segunda-feira, 30 de junho de 2025

EFEMÉRIDES – 1º DE JULHO. AMÁLIA RODRIGUES: A VOZ ETERNA QUE NASCEU NO TEMPO DAS CEREJAS

 

Homenagem do Focus Portal Cultural, sob a direção do jornalista e escritor Alberto Araújo. 

Com carinho e admiração, o Focus Portal Cultural presta hoje uma homenagem luminosa à incomparável Amália Rodrigues, celebrando os 105 anos do seu nascimento — ocorrido no dia 1º de julho de 1920, “no tempo das cerejas”, como ela própria preferia dizer. Mais do que uma data, trata-se de um marco no tempo onde a arte e a alma de um povo ganharam voz universal. 

Fado é destino e Amália foi o destino do fado.” – Alberto Araújo

Amália não nasceu apenas em Lisboa, na Rua Martim Vaz, nem somente no assento de 23 de julho. Amália nasceu onde nasce o fado: entre o peito e o silêncio, no coração poético da alma portuguesa. Desde muito cedo, carregou no canto o destino de um povo, tornando-se aclamada mundialmente como a Rainha do Fado, mas, sobretudo, a Embaixadora Sentimental de Portugal. 

Sua voz, única e arrebatadora, atravessou fronteiras, línguas e tempos. Cantou os becos de Alfama e os palcos do mundo, do México ao Japão, de Paris ao Brasil. Mais que intérprete, Amália foi ponte entre tradição e invenção, introduzindo o canto dos grandes poetas portugueses no fado: de Camões a D. Dinis, de David Mourão-Ferreira a Ary dos Santos, de Pedro Homem de Mello a Manuel Alegre. Seu fado era feito de poesia viva. 

"Ela não cantava apenas o fado — ela costurava saudades no tecido da eternidade." — Alberto Araújo

Ela inaugurou o fado-canção, desafiando os limites do estilo sem jamais perder sua raiz. Gravou 170 álbuns em mais de 30 países, com vendagens superiores a 30 milhões de cópias — número que ecoa como um coro de saudade em cada canto onde se fala ou sente o idioma português. 

Hoje, sua memória repousa no Panteão Nacional, mas sua voz continua a morar no peito dos que amam o fado e a verdade da canção. Não há quem ouça Amália sem sentir-se visitado por uma emoção antiga, por uma dor bela, por uma força que parece ancestral. 

O Focus Portal Cultural, na curadoria sensível de seu diretor Alberto Araújo, reverencia essa mulher que não apenas cantou o fado, mas o elevou à condição de eternidade. Amália não morreu. Amália continua sendo um país inteiro que canta, chora, dança e floresce no tempo das cerejas.

Amália tinha cheiro de cereja e sabor de saudade. Foi estrela, flor e cravo. E ainda é.

 

 

AMÁLIA RODRIGUES – A VOZ QUE NASCEU NO TEMPO DAS CEREJAS 

Amália da Piedade Rebordão Rodrigues nasceu em Lisboa, em 1º de julho de 1920, ou talvez no dia 23 daquele mesmo mês — a data oficial de seu registro. Mas para ela, sua vinda ao mundo se deu “no tempo das cerejas”, quando o verão português se enfeita de frutos vermelhos e memórias doces. E assim preferia ser lembrada: nascida no tempo dos presentes e da esperança. 

Filha de origens humildes, Amália cresceu entre canções populares, vendendo frutas e flores, até que sua voz — profunda, grave, dolorosa e luminosa — a conduziu dos becos da cidade à imensidão dos palcos do mundo. Sua primeira apresentação oficial aconteceu nos anos 1930, e a partir dali o mundo jamais a esqueceu. 

Amália não foi apenas uma cantora. Foi o fado em carne e espírito. Com ela, o fado deixou as vielas e subiu às catedrais da música internacional. Pela primeira vez, o fado ganhava a sofisticação da poesia, ao ser entrelaçado com versos de Camões, D. Dinis, David Mourão-Ferreira, Ary dos Santos, Pedro Homem de Mello e tantos outros. Sua ousadia poética fez nascer o chamado fado-canção, unindo tradição e modernidade, dor e beleza, sombra e luz. 

Falava e cantava com a alma. Era uma mulher de silêncios profundos e sentimentos intensos. Amava a natureza, os mistérios do coração e a simplicidade da vida. E mesmo sendo admirada em todo o planeta — da França ao Japão, do Brasil ao México — manteve no olhar aquela melancolia lírica que só os grandes conhecem. 

Ao longo da vida, gravou mais de 170 discos em mais de 30 países, com vendas superiores a 30 milhões de cópias, um feito imenso para qualquer artista, ainda mais para uma intérprete que cantava essencialmente na língua portuguesa. Era ovacionada nos palcos mais prestigiados, mas jamais perdeu o vínculo com sua raiz popular. 

Faleceu em 06 de outubro de 1999, deixando uma ausência sonora que ainda ecoa em cada esquina de Lisboa e no peito dos que conhecem a beleza do fado. Seus restos mortais repousam no Panteão Nacional, ao lado dos maiores nomes da história portuguesa. 

Amália Rodrigues não foi apenas a Rainha do Fado. Foi o coração emocionado de um povo transformado em voz, a embaixadora da alma portuguesa no mundo, uma mulher feita de vento, sal, flor e sombra. E, sobretudo, uma artista que fez do canto um sagrado ofício de eternidade. 

Texto da série EFEMÉRIDES – Focus Portal Cultural

Alberto Araújo – jornalista, poeta e diretor editorial












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