Niterói
me chamou pelo nome,
num sussurro de vento vindo da Baía,
e eu fui — de alma aberta e pés descalços,
como quem atende um chamado de casa.
Seu mar
me olhou com ternura antiga,
como o Velho Monge lá de Luzilândia,
e eu entendi:
há rios que nos formam,
e mares que nos revelam.
Entre os
olhos do Pão de Açúcar
e o silêncio das pedras de Itacoatiara,
aprendi que a beleza não grita —
ela respira.
Niterói
não me pediu nada,
só me deu:
tempo, travessia, abrigo,
e um céu inteiro para sonhar.
Aqui, as
tardes têm cheiro de infância molhada,
e as noites, o calor dos terreiros e promessas.
O passado caminha devagar entre os prédios,
mas nunca deixa de sorrir para o futuro.
E eu
sigo, leve,
banhado por essa cidade que me aceita inteiro:
nordestino, menino, homem, poeta —
feito de barro, sal e bênção.
Niterói,
teu nome é travessia,
e tua alma, minha morada.
© Alberto
Araújo
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