da esperança. 

Filha de origens humildes, Amália cresceu entre canções populares, vendendo frutas e flores, até que sua voz — profunda, grave, dolorosa e luminosa — a conduziu dos becos da cidade à imensidão dos palcos do mundo. Sua primeira apresentação oficial aconteceu nos anos 1930, e a partir dali o mundo jamais a esqueceu. 

Amália não foi apenas uma cantora. Foi o fado em carne e espírito. Com ela, o fado deixou as vielas e subiu às catedrais da música internacional. Pela primeira vez, o fado ganhava a sofisticação da poesia, ao ser entrelaçado com versos de Camões, D. Dinis, David Mourão-Ferreira, Ary dos Santos, Pedro Homem de Mello e tantos outros. Sua ousadia poética fez nascer o chamado fado-canção, unindo tradição e modernidade, dor e beleza, sombra e luz. 

Falava e cantava com a alma. Era uma mulher de silêncios profundos e sentimentos intensos. Amava a natureza, os mistérios do coração e a simplicidade da vida. E mesmo sendo admirada em todo o planeta — da França ao Japão, do Brasil ao México — manteve no olhar aquela melancolia lírica que só os grandes conhecem. 

Ao longo da vida, gravou mais de 170 discos em mais de 30 países, com vendas superiores a 30 milhões de cópias, um feito imenso para qualquer artista, ainda mais para uma intérprete que cantava essencialmente na língua portuguesa. Era ovacionada nos palcos mais prestigiados, mas jamais perdeu o vínculo com sua raiz popular. 

Faleceu em 06 de outubro de 1999, deixando uma ausência sonora que ainda ecoa em cada esquina de Lisboa e no peito dos que conhecem a beleza do fado. Seus restos mortais repousam no Panteão Nacional, ao lado dos maiores nomes da história portuguesa. 

Amália Rodrigues não foi apenas a Rainha do Fado. Foi o coração emocionado de um povo transformado em voz, a embaixadora da alma portuguesa no mundo, uma mulher feita de vento, sal, flor e sombra. E, sobretudo, uma artista que fez do canto um sagrado ofício de eternidade. 

Texto da série EFEMÉRIDES – Focus Portal Cultural

Alberto Araújo – jornalista, poeta e diretor editorial












HONRA E RECONHECIMENTO: DR. PEDRO GOMES E DRA. MATILDE SLAIBI CONTI RECEBEM A MOÇÃO DE APLAUSOS E MEDALHA PEDRO ERNESTO, NA CÂMARA DO RIO.

A manhã desta segunda-feira, 30 de junho de 2025, foi marcada por um momento de grande honra na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Em sessão solene no Plenário Teotônio Vilela, foram concedidas a Medalha de Mérito Pedro Ernesto ao presidente da OAB-Niterói, Dr. Pedro Gomes de Oliveira e à vice-presidente, Dra. Matilde Carone Slaibi Conti. 

Ambos foram também homenageados com Moção de Aplausos, proposta pelo vereador Deangelles Percy, enaltecendo a trajetória marcada pelo compromisso com a justiça, a igualdade e a promoção da cidadania. 

A homenagem reconhece os relevantes serviços prestados por ambos em prol da advocacia e da cidadania, destacando o compromisso ético, a atuação profissional exemplar e a incansável dedicação à defesa dos direitos e garantias fundamentais. 


O Dr. Pedro Gomes tem conduzido a OAB-Niterói com mestria, diálogo e espírito de inovação, aproximando a instituição da sociedade e promovendo a valorização da advocacia com firmeza e visão democrática. Seu nome é hoje sinônimo de integridade, justiça e compromisso institucional. 


Dra. Matilde Slaibi Conti, como registra a Moção aprovada pelo legislativo carioca, é advogada de atuação admirável, cuja ética e competência a tornam referência em sua trajetória. Sua liderança sensível e firme, sempre voltada ao bem coletivo, inspira respeito e gratidão de toda a sociedade jurídica.

