quinta-feira, 23 de outubro de 2025

EFEMÉRIDES DO FOCUS - 23 DE OUTUBRO - 208 ANOS DO NASCIMENTO DE PIERRE LAROUSSE

Neste dia, em 1817, nascia em Toucy, França, Pierre Athanase Larousse, pedagogo, editor e enciclopedista que transformou para sempre o modo de ensinar e difundir o conhecimento. 

Filho de modestos comerciantes, Larousse dedicou a vida à educação e à democratização do saber. Em 1848, publicou sua primeira obra, “A Lexicologia das Escolas”, uma gramática inovadora que buscava aproximar o ensino da realidade dos alunos. Na França de então, cada região possuía o próprio dialeto, e a escola era o espaço onde se aprendia o francês, língua de unidade nacional e cultural. 

Em 1852, uniu-se ao professor Augustin Boyer, e juntos fundaram a Livraria Larousse & Boyer, que se tornaria referência na edição de obras didáticas. Da parceria nasceu, em 1856, o “Novo Dicionário da Língua Francesa”, obra pioneira e precursora do célebre Petit Larousse, que ainda hoje simboliza a cultura e o rigor linguístico da França.

Mas Pierre Larousse sonhava mais alto. Queria criar uma enciclopédia acessível a todos,  “um livro onde fosse possível encontrar, por ordem alfabética, todo o conhecimento que enriquece o espírito humano”. Assim nasceu, em 1863, o “Grande Dicionário Universal”, um monumento às ideias republicanas, liberais, progressistas e laicas, que marcou uma nova era na história do pensamento ocidental. 

Larousse acompanhou pessoalmente cada etapa da criação dessa obra monumental, dedicada não apenas à erudição, mas à emancipação intelectual dos povos. 

Pierre Larousse faleceu em Paris, em 03 de janeiro de 1875, mas o seu legado segue vivo em cada página que busca “instruir toda a gente sobre todas as coisas”, lema que se tornou símbolo da cultura universal e da educação libertadora.

© Alberto Araújo

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PIERRE LAROUSSE 

O MESTRE QUE LIBERTOU O SABER


Pierre Athanase Larousse nasceu em Toucy, no dia 23 de outubro de 1817 e faleceu em Paris, no dia 03 de janeiro de 1875, foi mais do que um pedagogo, editor e enciclopedista francês: foi um libertador do conhecimento. Sua vida foi guiada por uma convicção luminosa, a de que a educação é a mais nobre forma de emancipação humana. 

Nascido em uma pequena cidade do interior da França, filho de modestos comerciantes, Larousse destacou-se desde cedo pela inteligência curiosa e pelo desejo de ensinar. Tornou-se professor primário e, em meio às limitações do sistema escolar da época, percebeu que o ensino repetitivo e autoritário não despertava a criatividade nem a razão dos alunos. Queria mais: queria formar mentes livres. 

Em 1848, publicou sua primeira obra, “A Lexicologia das Escolas”, uma gramática moderna que revolucionou a pedagogia. À época, a França era um mosaico de dialetos regionais, e o francês, língua da unificação, era aprendido nas escolas. Larousse via na linguagem não apenas um instrumento de comunicação, mas um elo de cultura e cidadania. 

Em 1852, ao lado do professor Augustin Boyer, fundou a Livraria Larousse & Boyer, que se tornaria um farol de ideias novas. A dupla lançou obras didáticas inovadoras, culminando em 1856 com o “Novo Dicionário da Língua Francesa”, precursor do célebre Petit Larousse, dicionário que se tornaria um símbolo do conhecimento acessível. 

Mas o verdadeiro sonho de Pierre Larousse era ainda maior: construir uma enciclopédia universal, uma obra monumental onde qualquer pessoa, de qualquer classe, pudesse encontrar, em ordem alfabética, “todo o conhecimento que enriquece o espírito humano”. Assim nasceu, em 1863, o “Grande Dicionário Universal do Século XIX”, um colosso intelectual que consagrava os valores republicanos, liberais e laicos, e que colocava a inteligência humana acima de qualquer dogma. 

