21 de junho de 2025. No vasto panteão da literatura mundial, poucos nomes brilham com a intensidade e a atemporalidade de Joaquim Maria Machado de Assis. Nascido em 21 de junho de 1839, este gênio da palavra transcendeu as barreiras de sua época e de sua origem humilde para se tornar não apenas o maior escritor brasileiro, mas um observador perspicaz da alma humana e da complexidade social.
Em um momento em que celebramos o legado contínuo de figuras que moldaram nossa cultura, o Focus Portal Cultural convida você a mergulhar na fascinante trajetória do Bruxo do Cosme Velho, um homem que, com sua pena afiada e sua inteligência singular, desvendou os meandros da existência e da sociedade com uma profundidade que ainda hoje nos provoca e nos encanta. Prepare-se para conhecer a vida e a obra de um autor que, mais de um século após sua partida, permanece vivo em cada página, em cada personagem e em cada dilema que nos legou.
Hoje, 21 de junho, o Focus Portal Cultural tem a imensa alegria de revisitar o universo de um dos maiores gênios da literatura brasileira: Joaquim Maria Machado de Assis. Nesta data, celebramos não apenas o aniversário de nascimento do nosso Bruxo do Cosme Velho, mas os 186 anos de um legado que continua a ecoar com a mesma força e relevância de quando foi escrito.
Machado não é apenas um nome em nossos livros didáticos; ele é a própria alma da nossa literatura. Sua obra, que transita com maestria entre o romance, o conto e a crônica, desvenda as complexidades da alma humana e as contradições da sociedade brasileira com uma inteligência e sagacidade inigualáveis. Dos dilemas de Capitu em Dom Casmurro à ironia cortante de Brás Cubas em Memórias Póstumas, cada página é um convite à reflexão profunda sobre o amor, a loucura, o poder e a própria existência.
Revisitar Machado de Assis hoje é mais do que um exercício literário; é um mergulho em nossa própria identidade. Sua prosa atemporal nos provoca, nos encanta e nos desafia a enxergar além das aparências. E é com essa energia que o Focus Portal Cultural convida você a celebrar este aniversário, redescobrindo a riqueza e a profundidade de um autor que, mesmo após 186 anos, permanece vivo em cada leitor que se aventura por suas palavras.
MACHADO DE ASSIS: A TRAJETÓRIA DO BRUXO DO COSME VELHO
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é unanimemente reconhecido como o maior escritor da literatura brasileira. Sua obra, vasta e complexa, transcende gêneros e épocas, inaugurando o Realismo no Brasil e influenciando gerações de escritores. Nascido em uma família humilde, sua trajetória é um testemunho de talento, dedicação e superação.
Machado
de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, Rio de Janeiro.
Filho do pintor de paredes Francisco José de Assis e da lavadeira Maria
Leopoldina Machado de Assis (açoriana), Machado teve uma infância marcada por
dificuldades financeiras e pela perda precoce de sua mãe (1849) e de sua única
irmã. Sua educação formal foi limitada a escolas públicas, mas sua curiosidade
e sede de conhecimento o levaram a ser um autodidata incansável. Aprendeu latim
com um padre amigo e aprimorou o francês com um forneiro, demonstrando desde
cedo sua paixão pelas letras.
Aos 15 anos, em 1854, publicou seu primeiro poema, "À Ilma. Sra. D.P.J.A.", no jornal Periódico dos Pobres. Em 1855, o poema "Ela" foi publicado na Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito, figura importante que o acolheu como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional em 1856. Esse foi o início de sua relação com o universo editorial, que se estenderia por toda a vida.
Nos anos seguintes, Machado de Assis consolidou sua presença na imprensa carioca, atuando como revisor, jornalista, cronista e crítico teatral para diversos periódicos, como Diário do Rio de Janeiro, A Semana Ilustrada, O Espelho e O Globo. Essa experiência foi crucial para sua formação como escritor, refinando sua capacidade de observação e seu estilo.
Sua
produção inicial é enquadrada no Romantismo, caracterizada por uma linguagem
mais fluida e temáticas ligadas ao amor e à idealização. Dentre as obras dessa
fase, destacam-se:
Poesia:
Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875).
Contos:
Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia-Noite (1873).
Romances: Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878).
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, sua grande companheira e incentivadora, a quem dedicaria poemas e a quem considerava sua "mulher ideal". Nesse período, também iniciou sua carreira como funcionário público, o que lhe proporcionou estabilidade financeira e a possibilidade de dedicar-se mais à escrita.
A
partir de 1881, a obra de Machado de Assis sofre uma transformação radical,
marcando a transição para o Realismo brasileiro. Essa nova fase é caracterizada
por uma prosa mais densa, irônica, pessimista e de profunda análise
psicológica, rompendo com os padrões românticos vigentes. A saúde de Machado,
que sofria de epilepsia, e suas observações aguçadas sobre a sociedade da época
contribuíram para essa mudança de perspectiva.
O marco inicial dessa fase e da própria estética realista no Brasil é a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Narrado por um "defunto autor", o romance subverte as convenções literárias e satiriza a hipocrisia e os valores da elite carioca.
Seguiram-se outras obras-primas que consolidaram sua posição como mestre do Realismo:
ROMANCES
Quincas
Borba (1891)
Dom
Casmurro (1899) – Obra-prima que levanta o eterno questionamento sobre a
traição de Capitu.
Esaú
e Jacó (1904)
Memorial
de Aires (1908) – Seu último romance, com um tom mais melancólico e
retrospectivo.
CONTOS
Papéis
Avulsos (1882) – Contém o famoso conto "O Alienista".
Histórias
sem Data (1884)
Várias
Histórias (1896) – Contém o conto "A Cartomante".
Páginas
Recolhidas (1899)
Relíquias de Casa Velha (1906) – Contém o conto "Pai Contra Mãe", um brutal retrato da escravidão.
Em 1896, Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), inspirada na Academia Francesa. No ano seguinte, foi eleito seu primeiro presidente, cargo que ocupou até sua morte. A ABL tornou-se um importante pilar da cultura brasileira, e Machado desempenhou um papel fundamental em sua consolidação.
Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, vítima de câncer. Deixou uma obra monumental que, mais de um século após sua morte, continua a ser estudada, debatida e admirada. Sua capacidade de mergulhar nas profundezas da alma humana, sua ironia sutil e sua crítica social atemporal fazem dele um autor universal, cujo impacto na literatura brasileira e mundial é inegável. O "Bruxo do Cosme Velho" – apelido que lhe foi dado pela vizinhança onde morava – permanece vivo através de suas palavras, desafiando e encantando gerações de leitores.
A
vida de Machado de Assis é, por si só, um enredo digno de seus romances: uma
história de superação, dedicação e um talento inquestionável que floresceu
contra todas as adversidades. De suas humildes origens à presidência da
Academia Brasileira de Letras, Machado construiu uma obra que é um espelho
multifacetado do Brasil e da condição humana. Suas análises psicológicas
profundas, sua ironia mordaz e sua capacidade de subverter expectativas
continuam a ressoar com uma atualidade impressionante. O legado do Bruxo do
Cosme Velho não se restringe aos compêndios literários; ele vive em cada debate
sobre Capitu, em cada riso irônico ao ler Brás Cubas, e em cada reflexão sobre
os mistérios que nos cercam. Relembrar Machado de Assis é celebrar a perenidade
da boa literatura, a maestria de um artista que compreendeu a essência do ser
humano e a imortalidade de sua pena. Que sua obra continue a ser revisitada,
estudada e amada, garantindo que o brilho desse gênio jamais se apague.
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