O reconhecimento simboliza a excelência, o comprometimento e a liderança ética com que o Dr. Pedro Gomes tem conduzido a Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Niterói. Seu trabalho à frente da instituição é pautado pela transparência, diálogo e fortalecimento da advocacia, conquistando o respeito da classe jurídica e da sociedade civil.

Ao seu lado, a vice-presidente Matilde Slaibi Conti tem se destacado com sensibilidade, competência e firmeza, contribuindo decisivamente para a gestão moderna e inclusiva da entidade. Juntos, formam uma liderança inspiradora, que valoriza o papel do advogado na construção de uma sociedade mais justa, democrática e humana.

A entrega da Medalha Pedro Ernesto é mais do que uma homenagem: é o reconhecimento público de que a OAB-Niterói vive um momento histórico de avanço institucional e compromisso com os valores da justiça e da cidadania.



SOBRE A MEDALHA PEDRO ERNESTO 

Instituída pela Resolução nº 40, de 20 de outubro de 1980, a Medalha Pedro Ernesto foi criada para homenagear personalidades e instituições que se destacam de forma notável na sociedade brasileira ou internacional. A honraria leva o nome do emblemático prefeito Pedro Ernesto, cuja trajetória política e social é símbolo de compromisso público e justiça social — e por isso sua imagem figura na medalha que hoje carrega um valor histórico e moral inestimável. 

A condecoração é composta por duas medalhas: uma principal, colocada ao pescoço do homenageado, e uma menor, usada na lapela, ambas presas por uma fita com as cores da bandeira da cidade do Rio de Janeiro, representando a nobreza do gesto e a legitimidade do reconhecimento. 

A entrega da Medalha ao Dr. Pedro Gomes e à Dra. Matilde Slaibi Conti representa o reconhecimento público ao trabalho ético, exemplar e transformador que ambos vêm realizando à frente da OAB-Niterói. O Dr. Pedro Gomes tem se destacado por sua liderança humanista, seu diálogo firme com a sociedade civil e sua defesa incondicional da advocacia. Ao seu lado, Dra. Matilde tem sido uma força serena e determinada, cuja trajetória inspira confiança, admiração e profundo respeito. 

Este duplo reconhecimento consagra um momento histórico para a advocacia fluminense e reforça o papel transformador de líderes que colocam a ética, o saber jurídico e o amor ao próximo como norte de sua atuação. Que o exemplo de Dr. Pedro Gomes e Dra. Matilde Slaibi Conti siga iluminando os caminhos da justiça e da dignidade profissional. 

Que esta homenagem sirva como tributo simbólico a uma dupla que honra a toga, fortalece as instituições e inspira as futuras gerações do Direito. O reconhecimento da Câmara do Rio é, ao mesmo tempo, aplauso e testemunho do impacto positivo que suas ações geram na construção de uma sociedade mais justa. 

Editorial

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural 



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A presidente Matilde Slaibi Conti disse: Mais uma vez, aqui estamos, muito lhe agradecendo por sua cobertura a respeito deste excepcional evento ocorrido ontem, no Palácio Pedro Ernesto, denominado, Casa das Leis, por graça do vereador Deangelles, onde foi homenageado o nosso querido presidente da OAB Niterói, Pedro Gomes, por seu profícuo trabalho à frente dos interesses da advocacia e do bem comum, sendo essa Casa, conhecida como, Casa do Advogado, talvez, sem sombra de dúvidas, a maior subseção existente no país.

Foi uma noite belíssima, gloriosa, com o presidente tomado de legítima emoção ao fazer o seu agradecimento, aos familiares, à sua diretoria, a qual ele chamou de, Diretoria Maravilhosa, a todos os presentes, e enfim,  ao mundo jurídico como tal. Inenarrável. Inesquecível. Matilde




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Olá, presidente Matilde Slaibi Conti,

Recebo sua mensagem com o mesmo brilho que pairou sobre a memorável noite no Palácio Pedro Ernesto. Foi uma honra, e também uma missão afetiva, poder registrar e divulgar esse momento de glória para a OAB-Niterói, para o Dr. Pedro Gomes, e para você, que, com justiça, vem recebendo o reconhecimento que seu talento, trabalho incansável e visão humanista tanto merecem! Sua presença, sempre altiva, elegante e afetiva, é símbolo de uma força serena que atua com profundidade nos campos jurídico, cultural, artístico e literocultural. Em tudo o que toca, você deixa sua marca de luz e inteligência, e nós, admiradores da sua jornada, seguimos com entusiasmo a navegar nesse barco que conduz com firmeza e inspiração.