Larousse dedicou sua vida a esse projeto, movido por uma fé inabalável na educação e na liberdade do pensamento. Sua obra não era apenas um compêndio de fatos, mas um ato de coragem intelectual. Com cada página, ele desafiava o obscurantismo, promovendo a razão, a ciência e a justiça social. 

Faleceu em Paris, em 1875, sem saber que seu nome se tornaria sinônimo de sabedoria popular e universal. O selo “Larousse”, estampado em livros e dicionários até hoje, perpetua a missão do mestre: instruir toda a gente sobre todas as coisas. 

Pierre Larousse vive como um símbolo da luz que o saber projeta sobre a humanidade, e como um lembrete de que educar é libertar.

© Alberto Araújo

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A ETERNIDADE DA ILÍADA E A VOZ DO PROFESSOR MARCO ANTÔNIO MARTINS PEREIRA - ENSAIO DE ALBERTO ARAÚJO

Este ensaio foi inspirado em uma postagem recente do professor Marco Antônio Martins Pereira em sua página no Facebook, na qual ele compartilhou reflexões sobre a Ilíada e sua importância na tradição literária. A partir desse gesto, que ecoa o canto dos antigos aedos, nasceu o presente texto, que busca unir lirismo e reflexão cultural. 

Há obras que não pertencem apenas ao tempo em que nasceram, mas atravessam os séculos como se fossem rios subterrâneos, alimentando a imaginação, a cultura e a própria identidade da humanidade. Entre elas, a Ilíada ocupa um lugar singular: poema épico que, mesmo composto há quase três milênios, continua a pulsar como se fosse um coração vivo, lembrando-nos da fragilidade e da grandeza humanas. 

O professor Marco Antônio Martins Pereira, especialista em Homero e leitor atento da tradição clássica, tem se dedicado a iluminar esse patrimônio literário com a clareza de quem não apenas estuda, mas também vive a poesia. Sua docência é um ato de mediação entre mundos: o da Grécia arcaica, com seus aedos que recitavam versos ao som da lira, e o nosso, marcado pela pressa e pela fragmentação, mas ainda sedento de sentido. 

A Ilíada concentra-se em um recorte preciso: o décimo ano da Guerra de Troia. Não é a totalidade do conflito que interessa, mas a intensidade de um sentimento, a ira de Aquiles. Essa cólera, nascida de uma disputa com Agamêmnon, comandante dos exércitos gregos, desencadeia uma cadeia de eventos que culmina na morte de Heitor, o maior herói troiano, e no seu funeral. 

O que poderia parecer apenas um episódio bélico transforma-se, pela força da poesia, em reflexão sobre a condição humana. A ira de Aquiles não é apenas pessoal: é metáfora da tensão entre honra e destino, entre orgulho e mortalidade. O professor Marco Antônio, ao comentar essa dimensão, mostra como Homero, ou melhor, os aedos que transmitiram oralmente o poema, souberam transformar a violência em arte, a dor em canto, a morte em memória. 

Composta por 15.693 versos em hexâmetro datílico, a Ilíada é dividida em 24 cantos. Essa estrutura não é mero artifício técnico: é a moldura que sustenta a monumentalidade da narrativa. O hexâmetro, ritmo tradicional da poesia épica grega, confere musicalidade e solenidade, permitindo que o poema fosse recitado e memorizado.

Mais fascinante ainda é a língua em que foi composta: uma mistura de dialetos, uma língua literária artificial, nunca falada de fato na Grécia. É como se os aedos tivessem criado um idioma próprio para a eternidade, um idioma que não pertence a nenhuma pólis, mas a toda a humanidade. 

O professor Marco Antônio destaca esse aspecto como um dos grandes legados da tradição épica: a consciência de que a literatura pode inventar não apenas mundos, mas também linguagens. Ao ensinar isso, ele convida seus alunos a perceberem que a palavra é sempre criação, e que a literatura é um espaço de liberdade radical.

Atribuímos a Ilíada a Homero, mas a verdade é mais complexa. Foram os aedos, poetas itinerantes, guardiões da memória oral, que deram forma ao poema, recitando-o ao som da lira. Homero, se existiu, é menos um indivíduo e mais um símbolo: a personificação de uma tradição coletiva. 

