Não
tem quem tire as minhas asas.
Elas
nasceram comigo,
cresceram
com o tempo,
e
aprenderam a cortar o vento.
Gosto
de voar alto.
Não
por vaidade,
mas
porque lá de cima
o
mundo se revela inteiro,
sem
cercas, sem muros, sem limites.
Gosto
do céu,
do
azul que não se acaba,
do
sol que arde e acaricia,
da
chuva que canta no telhado,
dos
pássaros que me acompanham
como
se soubessem
que
somos da mesma matéria.
Sou
livre.
Não
por escolha,
mas
por natureza.
A
liberdade me habita
como
o vento habita as dunas,
como
o rio que não aceita prisão.
Carrego
no peito a alma nordestina.
Feita
de barro, de suor,
de
riso fácil e resistência antiga.
Sou
o som da sanfona
numa
noite de festa,
sou
o silêncio do sertão
quando
a lua se deita.
Não
me cabem gaiolas,
nem
promessas de chão firme.
Prefiro
o risco do voo à segurança do ninho.
Prefiro
o horizonte à parede.
Sou
feito de estrada, de poeira,
de
lembranças que dançam com o vento.
E
mesmo quando pouso,
meu
espírito continua no ar.
Porque
viver, para mim,
é
não esquecer que tenho asas.
E
que o céu, com sol ou com chuva,
é
sempre o meu lugar.
©
Alberto Araújo

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