A obra introduz novas perspectivas
e cruzamentos entre a filosofia geral, a filosofia política e das religiões,
áreas que Habermas tem vindo a aprofundar nas últimas décadas. Articulando a
filosofia com a teoria social, e recusando uma perspectiva eurocêntrica
limitada, Habermas introduz a filosofia ocidental no concerto das imagens do
mundo, abarcando as origens dos monoteísmos e da filosofia grega a par de
outras cosmologias asiáticas.
Editada em dois volumes, com
tradução de JOSÉ LAMEGO, esta obra pretende contribuir para a construção da paz
universal, animada por uma nova abertura e um espírito de comunicação livre e
ilimitado.
No primeiro volume, intitulado A
Constelação Ocidental entre Fé e Saber, Habermas reflete sobre as relações
entre a razão secular e a fé religiosa, tendo em conta não apenas o quadro da
modernidade europeia e do Ocidente, mas um espectro mais alargado de
modernidades múltiplas que seguiram caminhos diversos, no plano do pensamento e
da política.
O segundo volume, intitulado Liberdade Racional. Os Rastos da Discussão sobre Fé e Saber, será também publicado em breve pela Fundação.
UM POUCO SOBRE JÜRGEN HABERMAS
Nasceu em Düsseldorf, 18 de junho
de 1929 é um filósofo e sociólogo alemão que participa da tradição da teoria
crítica e do pragmatismo, sendo membro da Escola de Frankfurt. Dedicou sua vida
ao estudo da democracia, especialmente por meio de suas teorias do agir
comunicativo (ou teoria da ação comunicativa), da política deliberativa e da
esfera pública. Ele é conhecido por suas teorias sobre a racionalidade comunicativa
e a esfera pública, sendo considerado um dos mais importantes intelectuais
contemporâneos.
Associado à Escola de Frankfurt,
tendo sido assistente de Theodor Adorno, coopera com este na crítica ao
positivismo lógico, especialmente à influência deste na sociologia. Desenvolve
sua teoria dos interesses cognitivos, em sintonia com o pensamento de Herbert
Marcuse, especialmente em relação ao interesse emancipatório. Desde o início,
sua obra transita ao redor da categoria da interação.
O trabalho de Habermas trata dos
fundamentos da teoria social e da epistemologia, da análise da democracia nas sociedades
sob o capitalismo avançado, do Estado de direito em um contexto de evolução
social (no qual a racionalização do mundo da vida ocorre mediante uma
progressiva libertação do potencial de racionalidade contido na ação
comunicativa, de modo que a ação orientada para o entendimento mútuo ganha cada
vez mais independência dos contextos normativos) e da política contemporânea,
particularmente na Alemanha.
Em seu sistema teórico, nomeadamente quando desenvolve o conceito de democracia deliberativa, indica as possibilidades da razão, da emancipação e da comunicação racional-crítica, latentes nas instituições modernas e na capacidade humana de deliberar e agir em função de interesses racionais. Habermas é, também, conhecido por seu trabalho sobre a modernidade e particularmente sobre a racionalização, nos termos originalmente propostos por Max Weber. O pensamento de Habermas também tem sido influenciado pelo pragmatismo americano, pela teoria da ação e mesmo pelo pós-estruturalismo. Seus trabalhos têm sido estudados, debatidos e aplicados em vários campos do conhecimento, desde as Ciências da Comunicação ao Jornalismo, da Sociologia à Ciência Política, da Filosofia da Linguagem ao Direito, com enormes contribuições no que tange especialmente ao giro no sentido da concepção de democracia deliberativa.
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