Renata Tebaldi nasceu em Pesaro, 1 de fevereiro de 1922e faleceu em São Marinho, 19 de dezembro de 2004 foi uma soprano lírico spinto italiana, considerada uma das grandes da ópera italiana e uma das melhores sopranos de todos os tempos.
Tebaldi nasceu como Renata
Ersilia Clotilde Tebaldi em 1º de fevereiro de 1922, em Pesaro. Ela era a filha
de um violoncelista, Teobaldo Tebaldi, e Giuseppina Barbieri, uma enfermeira.
Tebaldi sofreu de poliomielite, mas conseguiu curar-se completamente. Ela foi
criada, durante a maior parte do tempo, em Langhirano, próximo a Parma, pela
sua mãe, já que o seu pai não era exactamente um esposo exemplar e um pai
admirável. Ainda muito cedo, interessou-se pelo canto, e precisou mentir sua
idade, ainda aos dezesseis anos, para entrar no Conservatório Arrigo Boito, que
só permitia alunas acima dos dezoito anos. Em 1940, Tebaldi voltou a Pesaro
para estudar com a renomada soprano da Escola Verista Carmen Melis.
Em 1944, Tebaldi debutou em
Rovigo como Elena, em Mefistofele, de Arrigo Boito. Em 1945, ela debutou em
dois dos seus maiores papéis: Mimì, de La Bohème, e Desdêmona, de Otello. Após
o fim da Segunda Guerra Mundial, o Teatro alla Scala foi reaberto, e ela foi
convidada por Arturo Toscanini para cantar no concerto de abertura a preghiera
(pregação) de Mosè in Egitto, de Gioacchino Rossini, e o Te Deum, de Giuseppe
Verdi. A reputação de Renata Tebaldi cresceu rapidamente, e logo ela se tornou
a maior promessa do canto na Itália. Foi nessa ocasião que surgiu o famoso
apelido La Voce d'Angelo (a voz de anjo), pelo qual Tebaldi se tornou conhecida
até hoje.
Após esse debute no La
Scala, Tebaldi passou a cantar Mimì, Desdêmona, Maddalena (de Andrea Chénier),
Aida, Tosca e Violetta (de La Traviata), além de alguns papéis wagnerianos (em
italiano): Elsa, de Lohengrin, Eva, de Os Mestres Cantores de Nuremberg e
Elisabeth, de Tannhäuser. Entre 1951 e 1952, Tebaldi também resgastou algumas
óperas do Bel Canto, embora ela não fosse ficar muito associada a esse
repertório futuramente: O Sítio de Corinto e Guillaume Tell, ambas de Rossini;
Olimpia e Fernand Cortez, de Spontini.
Em 1950, Tebaldi viajou com
a companhia do La Scala para cantar no Festival de Edimburgo e no famoso Covent
Garden, em Londres, e impressionou as platéias com sua Desdêmona e sua
interpretação no Requiem de Giuseppe Verdi. No mesmo ano, Tebaldi teve grande
sucesso com seu debute norte-americano em San Francisco, onde cantou Desdêmona
e Aida. A partir de então, sua fama internacional alastrou-se rapidamente, e
ela se tornou uma das maiores divas da nova geração.
O apogeu da carreira de
Tebaldi se deu nos anos 1950 e 60. Nesse período, não só ela ficou famosa pelo
seu timbre único e pela sua maestria nos papéis verdianos e veristas, como
ficou conhecida pela rivalidade existente entre ela e Callas. Esta irrompeu, em
1951, durante a temporada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e continuou
por longos anos, até terminar definitivamente em 1968, quando Callas e Tebaldi
se abraçaram após uma performance da diva italiana na ópera Adriana Lecouvreur.
Durante seu período de
estrelato, Tebaldi reinou em papéis como Leonora (La Forza del Destino),
Cio-Cio-San (Madama Butterfly), Adriana Lecouvreur, Tosca, La Wally, Manon
Lescaut e Maddalena (Andrea Chénier). Em janeiro de 1955, ela fez seu debute no
Metropolitan Opera, de Nova York, como Desdêmona, e desde então se tornou uma
das mais ouvidas e amadas sopranos do teatro.
Em 1963, Renata Tebaldi
enfrentou um período de crise vocal, e parou durante um tempo para descansar e
reeducar novamente sua voz. Voltando em 1964, Tebaldi apareceu com uma voz mais
segura e de grande beleza, embora tenha adquirido um relativo peso, que antes
não existia e os seus agudos tenham adquirido uma qualidade relativamente
estridente. No entanto, continuou a cantar, com maestria total, muitos de seus
papéis anteriores. Devido às suas novas condições vocais, ela pôde adicionar ao
seu repertório o dramático papel de La Gioconda, da ópera homônima de Amilcare
Ponchielli, com o qual obteve o maior sucesso da temporada de abertura do novo
prédio do Metropolitan Opera House. Nessa nova fase da carreira, Tebaldi
praticamente abandonou a Europa e passou a apresentar-se basicamente na América
do Norte.
Renata Tebaldi fez sua
última aparição no Metropolitan Opera em 1972, como Desdêmona, ao lado do tenor
James MacCracken. Em 1973, ela saiu definitivamente dos palcos, mas continuou
cantando até o dia 23 de maio de 1976, quando se despediu do La Scala para
sempre. Após o fim da carreira, Tebaldi auxiliou vários cantores jovens, como a
norte-americana Aprile Millo, mas se recusou a trabalhar oficialmente como
professora de canto. Durante as últimas décadas de sua vida, viveu entre Milão
e San Marino e continuou a receber e a responder com carinho cartas e
telefonemas de seus fãs.
Tebaldi recebeu vários
prêmios durante sua vida e morreu em 19 de dezembro de 2004.
Características vocais
Renata Tebaldi possuía uma
belíssima voz de soprano lírico-spinto, uma das mais volumosas vozes dos
últimos tempos - generosa no registro médio, e grave e curta, mas possante, no
registro agudo. Apesar da amplidão da voz, sempre a moldava com extrema
sensibilidade e técnica. Os maiores trunfos do canto da soprano italiana
estavam no legato, na respiração e no fraseado. Com essas grandes qualidades,
Tebaldi conseguia imprimir grande expressividade às suas personagens, embora,
no palco, nem sempre fosse a mais intensa das artistas quanto aos gestos e às
expressões faciais. Sua arte era extremamente refinada e vinda diretamente das
escolas de canto mais antigas, das quais ela foi uma das últimas
representantes. Seu legado foi particularmente importante nas óperas de Giacomo
Puccini e Giuseppe Verdi.
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