Naquela noite de gala da XXXV Convenção Internacional do Elos Internacional, quando os lustres do Clube Português refletiam cristais em cintilações douradas, um detalhe singelo roubou a cena e se transformou em memória. Entre tantos convidados, entre vozes que se entrelaçavam em conversas e risos, quatro cavalheiros se encontraram lado a lado, partilhando não apenas o encontro, mas também um curioso destino cromático: todos traziam ao peito a mesma gravata vermelha.
Célio de Paula, Sidney da França, Marne Serrano e Alberto Araújo, nomes que ecoam como notas de uma partitura harmônica, perceberam, quase ao mesmo tempo, a coincidência que os unia. O riso foi imediato, espontâneo, como se a própria cor tivesse tramado aquele instante. O vermelho, afinal, não é apenas um tom: é uma chama.
Essa cor, que atravessou mares e séculos e hoje se espalha pelos salões do mundo, carrega em si uma força ancestral. É o sangue que pulsa, o coração que insiste, a rosa que se oferece. No silêncio das tradições, o vermelho sempre foi chamado a representar aquilo que não se pode conter: paixão, desejo, coragem.
Naquele encontro, porém, o vermelho não era apenas símbolo. Tornava-se gesto, presença, cumplicidade. Cada gravata parecia dialogar com a outra, como se houvesse um pacto secreto entre os quatro. Não era apenas elegância: era uma declaração silenciosa de que, mesmo em meio à formalidade de um jantar de gala, a vida ainda sabe brincar com seus acasos.
E como não pensar que essa cor intensa também se reflete nos corações apaixonados? Os mesmos corações que, em noites de confidências, se revelam às suas musas inspiradoras. O vermelho é a cor da entrega, daquilo que não se mede em palavras, mas se sente no olhar. É a cor que atravessa a essência dos homens que, por trás das gravatas, carregam histórias, sonhos e amores.
O salão, testemunha discreta, parecia conspirar a favor desse instante. As taças, em silêncio, observavam tudo; esperavam o sorver do líquido, o murmúrio das conversas. Tudo se harmonizava com aquele detalhe inesperado. E, de repente, a coincidência se transformava em narrativa, em lembrança que se guardará não apenas na fotografia, mas na memória afetiva de quem viveu a cena.
Porque a vida é feita disso: de pequenos sinais que se tornam grandes quando olhados com lirismo. Quatro gravatas vermelhas, quatro cavalheiros, uma noite de gala. E, por trás de tudo, a certeza de que a cor que une também é a cor que inspira.
O vermelho, afinal, não pertence a um país nem a uma época. Ele pertence ao coração humano. É universal, eterno, indomável. É a cor que se acende quando o amor se declara, quando a coragem se ergue, quando a vida pede intensidade.
E assim, naquela noite, entre homenagens e celebrações, entre memórias e souvenires, o vermelho se fez protagonista. Não pela ostentação, mas pela poesia. Não pela coincidência, mas pelo significado.
A fotografia feita pela companheira elista Lillian Santos, guardada como testemunho, não mostra apenas quatro homens de gravata vermelha. Ela guarda o instante em que o acaso se fez arte, em que a cor se tornou elo, em que o riso partilhado transformou-se em metáfora da vida: inesperada, vibrante, apaixonada.
Porque, no fim, o vermelho não é apenas cor. É linguagem. É música. É coração. Mostra a chama que os uniu e a lembrança de que, mesmo nos eventos mais solenes, a vida sempre encontra um jeito de sorrir.
E, naquela noite, quatro gravatas foram suficientes para lembrar a todos que, por trás da solenidade dos eventos, pulsa sempre a chama indomável do coração humano.
© Alberto Araújo
10 de outubro de 2025
Durante o jantar da XXXV Convenção Internacional – Elos Internacional Matilde Carone Slaibi Conti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário