POESIA CANTO DE AMOR
- CASIMIRO DE ABREU – RIO DE JANEIRO 1858. POESIA DECLAMADA PELO PERSONAGEM
PROF. EDMUNDO, VIVIDO PELO ATOR ANGELO ANTÔNIO NA NOVELA "O CRAVO E A
ROSA" DE WALCIR CARRASCO E MÁRIO TEIXEIRA, REDE GLOBO, 2000.
CANTO DE AMOR -
CASIMIRO DE ABREU
I
Eu vi-a e minha alma
antes de vê-la
Sonhara-a linda como
agora a vi;
Nos puros olhos e na
face bela,
Dos meus sonhos a
virgem conheci.
Era a mesma
expressão, o mesmo rosto,
Os mesmos olhos só
nadando em luz,
E uns doces longes,
como dum desgosto.
Toldando a fronte que
de amor seduz!
E seu talhe era o
mesmo, esbelto, airoso
Como a palmeira que
se ergue ao ar,
Como a tulipa ao
pôr-do-sol saudoso,
Mole vergando à
viração do mar.
Era a mesma visão que
eu dantes via,
Quando a minha alma
transbordava em fé;
E nesta eu creio como
na outra eu cria,
Porque é a mesma
visão, bem sei que é!
No silêncio da noite
a virgem vinha
Soltas as tranças
junto a mim dormir;
E era bela, meu Deus,
assim sozinha
No seu sono d'infante
inda a sorrir!...
II
Vi-a e não vi-a! Foi
num só segundo,
Tal como a brisa ao
perpassar na flor,
Mas nesse instante
resumi um mundo
De sonhos de ouro e
de encantado amor.
O seu olhar não me
cobriu d'afago,
E minha imagem nem
sequer guardou,
Qual se reflete sobre
a flor dum lago
A branca nuvem que no
céu passou.
A sua vista
espairecendo vaga,
Quase indolente, não
me viu, ai, não!
Mas eu que sinto tão
profunda a chaga
Ainda a vejo como a
vi então.
Que rosto d'anjo,
qual estátua antiga
No altar erguida, já
cabido o véu!
Que olhar de fogo,
que a paixão instiga?
Que níveo colo
prometendo um céu.
Vi-a e amei-a, que a
minha alma ardente
Em longos sonhos a
sonhara assim;
O ideal sublime, que
eu criei na mente,
Que em vão buscava e
que encontrei por fim!
III
P'ra ti, formosa, o
meu sonhar de louco
E o dom fatal, que
desde o berço é meu;
Mas se os cantos da
lira achares pouco,
Pede-me a vida,
porque tudo é teu.
Se queres culto -
como um crente adoro,
Se preito queres - eu
te caio aos pés,
Se rires - rio, se
chorares - choro,
E bebo o pranto que
banhar-te a tez.
Dá-me em teus lábios
um sorrir fagueiro,
E desses olhos um
volver, um só;
E verás que meu
estro, hoje rasteiro,
Cantando amores
s'erguerá do pó!
Vem reclinar-te, como
a flor pendida,
Sobre este peito cuja
voz calei:
Pede-me um beijo... e
tu terás, querida,
Toda a paixão que
para ti guardei.
Do morto peito vem
turbar a calma,
Virgem, terás o que
ninguém te dá;
Em delírios d'amor
dou-te a minha alma,
Na terra, a vida, a
eternidade - lá!
IV
Se tu, oh linda, em
chama igual te abrasas,
Oh! não me tardes,
não me tardes, - vem!
Da fantasia nas
douradas asas
Nós viveremos noutro
mundo - além!
De belos sonhos nosso
amor povôo,
Vida bebendo nos
olhares teus;
E como a garça que
levanta o vôo,
Minha alma em hinos
falará com Deus!
Juntas, unidas num
estreito abraço,
As nossas almas uma
só serão;
E a fronte enferma
sobre o teu regaço
Criará poemas
d'imortal paixão!
