sábado, 18 de outubro de 2025

A BELEZA QUE NOS SALVA TODOS OS DIAS - INSPIRADA NA FRASE DE JOHANN WOLFGANG VON GOETHE - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

 

“Uma lembrança poderosa de que a beleza está nas pequenas experiências do dia a dia. Música, poesia e arte são como alimento para a alma, que nunca nos falte tempo para o que nos eleva.” 

Há uma sabedoria silenciosa na frase de Goethe que parece atravessar o tempo e pousar suavemente no nosso dia a dia: “Todo homem deveria ouvir um pouco de boa música, ler um pouco de boa poesia e ver um belo quadro todos os dias de sua vida, para que as preocupações da vida cotidiana não apaguem a capacidade de perceber a beleza que Deus colocou na alma humana.” 

É como se ele nos desse um mapa para não nos perdermos de nós mesmos. Um lembrete gentil de que, mesmo quando tudo parece urgente, há algo mais profundo que precisa ser cuidado: a nossa sensibilidade, a nossa capacidade de se encantar, de se emocionar, de se elevar. 

Vivemos tempos em que a pressa virou rotina, e o silêncio parece um luxo. As notificações nos chamam mais do que os pássaros, e os compromissos ocupam o espaço que antes era do pôr do sol. Mas a beleza, essa que Goethe fala, ainda está lá. Discreta, mas presente. À espera de um olhar menos apressado. 

A boa música, por exemplo, não precisa ser uma sinfonia complexa. Pode ser aquela canção que toca no rádio e faz a gente cantar sem perceber. Pode ser o som do violão do vizinho, ou até o silêncio entre duas notas. A música tem esse poder de nos reconectar com o que sentimos, com o que somos, com o que esquecemos.

A poesia, então, é como um espelho que não mostra o rosto, mas revela a alma. Um verso bem escrito pode fazer mais por nós do que uma palestra motivacional. Pode nos lembrar de que somos feitos de dúvidas, de sonhos, de saudades. E que tudo isso é bonito, mesmo quando dói. 

E o belo quadro? Não precisa estar numa galeria famosa. Pode ser o céu pintado de laranja no fim da tarde, a xícara de café sobre a mesa, o sorriso de alguém que amamos. A arte está em todo lugar, basta que a gente esteja disposto a vê-la. 

Goethe não nos propõe uma fuga da realidade. Pelo contrário: ele nos convida a enfrentá-la com mais leveza, com mais humanidade. Porque quem se alimenta de beleza todos os dias não endurece. Não se torna indiferente. Não perde a capacidade de se comover.

Talvez seja isso que nos salva. Não os grandes feitos, nem os planos mirabolantes. Mas os pequenos gestos de cuidado com a alma. O tempo que tiramos para ouvir uma música, ler um poema, contemplar uma imagem. É nesse espaço que a vida se torna mais viva. Mais nossa. 

Então, que tal aceitar o convite de Goethe? Que tal começar o dia com uma melodia, atravessá-lo com um verso e encerrá-lo com uma imagem que nos inspire? Não é preciso muito. Só vontade de não deixar que a correria apague o que há de mais bonito em nós. 

Porque, no fim das contas, a beleza não é um luxo. É uma necessidade. E talvez seja ela, silenciosa, discreta, persistente, que nos mantenha humanos. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural




Nenhum comentário:

Postar um comentário