Nesta linda tarde, a barca que corta as águas da Baía de Guanabara não transporta apenas a alma humana, ela conduz histórias, esperanças, silêncios e promessas. Em cada travessia, pulsa o coração de um povo que aprendeu a viver entre o ir e o vir, sem nunca perder o rumo.
O céu de Icaraí se estende amplo, sobre as areias finas e o contorno sereno da Praia das Flechas. As gaivotas cruzam o azul como versos soltos, voando sobre o calçadão de pedras portuguesas, onde passos se repetem há gerações. Ao fundo, o contorno das ilhas da Boa Viagem, Jurujuba se desenha como um poema quieto.
As sombras dos flamboyants balançam suavemente na orla, enquanto o vento traz o cheiro do mar misturado ao das amendoeiras. Há risos de crianças no Campo de São Bento, vozes no coreto, o frescor de um picolé artesanal comprado ali mesmo na esquina da Rua Gavião Peixoto. Cada canto da cidade guarda um pedaço de saudade e sonho.
E mesmo quando as estações mudam, o amor dos icaraienses permanece. Está no aceno da varanda do edifício antigo, no café tirado com carinho, na conversa demorada em frente à livraria ou ao quiosque. É um amor que resiste ao tempo, ao concreto, ao mar que se agita. Um amor que é casa, cais e bússola.
Icaraí não é apenas lugar é alma em repouso. É memória viva. Quem sente isso sabe: há algo de eterno em cada barca que parte... e em cada coração que fica à beira da areia, olhando o Pão de Açúcar de longe, como quem aguarda sempre um reencontro.
Que esta tarde nos traga paz, e que a semana que se inicia seja leve, fértil e abençoada para todos nós.
© Alberto Araújo
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