Sim, vamos que vamos...

Porque o barco está a navegar,

e nele vão a ética, a beleza, o saber,

e essa capacidade rara de transformar eventos em memórias eternas, com a leveza de quem sabe onde quer chegar. Gratidão por nos permitir fazer parte desse percurso.

Abraços do Alberto Araújo. 



(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO HINO DO ADVOGADO)


HINO AO ADVOGADO

Letra e música: Vicente José Malheiros da Fonseca – Desembargador do TRT8

Belém (PA), 1º de junho de 2014

 

I

Em defesa da cidadania

Surge a voz que anuncia o clamor;

Se a demanda fatal principia

Longe vai sem qualquer destemor.

 

Refrão

Profissão indispensável à Justiça,

Guardião da liberdade, afinal,

Salve! Salve! Advogados do Brasil!

Paladinos do Direito,

Mensageiros da esperança.

Salve! Salve! Salve! Defensor do cidadão!

Guarda a ética e a independência,

Que sublime função social!

 

II

Este hino ao advogado

É a canção da homenagem que faz

Do patrono tão abnegado

Mandatário do amor e da paz.

 

Refrão

Profissão indispensável à Justiça,

Guardião da liberdade, afinal,

Salve! Salve! Advogados do Brasil!

Paladinos do Direito,

Mensageiros da esperança.

Salve! Salve! Salve! Defensor do cidadão!

Guarda a ética e a independência,

Que sublime função social!

 

Final

Salve! Salve! Advogados do Brasil!

Salve! Salve! Defensor do cidadão!

Tua conduta inviolável, essencial,

Garantia do processo, a melhor proteção.



Interpretação: Coral "Maestro Isoca", da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Estado do Pará (OAB-PA), sob a regência da Maestrina Danihellen Prince Dias Siqueira, em

Belém-PA, 15 de dezembro de 2015, data da oficialização do Hino e do Coral, pelo Conselho Seccional da Instituição.









A ÚLTIMA NOTA DE ANA MARIA BRANDÃO: UM ADEUS EM TOM MAIOR – HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL


Com emoção e reverência, o Focus Portal Cultural, revista dirigida pelo jornalista e escritor Alberto Araújo, presta uma homenagem póstuma à renomada pianista Ana Maria Brandão, que faleceu no dia 18 de junho de 2025, quarta-feira. Seu corpo foi velado e sepultado no Cemitério do Maruí, localizado na Rua General Castrioto, no Barreto, em Niterói, cidade que tantas vezes ouviu os acordes de sua arte. 

Na despedida, estiveram presentes: A filha Ramona Brandão que veio da França para esse último e silencioso recital de amor e saudade, também estiveram presentes: Dr. Fernando Dias, esposo de Ana Brandão, a amiga de longa data: Liane Arêas, uma sobrinha da Ana Maria Brandão, o tenor Will Martins, que junto à artista se apresentou em inúmeros recitais pianísticos, e segundo informações, muitos amigos do seu cotidiano.

Ao longo da história da música, alguns artistas fazem do piano não apenas um instrumento, mas uma verdadeira extensão da alma. De Chopin a Clara Schumann, de Nelson Freire a Guiomar Novaes, os grandes pianistas se eternizam ao transformar teclas em emoção, silêncio em melodia, tempo em eternidade. A arte pianística exige mais que técnica — requer sensibilidade, escuta interna, entrega.

No Brasil, esse legado ganha novos contornos a cada geração. E entre os nomes que se consagraram na paisagem sonora brasileira e internacional, Ana Maria Brandão ocupa lugar de destaque. Com mãos que sabiam traduzir os segredos da partitura em poesia sonora, ela não apenas interpretava os clássicos — os revelava, os revivia, os ressignificava. Foi uma artista que viveu para a música e pela música, com disciplina, paixão e excelência.