Essa reflexão sobre a autoria é preciosa em tempos em que valorizamos tanto a assinatura individual. O professor Marco Antônio, ao trazer esse debate, mostra que a literatura nasce também do anonimato, da voz coletiva, da transmissão de geração em geração. A Ilíada não é apenas obra de um gênio isolado, mas de uma comunidade que soube transformar experiência em canto. 

Falar da Ilíada é falar de guerra, mas também de humanidade. É falar de morte, mas também de memória. É falar de ira, mas também de compaixão. O professor Marco Antônio Martins Pereira, ao se dedicar a essa obra, cumpre uma função essencial: a de manter viva a chama da tradição clássica em um mundo que tantas vezes esquece suas raízes. 

Sua docência não é apenas transmissão de conhecimento, mas ato de resistência cultural. Ao comentar Homero, ao dialogar com a obra de Nélida Piñon, ao escrever críticas literárias, ele mostra que a literatura é um tecido contínuo, em que o passado e o presente se entrelaçam. 

Assim como os aedos recitavam ao som da lira, o professor recita com sua voz crítica e pedagógica, despertando em seus alunos a consciência de que a literatura não é um luxo, mas uma necessidade vital. 

Por que ainda lemos a Ilíada? Porque ela nos lembra de que a condição humana é feita de conflitos, mas também de beleza. Porque ela nos mostra que a ira pode ser transformada em poesia, e que a morte pode ser narrada de modo a dignificar a vida. 

Em um mundo marcado por guerras, desigualdades e crises, a Ilíada continua a nos interpelar. E professores como Marco Antônio Martins Pereira são os mediadores que nos ajudam a ouvir essa voz antiga, mas sempre atual. 

A Ilíada termina com o funeral de Heitor, mas o canto não termina. Ele atravessa os séculos, ecoando em cada leitor, em cada sala de aula, em cada crítica literária. O professor Marco Antônio, ao se dedicar a essa obra, inscreve-se nessa tradição de guardiões da memória. 

Se os aedos tinham a lira, ele tem a palavra crítica e a docência. Se Homero foi o nome dado a uma coletividade, Marco Antônio é o nome de um mestre que, em nosso tempo, mantém viva a chama da poesia épica. 

A Ilíada é mais do que um poema: é um espelho em que a humanidade se reconhece. E a docência é mais do que um ofício: é um ato de amor ao conhecimento, um gesto de confiança no futuro. 

Assim, ao celebrarmos a obra de Homero e a dedicação do professor Marco Antônio Martins Pereira, celebramos também a própria literatura, essa arte que, como a ira de Aquiles, pode ser devastadora, mas que, como o canto dos aedos, é capaz de atravessar a morte e tocar a eternidade. 

Este ensaio foi escrito após a leitura de uma postagem do professor Marco Antônio Martins Pereira em sua página no Facebook, cuja erudição e sensibilidade motivaram estas reflexões.

© Alberto Araújo 


 






SOLIDARIEDADE QUE TRANSFORMA - UMA CORRENTE DO BEM EM NITERÓI NA CASA DA AMIZADE

Em tempos em que a empatia se torna cada vez mais essencial, gestos concretos de solidariedade reacendem a esperança e mostram que a união entre instituições e pessoas pode, sim, transformar vidas. Foi exatamente isso que aconteceu em Niterói, quando a Casa da Amizade, em parceria com o Elos Universitário e o Rotary de Niterói em Ação Social, protagonizou uma ação que tocou corações e reafirmou o poder da coletividade.

Destaque especial para a campanha liderada pelo jovem universitário Bernardo Correia Lima Junior, que arrecadou impressionantes 5.000 fraldas descartáveis destinadas à Casa da Magdala, instituição que acolhe mulheres em situação de vulnerabilidade. Esse gesto vai muito além da doação material: é um verdadeiro abraço coletivo em quem mais precisa. A iniciativa também evidencia o papel transformador da juventude quando incentivada por lideranças inspiradoras como a da incansável Matilde, que tem sido uma força motriz na mobilização social da cidade. 

