O INSTANTE IMENSO
Descobri
que o belo não grita,
sussurra.
É a curva tímida da tarde,
o silêncio azul da flor.
Descobri
que o sagrado não pesa,
paira.
É o voo breve do instante,
um gesto de amor sem rumor.
Não está nas molduras douradas,
nem nos altares de pedra.
Está no menino que sonha,
na folha que cai — tão leve, tão só.
Descobri que o belo é o que passa
sem querer ficar.
E o sagrado é o que fica
sem precisar estar.
Há
beleza na água que dança
no copo esquecido no sol.
Há pureza no tempo que cansa
sem jamais perder o farol.
E
eu, que procurei em catedrais e livros,
encontrei no vento,
no riso,
no olhar.
O
que é belo e sagrado, enfim,
é o que nos toca
sem jamais se explicar.
©
Alberto Araújo
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