RISO DE
TEMPO
POEMA
DE ALBERTO ARAÚJO
O tempo
não me leva —
me
convida.
Estende
a mão com a leveza de quem sabe
que
cada segundo é um brinquedo em movimento.
Cruzo
as horas como quem atravessa um campo de girassóis:
com os
olhos cheios de sol
e os
bolsos cheios de histórias.
Não
tenho medo das rugas:
elas
são rabiscos da alegria,
marcas
do que sorri demais.
O tempo
dança em mim.
Troca
minhas vestes, meus humores,
me
ensina a rir de tudo o que achei que fosse urgente.
De cada
ano levo uma nova cor no riso,
uma
nova gíria que aprendi,
um
hábito que virou afeto,
um
espanto que virou sabedoria.
O tempo
me atravessa como um rio
que
sabe ser festa,
que me
refresca em vez de me afogar.
E eu,
sem querer ser eterno,
sou
inteiro.
Não
conto os anos —
conto
os encantos.
As
vezes em que me reinventei,
as
manhãs em que acordei curioso,
os
encontros que me rabiscaram por dentro.
Sou
travessia alegre.
Sou
passagem que canta.
E
quando o tempo me olha,
eu olho
de volta com brilho:
— “Sim,
estou aqui.
Vivo
demais pra temer o que muda.”
© Alberto Araújo
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