As fraldas arrecadadas serão entregues à Casa da Magdala, que oferece cuidado, dignidade e recomeços a mulheres em situação de risco. Cada pacote doado representa mais do que conforto físico, simboliza respeito, empatia e o compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e acolhedora. É a materialização do amor ao próximo em sua forma mais pura.

A entrega foi marcada por emoção e gratidão. Em vídeo registrado e disponível em nosso anexo, a vice-presidente da Casa da Amizade, Angela Cristina F. de Siqueira, representando a presidente Zeneida Apolônio Seixas expressa seu profundo agradecimento às instituições envolvidas e, especialmente, ao jovem Bernardo, cuja atitude inspira e mobiliza. “São ações como essa que nos mostram que a juventude está atenta, sensível e pronta para fazer a diferença”, declarou Angela, com os olhos marejados e o coração cheio de esperança. 

Essa iniciativa é um exemplo claro de como parcerias bem alinhadas podem gerar impactos reais. O Elos Universitário, com sua força jovem e engajada; o Rotary de Niterói, com sua tradição em servir; e a Casa da Amizade, com sua atuação incansável, formam um elo poderoso em prol da justiça social. E quando esse elo se estende até a Casa da Magdala, ele se transforma em cuidado, acolhimento e transformação.

Mais do que uma simples entrega, essa ação representa o que há de mais bonito na sociedade: o compromisso com o outro. Que esse gesto inspire novas atitudes, novas parcerias e novas histórias de solidariedade. Que cada fralda entregue seja símbolo de um futuro mais justo, mais humano e mais fraterno.

Confira em nosso anexo as fotos desse momento especial e o vídeo com a mensagem emocionante da vice-presidente Angela Cristina. Que essas imagens sirvam como testemunho de que, quando o bem se une, ele se multiplica.

 

© Alberto Araújo

Diretor Cultural do Elos Internacional 









SESSÃO ESPECIAL DE CINEMA NA CASA DOS SABERES COM A PRESENÇA DO POETA JORDÃO PABLO DE PÃO

Nesta sexta-feira, 24 de outubro, às 19h, a Casa dos Saberes convida você para uma noite de arte e reflexão com a exibição do documentário "Pan-Cinema Permanente", dirigido por Carlos Nader (Brasil, 2008, 83 min). A iniciativa é fruto da parceria com o Cineclube Lumiar e o BIOMA – Laboratório Rural de Identidades.

O filme mergulha na vida intensa e multifacetada de Waly Salomão (1943–2003), poeta baiano que marcou profundamente a cultura brasileira. Desde jovem envolvido com a poesia, Waly transitou entre vanguardas e revoluções estéticas, dialogando com nomes como Hélio Oiticica, Caetano Veloso e Jards Macalé, especialmente durante o fervor tropicalista dos anos 60. 

Após a projeção, teremos um bate-papo enriquecedor com o poeta Jordão Pablo de Pão, que compartilhará suas impressões e provocações sobre o legado de Waly e o impacto do filme. 

Local: Casa dos Saberes – Rua Rodrigues Alves, 455, São Pedro da Serra, Nova Friburgo (RJ) - Entrada gratuita  - Duração: 83 minutos 

Viva essa experiência cinematográfica e poética!

 

O BREU QUE ILUMINA UM CANTO LÍRICO À REABERTURA DO MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, NO RIO DE JANEIRO

 


Na pulsante Cinelândia, onde o tempo se dobra entre o concreto e a memória, uma fresta de luz se abre no coração da cidade. O Museu Nacional de Belas Artes guardião de silêncios, de formas e de histórias, ergue lentamente suas cortinas após um longo interlúdio. Ainda não é o grande retorno, mas é um gesto, um sussurro, uma promessa.

 A Galeria de Moldagens 2, situada na Avenida Rio Branco, 199, torna-se palco de uma exposição que não apenas ocupa o espaço, mas o reinventa: “Breu”, do fotógrafo Vicente de Mello. 

