No dia 17 de outubro de 2025, celebramos os 178 anos de nascimento de uma mulher que não apenas compôs melodias, mas escreveu capítulos fundamentais da história cultural brasileira: Chiquinha Gonzaga. Mais do que uma musicista, ela foi um símbolo de resistência, liberdade e inovação, uma artista que transformou o som em instrumento de luta e beleza.
Nascida em um Brasil escravocrata e patriarcal, Francisca Edwiges Neves Gonzaga ousou desafiar o destino traçado para as mulheres de sua época. Educada para ser esposa e mãe, ela preferiu ser compositora e maestrina. Aos 11 anos, já encantava com suas primeiras composições. Aos 16, enfrentou um casamento forçado. Aos 18, rompeu com tudo, marido, convenções e o silêncio.
Chiquinha não apenas tocava piano: ela regia orquestras, escrevia operetas, criava choros e marchinhas, e fazia da música um palco de revolução. Sua obra mais célebre, “Ó Abre Alas”, não foi apenas a primeira marcha carnavalesca – foi um grito de liberdade que ecoa até hoje nos blocos e corações.
Com mais de 2.000 composições, ela foi pioneira do teatro musical brasileiro, levando à cena personagens populares, ritmos marginalizados e temas ousados. Sua opereta Forrobodó escandalizou os moralistas e encantou o povo, com mais de 1.500 apresentações.
Chiquinha não se calava. Lutou pela abolição da escravatura, pelos direitos autorais dos artistas, pela inclusão dos ritmos afro-brasileiros na música nacional. Fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e enfrentou o preconceito com a coragem de quem sabia que sua arte era maior que qualquer censura.
Aos 87 anos, ainda compunha. Sua última obra, Maria, é um testamento de sua vitalidade criativa. Hoje, seu legado pulsa em cada acorde do samba, em cada nota da MPB, em cada mulher que ousa ocupar o palco. Seu nome batiza ruas, escolas, e sua história já foi contada em livros, peças e na televisão, como na minissérie Chiquinha Gonzaga, que emocionou o Brasil.
Chiquinha Gonzaga não foi apenas a primeira maestrina do Brasil. Foi a primeira a reger o próprio destino. Sua vida é uma partitura de coragem, escrita com notas de liberdade, paixão e genialidade.
Neste dia especial, o Focus Portal Cultural, sob a curadoria de Alberto Araújo, reverencia essa mulher que fez da música um ato de resistência e da arte, um caminho para a liberdade.
@ Alberto Araújo
Focus Portal Cultural


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