UM POUCO SOBRE A ARTISTA 

Ana Maria Brandão foi uma das mais respeitadas intérpretes da música clássica no Brasil. Com formação sólida e sensível, graduou-se em piano pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro e pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estudiosa incansável, aperfeiçoou-se com mestres como Arnaldo Estrella e Linda Bustani, além de realizar estudos na França, Rússia e Suíça, consolidando uma trajetória de excelência que ecoou dentro e fora do país.

Foi convidada a lecionar no Centro de Estudos Musicais da Universidade Federal Fluminense, onde compartilhou seu vasto saber e sua paixão pelo piano com novas gerações de músicos. Atuou como solista junto a importantes orquestras, entre elas a Orquestra Rio Camerata, a Orquestra do Conservatório Brasileiro de Música e a Orquestra Sinfônica Nacional, com as quais emocionou plateias e deixou uma marca eterna nos palcos da música erudita. 

Em novembro de 2016, durante uma apresentação memorável na Casa Brasil em Madrid, como parte da programação do Música no Museu Internacional, Ana Maria nos enviou uma mensagem carinhosa, que agora resgatamos como eco de sua generosidade e reconhecimento:

 


Prezado Alberto, não tenho palavras, obrigadíssima por essa linda matéria, bonita esteticamente, com conteúdo completo sobre mim e sobre o Música no Museu, programação, está simplesmente perfeita! E ainda sendo mostrada pelo Focus Portal Cultural, que tem uma visibilidade imensa, é bom demais, irei enviar a todos. Muito grata, amigo, obrigada por seu maravilhoso trabalho, envio abraço grande e os melhores votos de sucesso sempre como jornalista e poeta!!! Até a próxima, am.”

Hoje, suas mãos se calam, mas a música que brotou delas continuará a soar na memória afetiva de todos que a ouviram, e nos registros que preservam sua sensibilidade e virtuosismo. Ana Maria Brandão partiu, mas a beleza que semeou no mundo permanece como herança de luz e harmonia.


A MÚSICA NÃO MORRE - Ana Maria Brandão se despede deste mundo como os grandes músicos o fazem: deixando-nos o eco de sua arte como herança silenciosa e poderosa. Seus dedos já não caminham pelas teclas, mas sua música permanece, nos palcos que aplaudiram sua elegância, nos corações que se emocionaram com sua entrega, nas gerações que se inspiraram em sua dedicação. A arte, quando verdadeira, torna o ser humano imortal. E Ana Maria, com sua vida dedicada à beleza e à grandeza da música clássica, entra para essa galeria dos que jamais serão esquecidos. 

O Focus Portal Cultural, em nome da arte, da amizade e da admiração deseja que seu espírito siga em paz, conduzido por sinfonias celestes.

Que sua última partitura tenha sido escrita com luz.

Que os céus a recebam em dó maior de paz.

 

Focus Portal Cultural

Por © Alberto Araújo, jornalista e escritor.


Márcia Pessanha - Presidente da AFL com Ana Maria Brandão
Durante recital no evento de celebração dos 105 anos da AFL

Magda Belloti (Cantora Lírica); Will Martins (tenor); Ana Caldeira (Diretora do AVATAR); Ana Maria Brandão (pianista); Alberto Araújo (jornalista e escritor) Marcílio Meira (pianista), no AVATAR , dezembro de 2023.






Ana Brandão, Will Martins e Magda Belloti - na ADAF

O SEQUENCIAL DE FOTOS FORAM ENVIADAS
POR LIANE ARÊAS

Clara Cibele de Avellar Aokin, Liane Arêas e Ana Maria Brandão.



Ana Maria Brandão e Clara Cibele de Avellar Aokin










Dr. Fernando Dias - Esposo da Ana Maria Brandão

Ana Maria Brandão - pianista
(Clicar na imagem para assistir ao vídeo)



FOCUS PORTAL CULTURAL – EFEMÉRIDES & TRIBUTOS

Na foto: Ana Maria Brandão se despede com um sorriso, um gesto de paz que fica para sempre na memória da música brasileira. 


QUANDO A MÚSICA DIZ ADEUS COM UM SORRISO

Para Ana Maria Brandão (In memoriam)

 

"Há despedidas que não são partidas, 

mas passagens para um silêncio cheio de música."

 — Alberto Araújo. 


Ela acenou com a mão, mas foi a alma quem disse adeus.

Não houve lamento, tampouco sombras. Houve um gesto simples, um sorriso sereno e um olhar que já sabia da eternidade. Foi assim que a pianista Ana Maria Brandão, vestida de luz e leveza, partiu da cena visível da vida, como quem apenas atravessa um palco para tocar em outro plano. 

A fotografia — essa moldura de tempo que captura silêncios — eternizou seu último aceno: um gesto suave, branco como sua camisa e seus cabelos, pleno como sua arte. Ali, não há tristeza, mas uma doçura de quem compreende que a vida é um concerto breve e que cada nota tem seu tempo certo de soar.

Ana Maria Brandão não apenas tocava o piano. Ela tocava corações. Sua música não morava nas teclas, mas na alma. Era no intervalo entre uma nota e outra que se ouvia a mulher inteira — sua sensibilidade, sua elegância, sua entrega silenciosa ao mistério do som. 

Agora, quem escuta com o coração ainda pode ouvi-la. No rumor de uma tarde calma, no assobio do vento entre as árvores, no eco de um piano esquecido em alguma casa antiga... lá está ela, continuando a tocar, invisível, porém presente.

 

Ana não nos deixou. Apenas mudou de sala. Deixou a porta entreaberta, acenou, sorriu — e foi.

 

E o mundo, em silêncio, aplaude.

Texto de homenagem @ Alberto Araújo



(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO RECITAL DE ANA BRANDÃO)

UMA TARDE PARA OUVIR O CORAÇÃO

Recital de Ana Maria Brandão na ADAF — 29 de janeiro de 2017

Há tardes que não se apagam. Ficam na memória como partituras desenhadas no tempo. Assim foi o recital da pianista Ana Maria Brandão, realizado em 29 de janeiro de 2017, na ADAF - Associação David Frischman de Cultura e Recreação – presidente Rolande Fichberg, uma tarde em que a música brasileira se sentou à primeira fila, tirou os sapatos e descansou entre amigos. 

Com mãos leves e coração entregue, Ana desenhou uma travessia sonora que percorreu séculos e sentimentos. Começou com Heitor Villa-Lobos e O Canto do Pajé, chamando os ancestrais à escuta. Seguiu com a Fantasia nº 4 do Padre José Maurício, e a polca Niny, de Carlos Gomes, numa reverência aos mestres fundadores. 

Mas foi com a valsa Beijos, de Chiquinha Gonzaga, e o cavaquinho travesso de Apanhei-te, de Ernesto Nazareth, que a alma do Brasil sorriu. E então vieram os afetos eternos de Carinhoso (Pixinguinha) e No fundo do meu quintal, de Francisco Mignone, cheios de lembranças, quintais e silêncios que dançam. 

Entre valsas, estudos e batuques, a tarde foi se bordando com as notas de Najla Jabor, Jacob do Bandolim, Lindalva Cruz, Nadya de Carvalho, Meyre Brum, Tom Jobim, Ronaldo Miranda, Marlos Nobre e Lorenzo Fernandez — um desfile de grandes nomes traduzidos pelo toque elegante de Ana Maria.

A cada execução, o piano não falava apenas — ele se emocionava. Havia algo além da técnica: uma entrega, uma ternura, uma paz que só os grandes artistas sabem transmitir. Era como se Ana sussurrasse: "escutem com o coração". 

Naquela tarde, não houve pressa. Só música. Só encanto. Só Ana.

E quem esteve ali, ainda hoje ouve — dentro de si — o eco do seu piano. 