Oh! vem, formosa, meu
amor é santo,
É grande e belo como
é grande o mar,
E doce e triste como
d'harpa um canto
Na corda extrema que
já vai quebrar!
Oh! vem depressa,
minha vida foge...
Sou como o lírio que
já murcho cai!
Ampara o lírio que
inda é tempo hoje!
Orvalha o lírio que
morrendo vai!...
Rio - 1858.
SOBRE CASIMIRO DE
ABREU
Casimiro José Marques
de Abreu, nasceu na Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 4 de
janeiro de 1839. Com apenas 13 anos, enviado pelo pai, vai para a cidade do Rio
de Janeiro, trabalhar no comércio.
Em novembro de 1853
viaja para Portugal, com o intuito de completar a prática comercial e nesse
período inicia sua carreira literária. No dia 18 de janeiro de 1856 sua peça
Camões e o Jaú é encenada em Lisboa.
Casimiro de Abreu
volta ao Brasil em julho de 1857 e continua trabalhando no comércio. Conhece
vários intelectuais e faz amizade com Machado de Assis, ambos com 18 anos de
idade. Em 1859 publica seu único livro de poemas “As Primaveras”.
No início de 1860,
Casimiro de Abreu fica noivo de Joaquina Alvarenga Silva Peixoto. Com vida
boêmia, contrai tuberculose.
Vai para Nova
Friburgo tentar a cura da doença, mas no dia 18 de outubro de 1860, não resiste
e morre, aos 21 anos de idade.
Principais Obras
Casimiro morreu muito
jovem e, portanto, publicou somente uma obra de poesias intitulada As Primaveras
(1859). De seus poemas destacam-se:
Meus oito anos
Saudades
Minh'alma é triste
Amor e Medo
Desejo
Dores
Berço e Túmulo
Infância
A Valsa
Perdão
Poesia e Amor
Segredos
Última Folha
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SOBRE ATOR ANGELO
ANTONIO
Ângelo Antônio
Carneiro Lopes nasceu em Curvelo, 4 de junho de 1964 é um ator brasileiro. Sua
carreira teve início em 1986 no teatro, com a peça Aurora da Minha Vida. Na
televisão, seu primeiro trabalho foi na telenovela Pantanal em 1990, trabalho
pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Revelação Masculina da Associação Paulista
dos Críticos de Arte.
Seus personagens mais
famosos são: Guilherme "Beija Flor" em O Dono do Mundo, Adelmo em
Suave Veneno, Professor Edmundo em O Cravo e a Rosa, e Dr. Eduardo em Alma
Gêmea.[2] No cinema, viveu o personagem título em Chico Xavier, e Francisco em
2 Filhos de Francisco, trabalho que lhe rendeu os prêmios de Melhor Ator da
Academia Brasileira de Cinema e da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
SOBRE A NOVELA
"O CRAVO E A ROSA"
O Cravo e a Rosa é
uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida no horário das 18
horas de 26 de junho de 2000 a 9 de março de 2001, em 221 capítulos,
substituindo Esplendor e sendo substituída por Estrela-Guia. Foi a 57ª
"novela das seis" exibida pela emissora.
Escrita por Walcyr
Carrasco e Mário Teixeira, com colaboração de Duca Rachid, teve direção de
Amora Mautner, Ivan Zettel e Vicente Barcellos. A direção geral foi de Walter
Avancini e Mário Márcio Bandarra, com direção de núcleo de Dennis Carvalho. É
uma livre adaptação da obra A Megera Domada, de William Shakespeare e um remake
de O Machão, telenovela de Ivani Ribeiro exibida nos anos 70 pela Rede Tupi.
Contou com as
participações de Adriana Esteves, Eduardo Moscovis, Leandra Leal, Luís Melo,
Suely Franco, Luiz Antônio, Júlio Levy e Vanessa Gerbelli.
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