Vicente de Mello, com sua lente sensível e poética, transforma o vazio em presença. Durante o período de fechamento do museu, iniciado em 2020, quando as reformas silenciaram os corredores, o artista percorreu os bastidores, os cantos esquecidos, os moldes adormecidos. E ali, no breu literal e simbólico, encontrou imagens que não clamam por luz, mas por olhar. A exposição é um convite à contemplação do invisível, à escuta do silêncio, à dança das sombras. 

Cada fotografia é um fragmento de tempo suspenso, uma arqueologia da ausência. O visitante, ao adentrar a galeria, não apenas vê, ele é visto pelas paredes, pelos objetos, pelas moldagens que guardam ecos de séculos. É como se o museu, ainda em reforma, respirasse por essas imagens, dizendo: “Estou aqui, ainda sou”.

De segunda a sexta-feira, das 13h às 17h, com última entrada às 16h30min, o público pode acessar gratuitamente essa experiência. A entrada é por ordem de chegada, sujeita à lotação, como quem espera por um ritual, por um instante de revelação. Não há pressa, não há espetáculo. Há presença. 

A Galeria de Moldagens 2, espaço que antes servia como bastidor, agora se torna protagonista. É uma inversão poética: o que moldava, agora é moldado pelo olhar do público. E ali, entre gessos e sombras, o visitante encontra não apenas arte, mas vestígios de um país, de uma cidade, de si mesmo. 

A reabertura completa do MNBA está prevista para 2026. Até lá, “Breu” é mais que uma exposição é um fanal no escuro, uma vela acesa na câmara da memória. É o testemunho de que a arte não se cala, mesmo quando os muros se fecham. Ela se infiltra, se transforma, se revela. 

O MNBA, com sua arquitetura neoclássica e alma modernista, é mais que um edifício: é um organismo cultural. E como todo organismo, precisa de tempo para se curar, para se renovar. A exposição de Vicente de Mello é como um suspiro entre dois atos, uma pausa lírica que prepara o retorno. 

Visitar “Breu” é aceitar o convite para caminhar entre o visível e o oculto. É reconhecer que, mesmo na penumbra, há beleza. Que o museu, mesmo em silêncio, canta. E que a arte, como a vida, resiste, moldada pelo tempo, pela luz, pelo olhar.

Se você passar pela Cinelândia, permita-se esse encontro. Entre no breu. E descubra que, às vezes, é no escuro que enxergamos melhor. 

@ Alberto Araújo 








quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A FILOSOFIA EM CAMADAS - A SELEÇÃO COMENTADA DE MATEUS SALVADORI - TEXTO DE ALBERTO ARAÚJO

Em uma entrevista envolvente, o professor Mateus Salvadori compartilhou sua seleção pessoal de obras filosóficas, classificando-as segundo o grau de dificuldade e sua experiência de leitura. A lista, longe de ser apenas uma enumeração de títulos, revela um percurso intelectual que vai do existencial ao metafísico, do estoicismo à ética da alteridade.

Confissões – Santo Agostinho Salvadori inicia sua jornada com uma obra que leu pela primeira vez na Capela do Seminário: Confissões, de Santo Agostinho. Trata-se de um mergulho íntimo nas crises e na trajetória espiritual do autor. Escrita em forma de oração, a obra é considerada uma excelente porta de entrada para o pensamento agostiniano. Classificação: fácil. 

Crítica da Razão Pura – Immanuel Kant Em contraste absoluto, Salvadori aponta Crítica da Razão Pura como uma leitura “impossível”. A densidade conceitual e o estilo rigoroso de Kant tornam essa obra um verdadeiro desafio. É um marco da filosofia moderna, mas exige preparo e paciência. Classificação: impossível. 

Fédon – Platão Primeiro contato do professor com Platão, Fédon trata da imortalidade da alma e está entre os diálogos iniciais do filósofo. Apesar da profundidade do tema, a obra é acessível e envolvente, ideal para quem deseja começar a explorar o pensamento platônico. Classificação: fácil. 

Metafísica – Aristóteles Aqui, Salvadori reconhece a dificuldade do tema: a metafísica. No entanto, destaca que Aristóteles escreve com clareza e método, o que suaviza a leitura. Ainda assim, é uma obra exigente, que demanda atenção e familiaridade com conceitos abstratos. Classificação: difícil. 

