Ao examinar cada seção, Dom Pedro II falava como conhecedor, e pedia, ao mesmo tempo, novas informações sobre outros mestres russos que visitara antes na Europa. Afeiçoado à leitura, durante as explicações fornecidas, o Imperador descobria quase sempre, discordâncias, enganos e lacunas.
Assim, compreende-se a forte admiração despertada, entre os professores russos, ao emitir opiniões próprias, pedindo novos esclarecimentos sobre casos controversos. Segundo o escritor Argeu Guimarães, "sua maneira delicada, afável e comunicativa, impressionou os docentes da Universidade de São Petersburgo, os quais, após a partida do monarca, se reuniram para proclamá-lo membro de honra dessa instituição, um título de doutor honoris causa, e oferecer-lhe várias obras, tais como a História da Universidade de São Petersburgo de Grivoriev, a Enciclopédia Russa do professor Berezine, uma História Natural e outras publicações acadêmicas".
Um dos momentos marcantes da viagem de Dom Pedro II foi avistar as vastas planícies do império dos czares. As velhas cidades de cúpulas douradas, os campos cobertos de trigo, a variedade de raças e de costumes, o interior faustoso das igrejas ortodoxas com a sua liturgia imponente, tudo foi pretexto para exclamações, para frases de admiração, para fortes e imorredouras emoções.
São Peterburgo, Moscou, Kourah, Kiev ... Depois a marcha para o sul: Odessa, Sebastopol, Livadia. Em Odessa, que era, por assim dizer, um grande armazem de trigo, os viajantes foram ver as montanhas de grãos acumulados. "Sua Majestade, conta Gobineau, quis subir até o cimo em passos contados, e enterrava a perna até o joelho sem conseguir avançar. Tive então a honra de inventar subir correndo; caí por duas vezes, mas consegui afinal chegar ao alto!"
Em Livadia, naquelas margens floridas do mar Negro, Dom Pedro II encontrou-se com o Imperador da Rússia, Alexandre II, Monarca de espírito justo e de larga inteligência, que desde 1855 tivera a coragem de abolir a escravatura em seus Estados, destruindo, assim, um dos mais enraizados privilégios das classes nobres do Império. O Brasil apesar de menor em território, teve seu processo de Abolição mais lento, 33 anos depois dos Russos. Os dois Monarcas que mudaram os destinos de suas nações não escapariam, apesar disso, do destino cruel, Alexandre II foi assassinado em um atentado em 1881, e Dom Pedro II morreu na penúria após ser exilado do próprio pais em 1891.
Fonte: Dom Pedro II o Fastígio de Heitor Lyra./Dom Pedro II e a cultura, Arquivo Nacional.
D. Pedro II em São Petersburgo
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