Mais uma vez, a elista Melissa Caetano nos brinda com uma descoberta encantadora, transformando nossa troca no grupo ELISTAS num verdadeiro passeio cultural. Depois de nos levar ao encontro do Infante Dom Henrique, Melissa agora nos convida a embarcar em um bonde que vai além dos trilhos, um símbolo de memória, paixão e brasilidade: o Bonde Pelé.
Esse bonde, originalmente construído na cidade do Porto, em Portugal, carrega quase um século de história. Após circular até a década de 1980 por terras lusitanas, foi doado à cidade de Santos em 2005 e, mais recentemente, restaurado e estilizado em 2023 para homenagear o Rei Pelé, o eterno ídolo do futebol mundial.
A iniciativa foi abraçada pela Prefeitura de Santos, que inseriu esse bonde na charmosa Linha Turística de Bondes, que parte da emblemática Estação do Valongo, local que em breve abrigará o Museu Ferroviário da Cidade de Santos. Aliás, essa estação é, por si só, uma obra-prima: projetada na Inglaterra, inaugurada em 1867, com linhas neoclássicas inspiradas na Victoria Station de Londres e, curiosamente, única estrutura da cidade preparada para a neve.
O Bonde Pelé é muito mais do que um transporte histórico: é uma homenagem em movimento, que conecta o público à alma da cidade. O passeio percorre o centro histórico de Santos, revelando marcos como o Museu Pelé, onde repousa a história viva do nosso Rei do Futebol e o imponente Museu do Café, símbolo da riqueza e cultura do ciclo cafeeiro.
Com carroceria vermelha fechada, estilo retrô e capacidade para 28 passageiros, o bonde recria uma atmosfera nostálgica, inclusive com reproduções de propagandas da época, permitindo ao visitante um mergulho no tempo. A bordo, a emoção não está apenas nos trilhos, mas na alma de cada parada.
MUSEU FERROVIÁRIO DE SANTOS: UM MARCO DA MEMÓRIA SOBRE TRILHOS
Em breve, Santos será o ponto de partida de uma grande viagem pelo tempo e pelos trilhos da história brasileira. O Museu Ferroviário de Santos, em fase de planejamento, promete ser o maior da América Latina, com um acervo grandioso e um propósito tão ambicioso quanto necessário: resgatar, preservar e celebrar a memória das ferrovias no Brasil.
Instalado na antiga Estação do Valongo, coração do centro histórico santista, o museu ocupará também áreas adjacentes, como o pátio ferroviário e o antigo armazém de bagagens. Esse conjunto, que há décadas guarda os ecos das chegadas e partidas do passado, será revitalizado para se transformar em um grande centro cultural e turístico, integrado ao projeto do Distrito Turístico de Santos.
O acervo será um verdadeiro tesouro ferroviário: bondes históricos, locomotivas, vagões de carga, carros de manutenção, peças mecânicas, uniformes, bilhetes antigos, mapas, fotografias e documentos que narram não apenas a evolução dos transportes, mas também os movimentos da sociedade, da economia e da identidade nacional.
Com recursos na ordem de R$ 9 milhões anunciados pelo Governo do Estado de São Paulo, o projeto vai além da memória: pretende fomentar o dinamismo econômico da região, gerar empregos, promover a revitalização urbana e contribuir para a formação cidadã, especialmente das novas gerações.
As exposições itinerantes previstas a partir de 2025 anteciparão parte do encantamento que o espaço oferecerá, enquanto a inauguração oficial será realizada por etapas nos anos seguintes. Em sinergia com a já conhecida Linha Turística de Bondes de Santos, o museu oferecerá aos visitantes uma experiência completa, imersiva e educativa sobre o universo do transporte sobre trilhos.
Além de sua importância regional, o museu dialogará com outras instituições ferroviárias do país, como o Museu Ferroviário de Juiz de Fora (MG), o Museu do Trem de São Leopoldo (RS) e o Museu Ferroviário de São João del-Rei (MG) — todos espaços que, assim como Santos, entendem que a história das ferrovias é a própria história do Brasil em movimento.
Um dos focos do Museu Ferroviário de Santos será destacar o papel essencial da ferrovia no escoamento do café do interior paulista rumo ao Porto de Santos — fato que impulsionou o crescimento econômico do país e moldou a paisagem urbana e cultural da cidade.
Ao celebrar os trilhos, o Museu Ferroviário de Santos não apenas resgata o passado: ele aponta para um futuro em que memória, cultura e turismo caminham lado a lado, sobre os trilhos de um Brasil que reconhece e valoriza sua própria história.
E foi Mel Caetano, com sua habitual sensibilidade e dedicação à cultura, quem nos abriu essa janela. Ela não só compartilhou informações preciosas, como também fotos belíssimas da experiência.
Que esta partilha inspiradora siga ecoando em
nossos corações. Obrigado, Melissa, por conduzir este bonde do saber com tanto
afeto e história. Em cada trilho, um pedaço de nós. Em cada imagem
compartilhada, um convite à memória.
Editorial
Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
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