Genealogia da Moral – Friedrich Nietzsche Nietzsche é conhecido por seu estilo provocador e por desafiar convenções. Em Genealogia da Moral, ele se concentra em uma única temática: a moral. Isso, segundo Salvadori, facilita a leitura, tornando-a menos dispersa que outras obras do autor. Classificação: média. 

Cartas a Lucílio – Sêneca O estoicismo ganha espaço com Sêneca, cuja obra é composta por cartas repletas de ensinamentos práticos e diretos. Salvadori considera Cartas a Lucílio uma leitura fácil e extremamente proveitosa, especialmente para quem busca filosofia aplicada à vida cotidiana. Classificação: fácil. 

Totalidade e Infinito – Emmanuel Levinas Encerrando a seleção, Salvadori apresenta Totalidade e Infinito, tratado fundamental sobre a ética da alteridade. Levinas propõe uma ética centrada no outro, rompendo com tradições filosóficas anteriores. A complexidade do pensamento e da linguagem tornam essa obra desafiadora. Classificação: difícil. 

© Alberto Araújo 




 

CELEBRAÇÃO LITERÁRIA E AFETIVA NA ADABL - PRESIDENTE ZÉLIA FERNANDES, UM ENCONTRO MEMORÁVEL EM OUTUBRO

Na manhã do dia 22 de outubro, a Sala José de Alencar da Academia Brasileira de Letras foi palco de um evento que ficará marcado na memória afetiva e cultural dos presentes. A reunião mensal da ADABL — Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras reuniu associados, amigos e amantes da literatura em um ambiente de profunda inspiração, aprendizado e reconhecimento. 

Sob a liderança da incansável presidente Zélia Fernandes, cuja dedicação e sensibilidade têm elevado a ADABL a novos patamares, o encontro foi permeado por momentos de emoção e beleza. Zélia, com sua postura acolhedora e firme, conduziu o evento com maestria, reafirmando seu compromisso com a valorização da cultura brasileira e com o legado dos grandes nomes da nossa literatura. 

A manhã teve início com a associada Dra. Ana Cristina Campelo de Lemos Santos, jornalista e advogada, que presenteou o público com uma palestra vigorosa e apaixonada sobre “Vida e Obra de Monteiro Lobato”. Com uma fala potente, clara e profundamente embasada, Ana Cristina conduziu os presentes por uma viagem ao universo lobatiano, resgatando a importância de sua obra para a formação do pensamento crítico e da imaginação infantil no Brasil. Sua apresentação foi um verdadeiro tributo à literatura como ferramenta de transformação.

Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi protagonizado por Ana Maria Tourinho, vice-presidente Cultural Mundial da Rede Sem Fronteiras. Com generosidade e sensibilidade, Ana Maria ofereceu à presidente Zélia Fernandes um exemplar da Coletânea Mulheres Extraordinárias – O resgate histórico do legado, pela palavra escrita – Volume 4, organizada pela presidente da Rede Sem Fronteiras, Dyandreia Portugal e Coordenada pela própria Ana Maria, a obra celebra trajetórias femininas marcantes e inspiradoras. O gesto foi recebido com gratidão e emoção, simbolizando o reconhecimento mútuo entre mulheres que constroem pontes através da cultura e da solidariedade.

A Hora de Arte trouxe ainda a beleza dos poemas de Carlos Drummond de Andrade e a musicalidade de Cartola, celebrando os aniversariantes do mês de outubro com poesia e melodia. O café da manhã, servido com carinho, foi mais um elemento que reforçou o espírito de confraternização e afeto que permeou todo o encontro. 

A ADABL, sob a presidência de Zélia Fernandes, reafirma-se como um espaço de celebração da palavra, da memória e da amizade. Que venham muitos outros encontros como este, onde a literatura se entrelaça com a generosidade humana e a força das mulheres extraordinárias que fazem a diferença. Ao final foi servido um delicioso coquetel aos convidados. 

© Alberto Araújo

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