sábado, 15 de janeiro de 2022

LOURDES CASTRO - ARTISTA PLÁSTICA PORTUGUESA – HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL ARTISTA PREMIADA QUE FALECEU AOS 91 ANOS EM FUNCHAL - PORTUGAL A SUA TERRA NATAL



 

Lourdes Castro, artista plástica madeirense, conhecida no panorama nacional como uma personalidade admirável na arte portuguesa contemporânea. A artista madeirense foi galardoada com a Medalha de Mérito da Cultura em 2020 pelo "contributo incontestável" para a cultura portuguesa. Nascida em 1930 no Funchal, ilha da Madeira, Lourdes Castro estudou pintura na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, e viveu na Alemanha e em França, onde foi uma das fundadoras da revista "KWY", um título composto por três letras que não existiam, na época, no alfabeto português.

 

A artista faleceu em 08 de janeiro de 2022, aos 91 anos, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, onde se encontrava internada. Funchal – Portugal é a sua cidade natal. Disse a agência Lusa fonte próxima da família. Ao público não foi divulgado a “causa mortis”.

 

UM POUCO SOBRE LOURDES CASTRO

 

Maria de Lourdes Bettencourt de Castro nasceu em Funchal, no dia 9 de dezembro de 1930 e faleceu em Funchal, 8 de janeiro de 2022 foi uma premiada artista plástica portuguesa.

 

Nascida no Funchal, na Ilha da Madeira, a sua avó, Laura Estela Magna, foi a primeira aluna do Liceu do Funchal. Lourdes estudou na Escola Alemã do Funchal até esta ter encerrado devido à II Guerra Mundial. Após o liceu ficou na Madeira três anos a trabalhar num jardim de infância.

 

Frequenta o curso de Pintura (Curso Superior de Belas Artes) da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, curso que não viria a terminar por via da sua "expulsão" em 1956, "pela não conformidade com o cânone acadêmico que dominava o sistema de ensino de então".

 

Expõe individualmente pela primeira vez em 1955, no Clube Funchalense, Funchal, participando também em algumas exposições coletivas em Lisboa.

 

Parte para Munique em 1957 e, pouco depois, instala-se em Paris com o marido, René Bertholo. No ano seguinte funda, juntamente com René Bertholo, Costa Pinheiro, João Vieira, José Escada, Gonçalo Duarte, Jan Voss e Christo, o grupo KWY, participando nas diversas iniciativas do grupo. Em 1960 integra a mostra do KWY na SNBA, exposição que, segundo Rui Mário Gonçalves, marca o início da década de 1960 no panorama artístico português. Em 1972 e 1979 foi artista residente na DAAD (Deutscher Akademischer Austauschdienst), em Berlim. Depois de residir 25 anos em Paris, em 1983 regressou ao Funchal.

 

Últimas grandes exposições individuais de Lourdes Castro: Sombras à volta de um Centro, Fundação Serralves, Porto, 2003; O Grande Herbário de Sombras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2002. Em 2000, representou Portugal na XVIII Bienal de S. Paulo, juntamente com Francisco Tropa.

 

OBRA

 

A sua obra dos primeiros anos parisienses caracteriza-se por uma forma de abstração "de raiz informalista". Esse registro "alterou-se completamente a partir de 1961. Nessa data abandonou, aliás, os suportes tradicionais da pintura. Sensível à coeva afirmação do Nouveau realismo, apostou, num primeiro momento, na criação de objetos construídos, a partir da Assemblage: a arte de reunir objetos diversos para contar histórias de bens de consumo de uso corrente", que aglomera em caixas, cobrindo-os depois com "uma camada uniforme de cor (prateados, dourados, azuis…) como se pudessem ser esculturas de matéria nobre e de uma só peça"; em cada trabalho ela "confronta o empobrecimento da forma e dos valores das coisas na sociedade contemporânea com a hipótese de uma alternativa poética. São estas obras tridimensionais que preparam a desmaterialização concretizada nas suas sombras projetadas".

 

O conceito de sombra irá tornar-se central em praticamente toda a sua produção posterior; "sombras recortadas ou projetadas, teatros de sombras, sombras bordadas sobre lençóis fugazes, vários foram os modos e registros de que a artista se socorreu para relacionar essa percepção do imaterial com a necessária materialidade do espaço plástico".

 

Partindo de experiências ao nível da impressão serigráfica, começa a fixar silhuetas de amigos projetadas em tela. A partir de 1964 utiliza o plexiglas recortado, transparente ou colorido, em placas sobrepostas, de modo a dotar as sombras evocadas de sombras próprias, como acontece, por exemplo, em Sombra Projectada de René Bertholo, 1965.

 

Em 1965 realiza um filme experimental com sombras e a partir do ano seguinte as silhuetas em movimento tornam-se cerne dos seus projetos de encenação, mais propriamente no teatro de sombras. Estas ações, inspiradas na tradição chinesa e nos happenings, tornaram-se mais frequentes após uma estada em Berlim, entre 1972 e 1973. A colaboração de Manuel Zimbro efetivou-se nos anos imediatos, sendo os espetáculos As cinco Estações (1976) e Linha do Horizonte (1981) concebido a duas mãos.

 

Entre 1956 até ao presente a artista desenvolve como forma de expressão e de exploração diversos livros de artista, Lourdes Castro. Todos os livros foram apresentados na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian em 2015.

 

Depois de ter tirado as sombras da sombra, de lhes ter dado cor e transparência, uma vida independente, a artista inscreve-as em lençóis, através de bordado manual: A surpresa do desenho de gente deitada, sombras projetadas na horizontal e não na vertical, tornou-se cada vez mais importante; os contornos de silhuetas presentificam corpos ausentes registrados, afinal, como memória. A investigação de Lourdes Castro sobre a sombra sempre se cruzou, de resto, com a reflexão sobre o tempo e a memória. Veja-se o seu Álbum de Família aonde vem compilando imagens, pensamentos, excertos, relativos à sombra, a acumulação de pétalas de gerânio da sua Montanha de Flores, iniciada em 1988, ou ainda a Peça, que concebeu com Francisco Tropa para a Bienal de S. Paulo de 2000, onde um imenso pano branco "pousava sobre uma longa mesa fortemente iluminada de modo a sublinhar os vincos das dobras dessa cobertura".

 

FOI GALARDOADA COM OS SEGUINTES PRÊMIOS:

 

Medalha do Concelho Regional Salon de Montrouge, Paris, 1995. Grande Prêmio EDP )Lisboa, 2000

Prêmio CELPA/Vieira da Silva - Artes Plásticas Consagração, 2004;

Prêmio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes em 2015, atribuído pela Igreja Católica.

Distinguida com o Prêmio Artes Visuais em 2010 pela Associação Internacional de Críticos de Arte

 

Em 9 de dezembro de 2020, no dia do seu nonagésimo aniversário, foi anunciada a sua condecoração com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura português. A cerimônia de entrega pelas mãos da ministra da cultura Graça Fonseca aconteceu a 26 de abril de 2021.

 

Em 8 de junho de 2021, foi agraciada com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

 

É representada em várias coleções: públicas e privadas, entre as quais: Victoria e Albert Museum (Londres); Museu de Arte Moderna (Havana); Museu de Arte Contemporânea (Belgrado); Museu Nacional de Varsóvia, Museu Nacional de Breslávia (Vroclaw) e Lódz; Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa); Fundação de Serralves (Porto).










 

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lourdes_Castro

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