Texto de memória: Focus Portal Cultural

Em tributo à pianista Ana Maria Brandão

Recital realizado na ADAF- Niterói — 29/01/2017

 





JOÃO GUIMARÃES ROSA — O SERTÃO QUE VIROU PALAVRA - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL


Homenagem do Focus Portal Cultural pelos 117 anos de nascimento do escritor em 27 de junho de 1908.

É com grande alegria e profundo respeito que o Focus Portal Cultural presta esta homenagem ao inesquecível João Guimarães Rosa, por ocasião dos 117 anos de seu nascimento. Celebramos não apenas a data, mas a presença viva de sua palavra no imaginário brasileiro, na alma do sertão e no coração de quem reconhece a literatura como território sagrado de travessias humanas.

Mais que escritor, Rosa foi um alquimista da língua, um desbravador de sentidos, um criador de mundos. Ao reinventar o idioma e transformar o sertão em paisagem mítica, ele fez do Brasil um lugar ainda mais vasto dentro da literatura universal. Homenageá-lo é celebrar o poder da linguagem, da escuta e da beleza que há nos caminhos mais simples, e mais profundos — da existência.

Num tempo em que o Brasil se procurava nos mapas da própria alma, nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, um menino que mais tarde se tornaria o cartógrafo do indizível, o tradutor do sertão e da alma humana. João Guimarães Rosa não foi apenas escritor foi alquimista da linguagem, arquiteto de mundos entre as veredas da fala popular e as veredas da metafísica. 

Ao celebrarmos seus 117 anos de nascimento, o Focus Portal Cultural presta esta homenagem àquele que fez do silêncio do sertão um rumor eterno na literatura universal. 

Poeta, contista, romancista, diplomata e médico, João Guimarães Rosa é considerado por muitos o maior escritor brasileiro do século XX. Sua obra não apenas representou o sertão, ela recriou o sertão em todos os seus paradoxos: bruto e lírico, mítico e concreto, sagrado e profano. 

Desde menino, era fascinado pelas palavras. Aprendeu línguas como quem colhe estrelas. Estudou francês antes dos seis anos, mergulhou em gramáticas de mais de 20 idiomas, e afirmava que estudar línguas era, antes de tudo, um divertimento,  um modo de entrar nas entranhas da própria língua portuguesa. 

Foi médico em cidades pequenas e combatente na Revolução de 1932. Ingressou na carreira diplomática e, em Hamburgo, conheceu Aracy de Carvalho, com quem casaria e que, heroína silenciosa da Segunda Guerra, ajudou judeus a escaparem do nazismo. Rosa viveu entre embaixadas e postos do Itamaraty, mas seu coração nunca deixou o sertão. 

Na literatura, sua estreia se deu com Sagarana (1946), mas foi com Grande Sertão: Veredas (1956) que o mundo o reconheceu como um dos gênios da narrativa moderna. A linguagem viva, inventiva e metafórica, construída com rebentos do idioma popular e raízes do latim, tupi, alemão, sânscrito e outros — tornou-se seu instrumento de revelação e encantamento. 

Guimarães Rosa tratava a palavra como quem trata um mistério sagrado. Em seus textos, linguagem e pensamento caminham juntos, como Riobaldo e Diadorim, personagens que representam o eterno enigma do humano.

Sua obra mistura elementos do realismo mágico, do regionalismo simbólico, do existencialismo lírico e da metafísica poética. É literatura de travessia, onde o rio e a alma se confundem. Onde o sertão é também tempo, morte, fé, amor, ausência, Deus, e tudo aquilo que não cabe na explicação lógica. 

Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, mas só tomou posse em 1967. Três dias depois do seu discurso, onde disse: "A gente morre é para provar que viveu.", faleceu de infarto, aos 59 anos. Morreu no corpo, mas vive no verbo, no que é eterno da língua, da cultura, da imaginação. 

João Guimarães Rosa não escreveu livros, ele abriu portais. Portais para dentro do Brasil profundo, para dentro da alma humana, para dentro do inominável. Seu legado não é apenas literário, é espiritual, ético, estético. 

