26 DE OUTUBRO – DIA DO MINEIRO - SER MINEIRO - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

TEM ALGUM MINEIRO DA GEMA AÍ?

Essa homenagem é para você. Se tiver, pode chegar mais perto. Essa homenagem é para você, que carrega no jeito de viver a alma das montanhas, o cheiro do café coado e o silêncio que fala. 

26 DE OUTUBRO – DIA DO MINEIRO

SER MINEIRO

Crônica de Alberto Araújo 

Ser mineiro não é apenas nascer em Minas. É carregar no peito uma geografia afetiva que vai além das montanhas. É ter alma de bruma, coração de pedra sabão e passos que respeitam o tempo. Ser mineiro é viver com delicadeza, mesmo quando a vida exige força. 

É regar as rosas que a avó semeou no jardim, sem pressa, com o mesmo cuidado com que se prepara o café coado. É saber que o perfume das flores e o aroma do café têm o poder de curar silêncios. Ser mineiro é cultivar memórias como quem cultiva hortelã no quintal, com paciência, com fé. 

É receber os visitantes com um sorriso sincero, abrir a porta e oferecer pão de queijo ainda quente, sem perguntar se querem. Porque em Minas, gentileza não é protocolo, é natureza. Ser mineiro é carregar as malas do outro, mesmo quando as suas estão pesadas. É ouvir histórias antes de contar as próprias. É saber que o tempo da escuta é tão valioso quanto o da fala.

Ser mineiro é desconfiar do óbvio, acreditar no que é sentido. É não se impressionar com fumaça, mas esperar pelo fogo. É não andar no molhado, não pisar no escuro, não esticar conversa com quem não olha nos olhos. É saber que sabedoria não se grita, se vive. 

É andar pelas ruas de pedra como quem caminha sobre lembranças. É ver a Maria Fumaça cruzando a paisagem e sentir que o tempo tem trilhos, mas também desvios. Ser mineiro é saber que o trem pode atrasar, mas sempre chega. E que o destino importa menos que a viagem. 

É ter fé sem espetáculo. É rezar com os olhos fechados e o coração aberto. É acreditar que Deus está no comando de tudo, mesmo quando o mundo parece fora dos trilhos. Ser mineiro é confiar na providência, mas também guardar lenha seca para os dias de chuva.

É gostar de política, mas amar a liberdade. É discutir ideias com respeito, cultivar as letras, proteger as artes. Ser mineiro é ser poeta sem precisar escrever. É fazer da vida um poema vivido, entre o nascer do sol e o brilhar da lua. 

É ter coragem sem alarde, bravura sem violência, elegância sem ostentação. É saber que a força mora na modéstia, e que a grandeza se revela nos gestos pequenos. Ser mineiro é ser gente, daquelas que não se esquecem, mesmo quando se calam. 

É viver entre montanhas e horizontes. É ter vida interior, mesmo quando o mundo exige exterior. É saber que o silêncio também fala, e que o tempo tem seu próprio compasso. 

Ser mineiro é ser raiz e estrada. É ser casa e caminho. É ser história e presente. É ser tudo isso sem precisar dizer. Porque ser mineiro é exatamente isso: não precisar explicar para que todos entendam. 

© Alberto Araújo 

Pátria Minas

Marcus Viana e Paula Fernandes

MENSAGENS

A mineira Regina Mirian Alves Dos Santos Pinto do Facebook disse: Que encanto Alberto Araújo! De verdade! Amo ter nascido em Minas Gerais! Juiz de Fora, minha Terra Natal. Sempre ali! Infância querida, que os anos não trazem mais! Ali, cresci! Estudei! Formei-me! Trabalhei, durante 50 anos, educando, formando crianças e jovens. Magistério?? - Minha vida! Realização! Senti-me , homenageada!! “Geografia afetiva que vai além das montanhas” Tudo o que você escreveu, realmente, faz parte do que sou e, do meu VIVER!!

Gratidão, amigo!! Regina.

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Lucia Boonstra membro da Rede Sem Fronteiras disse: "Caro Alberto Araújo, sinto-me honrada em ser uma mineira da Cidadezinha de Campos Altos, triângulo mineiro. Que maestria a sua ao captar a alma mineira: hospitalidade na escuta, no acolhimento de emoções, no prazer em oferecer o melhor quarto da casa e a mesa farta. Ser mineiro é fazer em silêncio, porque não necessitamos de ostentação. Queremos ser apenas irmãos. Um abraço e parabéns!" Lucia.

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A presidente Matilde Slaibi Conti disse:

Tem sim, mineiro da gema.  Mineiro de Minas Gerais, com suas montanhas e ruas com aclives e inúmeros declives.  

No enevoamento que se faz, vejo a minha antiga rua, depois o meu querido sobrado e, vindo do casarão, pareço ouvir vozes,   muitas vozes, ouço risadas e um “frou-frou” da antiga movimentação.  

Lá estão para sempre,  na minha memória, minha mãe e meu pai, raízes da minha fé em Deus,  

no meu país e na humanidade.  Vejo imagens de um outro tempo e recordo das casas com janelões e persianas de largas madeiras, e, nas telhas, calhaus, ervas daninhas crescendo com rouxinóis chilreando.  

Na tardinha que se adentra,  vejo também as antigas salas de visitas,   com pé-direito alto, teto de madeiras trabalhadas, orneadas, como se renda de bilro fossem, detalhes estes  que hoje parece que não mais sabem fazer.  Foi lá em Minas que nasci, cresci e aprendi a falar mineiro, vendo o esplendor de seus montes e ouvindo a música gregoriana  a se espraiar por suas encantadas montanhas azuladas.  Um leque de memórias, sonhos libertários, viciada em utopias como um Dom Quixote de saias, a imaginar o inimaginável.  

Não se é mineiro impunemente,  

nem se recupera nunca de ter sido. Obrigada. Matilde.

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Riva Costa disse: Mineiro, gente boa ….

Minha mãe e meu marido eram tb de Minas Gerais.

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Gilda Uzeda disse: Crônica bonita e cheia de imagens que tocam, especialmente, o coração dos mineiros. Não sou mineira mas também me tocaram e concordo que as serras, os interiores e valores de Minas Gerais têm muito a nos dizer!!!  Sou apreciadora das tradições, de muitos bons músicos lá nascidos, da arte __ destaco aqui a pintura de Inimá de Paula e através dela curto casarios, cores e paisagens - os morros azuis de Inimá são maravilhosos! Enfim, Alberto, sua crônica é viva e trouxe ricos aspectos da vida à moda mineira.

Valeu! Abraço🌸 Gilda.

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Márcia Pessanha disse: Respondendo à pergunta de Alberto Araújo " Tem mineiro da gema aí gente?

Parabenizo em nome de Matilde todos os mineiros do grupo. " Uai," mineiro é gente boa. E é muito bom ser amiga dos mineiros do grupo

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