No sertão que ele ergueu com palavras, todos somos andarilhos de uma travessia que ainda não terminou. Que seus 117 anos continuem a nos lembrar: "Viver é muito perigoso", mas escrever é uma forma de renascer, de criar eternidades entre uma página e outra. 

Focus Portal Cultural — Em honra à palavra que ilumina. 

© Alberto Araújo

 

JOÃO GUIMARÃES ROSA — O SENHOR DAS PALAVRAS E DAS VEREDAS DA ALMA

João Guimarães Rosa nasceu no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais, uma pequena cidade que, como ele próprio, guardava vastidões em silêncio. Desde menino, carregava um mundo dentro, feito de sons, signos e mistérios. Era filho de Florduardo Pinto Rosa, comerciante, e Francisca Guimarães Rosa, conhecida como Chiquitita. Ainda criança, apaixonou-se pelas línguas e pelos livros, iniciando o estudo de idiomas com uma precocidade espantosa. Aos seis anos já estudava francês; mais tarde aprenderia dezenas de línguas, lendo gramáticas por puro deleite.

Formou-se médico aos 19 anos pela Universidade de Minas Gerais. Exerceu a profissão no interior mineiro, especialmente em Itaguara, onde o contato com o povo simples, com a fala rústica e com o sertão vivo, deixou marcas profundas em sua imaginação. Ali, o menino das palavras se encontrou com os mitos da terra, com o silêncio das veredas e com os enigmas do viver. 

Mas Guimarães Rosa era múltiplo. Além de médico, foi também militar voluntário na Revolução de 1932 e, em seguida, tornou-se diplomata de carreira. Serviu em cidades como Hamburgo, Bogotá e Paris. Em Hamburgo, durante os anos sombrios do nazismo, conheceu Aracy de Carvalho, brasileira corajosa que salvou dezenas de judeus concedendo vistos para o Brasil — mulher que se tornaria sua companheira de vida.

Como escritor, estreou em 1946 com o livro de contos “Sagarana”, recebendo aclamação imediata. Mas foi em 1956, com a publicação do monumental “Grande Sertão: Veredas”, que Guimarães Rosa entrou definitivamente para a eternidade literária. Criou ali um romance-rio, um fluxo existencial entre o bem e o mal, a fé e a dúvida, o amor e o mistério, encarnado nas figuras inesquecíveis de Riobaldo e Diadorim. 

Sua literatura não se contenta em representar o sertão — ela reinventa o idioma para recriar o mundo. Em suas obras, o português se expande em neologismos, arcaísmos, construções inesperadas, fundindo o erudito e o popular num mesmo fio de encantamento. Com um estilo único e inconfundível, Rosa fundou um novo modo de escrever, onde a linguagem é travessia, magia e revelação. 

Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, adiou por anos sua posse — temia ser dominado pela emoção. Quando finalmente fez seu discurso, em 1967, emocionou a todos ao afirmar: “A gente morre é para provar que viveu.” Três dias depois, faleceu de um infarto fulminante, no Rio de Janeiro, aos 59 anos. Seu corpo descansa no panteão da ABL, mas sua obra continua viva, vibrante, inatingível. 

João Guimarães Rosa foi poeta da linguagem, pensador da existência, inventor do sertão-mito. Seu legado atravessa o tempo com a força dos rios que nunca cessam de correr, mesmo depois de perderem o nome nos mapas. Seu sertão não é só geografia — é condição da alma. Suas palavras, ainda hoje, nos lembram de que viver é arte, é busca, é verbo em movimento. 

Ao relembrar João Guimarães Rosa, revisitamos não apenas a história de um homem, mas o legado de um mestre que nos ensinou a ver o invisível e a ouvir o silêncio das veredas. Sua obra continua a ecoar em cada leitor que ousa atravessar o sertão simbólico de suas páginas, encontrando ali um espelho da própria alma.

O Focus Portal Cultural, com gratidão e admiração, reverencia este imortal das letras brasileiras. Que sua palavra siga iluminando gerações, como estrela que não se apaga no céu da literatura.

© Alberto Araújo